MORTO HÁ 15 ANOS
REPRODUÇÃO/TV GLOBO
Mesmo comunista, Bussunda interpretou sátira do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva
Comunista e com um humor "politicamente incorreto", Bussunda (1962-2006) seria odiado por movimentos tanto de esquerda quanto de direita no Brasil atual. É o que o mostra o primeiro episódio do documentário Meu Amigo Bussunda, produção do Globoplay que estreia nesta quinta-feira (17), data marcada pelos 15 anos da morte do humorista, cujo nome verdadeiro era Cláudio Besserman Viana.
Astro do documentário idealizado, produzido e dirigido por Claudio Manoel, seu amigo e colega no Casseta & Planeta, Bussunda tem entrevistas e memórias suas resgatadas em uma série de quatro capítulos para o serviço de streaming da Globo.
Filho de um casal de judeus, Bussunda nasceu no Rio de Janeiro em 25 de junho de 1962 e foi militante do Partido Comunista do Brasil na juventude. Em um dos arquivos exibidos no primeiro episódio da série, o comediante relembrou sua infância "comunista" durante a época da Ditadura Militar (1964-1985).
"Meus pais eram do velho partidão comunista, todo sábado tinha uma reunião lá em casa com intelectuais comunistas, que ficavam até altas horas discutindo os rumos do país. Tinha todo um lado misterioso, porque tinha a ditadura e era proibida aquela reunião", contou Besserman.
No atual cenário político polarizado do Brasil, completamente dividido entre esquerda e direita, Bussunda acabaria desagradando tanto a bolsonaristas quanto a lulistas.
Com um humor descontraído e despreocupado com as "problematizações" --algo que ainda não era tão falado em sua época--, o comediante fazia piada consigo mesmo por ser gordo, além de se fantasiar de mulheres, de gays e de políticos. Provavelmente seria "cancelado" nas redes sociais por suas brincadeiras.
Ao mesmo tempo, militantes de direita jamais dariam paz a Bussunda por seu passado (e possível presente) comunista, e é bem capaz que ele fosse diariamente atacado por robôs tuiteiros caso soltasse suas opiniões alinhadas à esquerda nas redes sociais.
Apesar de qualquer ideologia política, Cláudio Besserman e a turma do Casseta & Planeta, que existe desde 1978, não deixaram de satirizar os políticos. Em 1992, Reinaldo Figueiredo aprontou poucas e boas com Devagar Franco, paródia de Itamar Franco (1930-2011).
Em 1995, Hubert Aranha começou a personificar o então presidente Fernando Henrique Cardoso, apelidado, entre outros nomes, de Viajando Henrique Cardoso, Ficando Henrique Nervoso e Folgado Henrique Cardoso. O personagem, reclamão, tinha a mania de associar qualquer assunto com o Plano Real.
Coube a Bussunda dar vida a Luiz Inércio Lula da Silva, ou Lula-lá, um tipo avoado que vivia fazendo metáforas absurdas. O então presidente, logo no começo de seu governo, virou piada no programa em diversas esquetes.
Em uma delas, Lula-lá lia histórias para crianças numa paródia do programa Xuxa No Mundo da Imaginação (2002-2004). Em outra, ensinava português de forma errada como o professor Pasqualula.
Confira uma das esquetes de Bussunda caracterizado como Lula:
Projeto idealizado e produzido por Claudio Manoel, amigo e colega de elenco no Casseta & Planeta, Meu Amigo Bussunda estreia nesta quinta-feira (17) no Globoplay. A data foi escolhida especificamente por marcar os 15 anos da morte de Cláudio Besserman Vianna, e a série conta com depoimentos de familiares, amigos e conhecidos do comediante.
A direção-geral dos três primeiros capítulos é de Manoel, que dividiu roteiro e direção com Micael Langer; o quarto e último é dirigido por Júlia Besserman, filha de Bussunda. A produção é assinada por Emoções Baratas e Kromaki.
A produção narra a história de vida de Bussunda de forma cronológica, com imagens inéditas e de arquivo, entrevistas com parentes, amigos, colegas e os integrantes do elenco original do Casseta & Planeta: Claudio Manoel, Hubert, Reinaldo, Marcelo Madureira, Helio de La Peña e Beto Silva.
O documentário também reflete sobre a filosofia de vida seguida por Bussunda, com comediantes da geração atual como convidados para debater
o politicamente incorreto. Além deles, Vera Fischer, Maria Paula, Zico e Débora Bloch estão entre os entrevistados.
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