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GLORIA PEREZ

Autora de A Força do Querer coloca espiã na rua para ouvir telespectador

Felipe Monteiro/TV Globo

A autora Gloria Perez durante a festa de lançamento de sua novela no Rio de Janeiro  - Felipe Monteiro/TV Globo

A autora Gloria Perez durante a festa de lançamento de sua novela no Rio de Janeiro

MÁRCIA PEREIRA, enviada ao Rio de Janeiro

Publicado em 5/4/2017 - 4h54

Autora de A Força do Querer, nova novela das nove, Gloria Perez afirma que os grupos de discussão que direcionam mudanças nas tramas da Globo, como aconteceu em A Lei do Amor, são importantes e serão ouvidos por ela. Mas a novelista revela que se antecipa às pesquisas colocando uma espiã nas ruas para ouvir a opinião do público.

"Se você prestar atenção nas ruas, os grupos de discussão vão dizer exatamente o que você já ouviu. Tenho uma pesquisadora que está comigo desde a [extinta TV] Manchete. Ela faz um trabalho interessante porque não adianta eu, com a minha cara, puxar esse assunto. Até por educação as pessoas vão elogiar minha novela. Ela vai na fila do banco ou do mercado e solta um bordão, por exemplo, ou comenta o rumo de um personagem", conta a escritora.

Para Gloria, novela é assunto nacional, e puxar esse papo em público serve para medir a aceitação e repercussão da produção. A espiã dela também questiona as pessoas sobre o que gostariam que acontecesse com determinadas histórias e temas abordados.

"A escuta não é só para mudar o rumo da história, é importante eu ouvir o que as pessoas pensam para saber se o que escrevo está chegando do jeito que imagino."

Segundo Gloria, a rua é um termômetro muito diferente da internet porque traz realmente o sentimento das pessoas em relação ao que vai ao ar. "A web é um campo minado, manipulado. A rua não está organizada. O clamor é verdadeiro."

Ela diz que novela é paixão e desperta sentimentos contraditórios. "Vale amar e odiar, a única coisa insuportável é a indiferença. Essa é a medida que eu uso nos meus trabalhos, uma medida que aprendi com Janete Clair [1925-1983]."

A autora afirma que não mudou sua linha de trabalho desde que começou a escrever novelas. A síntese de A Força do Querer é a tolerância e a dificuldade de aceitar o que é diferente. Por isso, abordar a questão dos transgêneros representa observar algo que precisa ser discutido na sociedade.

Gloria é uma das poucas novelistas que não trabalha com colaboradores para escrever a trama. Ela escreve sozinha porque a história que tem para contar está dentro da sua cabeça. "Dá trabalho e esgota, mas me dá prazer. Continuo sozinha porque seria aterrorizante ter cinco ou mais pessoas e ficar conversando e verificando o que elas fizeram", confidencia.

Gloria Perez começou a escrever novelas em 1983, como colaboradora de Janete Clair em Eu Prometo, e de cara teve de assumir a trama com a morte da autora. Ela assinou sua primeira novela no ano seguinte, Partido Alto, em coautoria com Aguinaldo Silva.

A novelista revela que estreia A Força do Querer com 35 capítulos prontos. Nunca deixa passar dos 40. Ela explica que é necessário sentir o que repercute e de que jeito isso acontece. "Novela é obra viva, que se faz com interação. O público se enxerga nesse espelho, é um diálogo muito bonito", fala.


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