Globo arranca crítica contra Lula da boca de Marcelo Serrado em Fina Estampa

Crodoaldo Valério (Marcelo Serrado) já não está mais tão ácido quanto antes na edição especial de Fina Estampa. Entre os impropérios do mordomo de Tereza Cristina (Christiane Torloni), uma crítica ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficou de fora do capítulo de terça-feira (23) --o empregado alfinetava a "língua mole" do político.

A cena original foi exibida praticamente na íntegra, com um corte apenas para suprimir o deboche do autor Aguinaldo Silva ao petista que então havia deixado a presidência entre escândalos de corrupção e grande aprovação popular apenas alguns meses antes da estreia da trama em 2011.

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Em mais um de seus chiliques, a antagonista de Christiane Torloni ameaçava enfiar um de seus sapatos na boca do escudeiro. "Cruzes, um salto daqueles na minha boca. Ficava falando mole, assim, feito político de esquerda", dispararia o trabalhador, se não fosse bruscamente interrompido por Baltazar (Alexandre Nero) na versão que a Globo exibe em meio à pandemia de coronavírus (Covid-19).

Na época, a referência era obviamente direcionada ao antecessor de Dilma Rousseff, que facilitou a vida de seus imitadores com sua anquiloglossia, a popular "língua presa". O texto também ironizava uma possível dormência causada pela ingestão de bebida alcoólica, uma vez que o petista se envolveu em diversas polêmicas por apreciar cachaça --bebida então considerada de classes menos privilegiadas.

A emissora aparentemente eliminou a bordoada para evitar polêmicas, pois a sequência ganharia um novo contexto com a atual polarização política que se instaurou no país após as eleições presidenciais de 2018. A cizânia seria agravada ainda mais ligada à imagem de Marcelo Serrado, um dos principais opositores ao petismo na classe artística, que ostentou seu apoio público à Operação Lava Jato.

Cerol na mão

Desde a sua estreia, o folhetim passou por um processo de redução de "gorduras", que tornou a trama mais ágil e arrancou elogios até mesmo do autor. Alguns personagens, como o garoto de programa Leandro (Rodrigo Simas), praticamente desapareceram da história, mas o serviçal interpretado por Marcelo Serrado também não passa incólume pela ilha de edição.

De queridinho do público, Crô se tornou alvo de problematizações por ser uma representação caricata e datada de pessoas LGBTQ+. A briga com os pitboys do vôlei de praia foi limada da versão final dos capítulos, e os encontros com o amante misterioso de tatuagem de escorpião no pé também são frequentemente omitidos.

O corte da referência a Lula, entretanto, chama a atenção em um momento no qual a novela está mais curta para durar até setembro, quando o canal carioca pretende voltar a exibir Amor de Mãe. Cada episódio, em média, dura até 20 minutos a menos no ar do que nas primeiras semanas da reexibição.

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