Autora viu Amor de Mãe virar de cabeça para baixo com vírus: 'Parecia uma UTI'

Estreante em folhetins, Manuela Dias afirma ter passado por um sufoco que nem os seus colegas mais experientes estariam preparados para lidar. A roteirista viu Amor de Mãe ser interrompida pela pandemia do coronavírus (Covid-19) e só voltar a ser gravada depois que ela extirpou boa parte das cenas com contato físico --beijos, abraços e até mesmo os tapas de Lurdes (Regina Casé) foram suprimidos na novela das nove.

"Eu me vi num lugar pelo qual ninguém tinha passado. Pela primeira vez, uma trama foi interrompida em pleno voo. Além disso, existia a responsabilidade com a equipe de mantê-la em segurança no eventual retorno às gravações. Nosso set parecia uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de tão monitorado", diz a autora em comunicado enviado pela Globo nesta segunda (8).

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A pausa forçada à princípio duraria 15 dias, mas o elenco só retornou aos Estúdios Globo, no Rio de Janeiro, seis meses depois. A escritora, no entanto, não parou de trabalhar um dia sequer e nem pensava em abordar a crise sanitária. Ela mudou de ideia para ajudar o diretor artístico José Luiz Villamarim nos capítulos finais, gravados sob um rígido protocolo de segurança.

"Em primeiro lugar, meu medo não se canalizou para a história. Milhares de pessoas estavam morrendo de uma doença desconhecida. Isso é de uma escala tão avassaladora que não existia espaço para me preocupar com a novela. Só depois de alguns meses, já quase no final da escrita, eu comecei a pensar em como e se conseguiríamos terminar de gravar", revela.

Manuela não teve escolha a não ser levar o Sars-Cov-2 para dentro da narrativa. "Todo esforço teria sido em vão se a novela não encontrasse o seu fim. E veja a minha situação, escrever uma primeira novela como autora sempre foi um sonho. Já seria o bastante, mesmo que não fosse o horário das nove, mas era", pondera a baiana.

REPRODUÇÃO/TV GLOBO

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Ao adaptar os roteiros, uma das principais preocupações da autora era promover o encontro de Lurdes e Domênico (Chay Suede) com as novas recomendações de distanciamento social. A solução encontrada foi isolar os atores em um hotel durante uma semana para que eles pudessem, enfim, se abraçar. "O instinto materno é a força mais poderosa do ser humano", analisa.

"Nada do que tocou o público eu escrevi de pernas para o ar. E essa cena eu levei quase uma semana escrevendo. Tentar imaginar de forma realista como é esse encontro, de uma mãe com um filho depois de quase 30 anos. Eu me emocionei muito, os atores também, espero que toda essa emoção chegue condensada ao público", acrescenta a baiana.

Entre erros e acertos, Manuela ainda não consegue fazer um balanço preciso sobre o folhetim, que passará a exibir seus últimos 23 capítulos inéditos a partir da próxima segunda (15).

"Sinto até aqui que fui intensamente transformada pelo processo da novela. Aprendi que o processo é tão ou mais importante que o produto. São quase quatro anos da minha vida dedicados a essa história, e eu não economizei em nada. Energia, sonho, suor, trabalho, empenho, lágrimas, risadas, tempo. Eu dei tudo de mim", arremata a novelista.

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