VAI FAZER CACHAÇA
Renato Rocha Miranda/TV Globo
Walther Negrão na festa de apresentação da novela Flor do Caribe: agora ele quer fazer cachaça
REDAÇÃO
Publicado em 26/1/2019 - 8h20
Um dos autores de novelas há mais tempo em atividade no Brasil, Walther Negrão decidiu se aposentar. O escritor de 77 anos, que tem no currículo mais de 30 novelas, 23 delas na Globo, agora pretende se dedicar à producão de cachaça na fazenda que mantém em Arandu, cidade no interior de São Paulo e vizinha de Avaré, onde ele nasceu.
Negrão está fora do ar desde março de 2017, quando Sol Nascente chegou ao fim. Mas ele teve pouco envolvimento direto na trama das seis estrelada por Henri Castelli e Grazi Massafera por causa de problemas de saúde.
Na época, o Notícias da TV apurou que ele escreveu apenas 24 capítulos da trama: passou semanas no hospital e deixou a condução dos roteiros para Suzana Pires e Júlio Fischer, que nunca haviam assinado uma novela como autores titulares e tiveram a supervisão de Silvio de Abreu, diretor de dramaturgia da Globo.
Negrão passou a apresentar problemas de saúde desde antes da estreia de Sol Nascente. Ele começou 2016 internado no hospital Albert Einstein, em São Paulo, vítima de um AVC (Acidente Vascular Cerebral). A três meses da estreia da produção, sofreu novo derrame, e permaneceu hospitalizado durante quase 40 dias.
No início de novembro, já com a trama no ar, Walther Negrão voltou para o hospital, dessa vez por causa de uma apneia do sono. Ficou uma semana. Voltou a ser internado no fim daquele mesmo mês, com quadro de anemia.
Em agosto de 2017, chegou a ser divulgado na imprensa o fato de que a Globo não renovaria contrato com o autor. Mas a emissora e Negrão assinaram um novo acordo, válido até 2020. Agora, ele é quem não quer estender o compromisso.
"Meu contrato está terminando e minha intenção é não escrever mais. Tenho uma fazenda para tocar e estou montando uma fábrica para produzir cachaça no interior de São Paulo. Vai começar a funcionar mês que vem", falou Negrão em conversa com a colunista Patrícia Kogut, do jornal O Globo.
Sessenta anos de TV
Walther Negrão ingressou na TV ainda nos anos 1950, na primeira década do veículo no Brasil, como ator de teleatros. Em 1958, estreou como autor da Tupi, escrevendo para o programa Grande Teatro Tupi.
Começou a fazer novelas, inicialmente apenas adaptações radiofônicas, em 1964, na Record. Seu primeiro grande sucesso foi em 1968, Antônio Maria, que escreveu para a Tupi em parceria com Geraldo Vietri. No ano seguinte, a dupla emplacou outra novela memorável, Nino, o Italianinho. O sucesso chamou a atenção da Globo, que o contratou em 1969, mas ele logo voltou para a Record.
Em sua segunda passagem pela Globo, em 1972, Negrão emplacou seu primeiro grande sucesso na emissora, a novela O Primeiro Amor, que daria origem ao seriado Shazan, Xerife & Cia., estrelado por Paulo José e Flávio Migliaccio, um dos marcos da história da Globo, lembrado na festa dos 50 anos, em 2015.
Em 1975, o autor voltou para a Tupi. Retornou à Globo em 1980. Em 1983, foi bem-sucedido com Pão-Pão, Beijo-Beijo e no ano seguinte, com Livre para Voar. Escreveu Fera Radical, em 1988, e Top Model, em 1989, em parceira com Antonio Calmon.
Em 1991, adaptou o texto de João Ubaldo Ribeiro para a minissérie O Sorriso do Lagarto. Despedida de Solteiro, em 1992, foi um grande sucesso. Mas nada se comparou a Tropicaliente, em 1994, em que lançou uma marca: as novelas praianas.
Negrão sempre foi afeito a parcerias. Em 2003, por exemplo, dividiu com Maria Adelaide Amaral a minissérie A Casa das Sete Mulheres. Suas últimas novelas foram Araguaia, em 2010, que concorreu ao Emmy, e Flor do Caribe, em 2013.
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