Flor do Caribe explora amnésia do público e deixa A Força do Querer no chinelo

A grande aposta da Globo para a segunda rodada de reapresentações na pandemia de coronavírus (Covid-19) não aconteceu. A Força do Querer sofre para manter os índices de audiência acima dos 30 pontos e pouco repercute nas redes sociais. O erro de cálculo, no entanto, poderia ter sido evitado se a emissora prestasse mais atenção na faixa das seis --a "veterana" Flor do Caribe (2013) enterrou o fracasso retumbante da "novinha" Novo Mundo (2017).

O folhetim de Walther Negrão se tornou um fenômeno capaz de alavancar o início do horário nobre e até já rendeu bons frutos para Haja Coração (2016). A novela das seis acumula uma média de 20,4 pontos em sua sétima semana, apenas alguns décimos atrás da exibição original --que havia marcado 21,2 pontos na Grande São Paulo no mesmo período.

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Em sua primeira chance, no entanto, a produção não enfrentava a concorrência do streaming e os smartphones também não eram uma dor de cabeça para a TV. O próprio celular de Ester (Grazi Massafera) parece jurássico diante dos aparelhos atuais, ainda mais por se tratar de um merchandising de um sistema operacional que nem existe mais.

A reprise, aliás, conta com um número total de telespectadores maior do que há sete anos. Os seus 20,4 pontos em 2020 equivalem a 1.529.734 domicílios sintonizados, enquanto a marca de 21,2 de 2013 representa 1.382.261 televisores ligados na emissora apenas na Grande São Paulo. Os institutos de pesquisa reajustam anualmente seus valores para acompanhar as mudanças em seus recortes.

Os dados também mostram que o "clima solar" de Flor do Caribe está longe de ser a principal alavanca de seu sucesso. O trunfo da narrativa não são as praias do Rio Grande do Norte, onde foram rodados os primeiros capítulos, mas a amnésia do público --que pouco se lembra da trama central e muito menos de seus personagens coadjuvantes.

REPRODUÇÃO/TV GLOBO

Samuel (Juca de Oliveira) em Flor do Caribe: em alta

Fogo nos nazistas

Assim como Novo Mundo, os acontecimentos de A Força do Querer seguem frescos na memória popular, sobretudo por contar com tipos marcantes como a sereia Ritinha (Isis Valverde), a policial linha-dura Jeiza (Paolla Oliveira) e a perigosa Bibi (Juliana Paes). As pessoas se recordam até mesmo dos bastidores, a exemplo da treta de suas protagonistas no Melhores do Ano.

Com a história ainda na cabeça, o espectador procura muito pouco pela novela de Gloria Perez em serviços como o Google. No último mês, o produto mais nobre da Globo levou uma surra de Flor do Caribe em volume de buscas --foram 22 dias com a novela das seis à frente.

A plataforma também indica que o romance de Ester e Cassiano (Henri Castelli) não funciona como chamariz da reprise. A sua carta na manga é a caçada de Samuel (Juca de Oliveira) aos nazistas --o nome do ourives chega a ser duas vezes mais procurado do que a protagonista.

O mistério sobre a paternidade de Candinho (José Loreto), porém, é o que mais mexe com a cabeça do público. Em seguida, os personagens mais populares são Guiomar (Claudia Netto), Samuca (Vitor Figueiredo) e o próprio vilão Dionísio (Sérgio Mamberti).

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