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ARRUDA E SAL GROSSO

ETs, drogas, morte e desemprego: O Rei do Gado faz 25 anos e prova que é 'zicada'

FOTOS: REPRODUÇÃO/TV GLOBO

A atriz Patrícia Pillar com uma mochila nas costas, um lenço vermelho na cabeça, com um trator ao fundo com uma bandeira do Brasil, como Luana em O Rei do Gado

Luana (Patrícia Pillar) em O Rei do Gado; nem a bandeira passou incólume à maldição do folhetim

DANIEL FARAD

vilela@noticiasdatv.com

Publicado em 17/6/2021 - 6h25

Uma das maiores audiências do horário nobre da Globo, O Rei do Gado (1996) completa 25 anos nesta quinta (17) com ares de tragédia grega. A trama de Benedito Ruy Barbosa tem um quê de rei Midas, que assim como Bruno Mezenga (Antonio Fagundes) a rodopiar no cavalo na abertura, também transformava tudo que tocava em ouro --e, assim como o mito, esconde uma maldição por trás do sonho dourado.

O público, ao contrário das expectativas, não torceu só por uma história de cunho político que trazia para a TV o conflito agrário e a luta do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). Os boias-frias saíram das reportagens do Jornal Nacional para se tornarem protagonistas da produção, que trouxe Patrícia Pillar na pele da camponesa Luana.

A novela foi um verdadeiro fenômeno, que não saía da cabeça dos telespectadores nem quando a televisão da sala estava desligada. A canção À Primeira Vista, de Daniela Mercury, se tornou uma das mais tocadas nas rádios depois de embalar o romance de Marcos (Fábio Assunção) e Liliana (Mariana Lima).

As dores nas costas de Ruy Barbosa, que atrasaram a entrega de textos, foram um dos maiores problemas nos bastidores, mas o "final feliz" ficou apenas no último capítulo. O autor até voltou a fazer sucesso com Terra Nostra (2000), mas todas as suas outras incursões na faixa das nove foram completamente "zicadas".

Ele precisou abandonar Esperança (2002) por problemas de saúde e não gostou nada das alterações feitas pelo interino Walcyr Carrasco. A briga foi parar nos jornais, mas nem de longe se compara aos problemas de Velho Chico (2016), com atrasos, audiência aquém do esperado e a morte inesperada de Domingos Montagner (1962-2016).

Leila Lopes na produção: único sucesso

O Rei do Gado é mesmo amaldiçoada?

Benedito Ruy Barbosa não foi o único a sofrer com uma maré de azar depois de O Rei do Gado, mas não teve um destino tão triste quanto o de Leila Lopes (1959-2009). Ela se tornou uma mania nacional como a professora Suzane, mas nunca mais repetiu o sucesso --deixando as novelas para estrelar filmes pornográficos em 2008.

A atriz nunca se recuperou da repercussão negativa em torno dos últimos trabalhos, entrou em depressão e tirou a própria vida em 2009.

Vera Fischer também passou por um momento delicado logo depois de encerrar a sua participação na produção. Em 1997, a atriz voltou a encarar uma batalha contra a dependência química, se internando durante oito semanas em uma clínica no Rio de Janeiro.

Fábio Assunção passou igualmente por momentos difíceis na luta contra as drogas, mas se tornou uma espécie de porta-voz para diminuir o preconceito sobre o assunto. O ator, no entanto, viu a própria trajetória ficar por um fio ao deixar o elenco de Negócio da China (2008) por causa do vício.

Fábio Assunção e Gloria Pires na novela

O sucesso é uma droga?

O Rei do Gado fez de Assunção um dos principais galãs da Globo, mas a fama se tornou uma faca de dois gumes. O intérprete sofreu com vídeos em momento de surto que vieram à tona nas redes sociais e correu o risco de ver a carreira arranhada para sempre por conta das piadas --que ele transformou em uma plataforma para combater o estigma em torno da doença.

Gloria Pires, que deu vida à impostora Marieta, também viu a vida virar do avesso com o sucesso estrondoso do folhetim. Em 1998, no centro dos holofotes, ela precisou contornar os boatos de que o marido Orlando Morais tinha um caso com a sua filha Cleo, então com 15 anos.

Ela só comentaria o episódio em sua biografia, lançada em 2010, e o músico até hoje considera o episódio como o momento mais difícil do casamento. "Pensava na dor que ela estava sentindo. Estou com ela [Cleo] desde os cinco anos, a vi trocar todos os dentes. Achar quem fez aquilo virou a minha obsessão", explicou o cantor em entrevista ao jornal O Globo.

Caxias (Carlos Vereza) em O Rei do Gado

De outro mundo

Carlos Vereza chegou a cair no sono dentro do caixão durante a gravação do velório do senador Caxias, mas o "causo" nem de perto surpreendeu tanto o público quanto a sua experiência com alienígenas. Em 2012, ele confessou que havia visto três OVNIs (objetos voadores não identificados) na varanda do apartamento enquanto ainda rodava a produção. 

Antonio Fagundes pegou uma "rebarba" da maldição da novela, já que não há muitas explicações por trás de sua demissão em 2020. O ator sempre foi um dos mais produtivos da casa, tinha acabado de brilhar em Bom Sucesso (2019), mas mesmo assim não sobreviveu ao "facão" da emissora --ainda que outros colegas menos pró-ativos tenham continuado por lá.


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