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ANÁLISE

Ego de Aguinaldo Silva o impede de admitir que Pigossi tem razão sobre Fina Estampa

DIVULGAÇÃO/TV GLOBO

Montagem de Aguinaldo Silva e Marco Pigossi na festa de lançamento de Fina Estampa

Aguinaldo Silva provocou Marco Pigossi após o ator afirmar que tem vergonha de Fina Estampa

RAPHAEL SCIRE

raphascire@gmail.com

Publicado em 15/8/2020 - 7h20

Marco Pigossi e Aguinaldo Silva entraram em conflito durante a semana por causa da reprise de Fina Estampa. O ator afirmou que sente vergonha da trama e virou alvo do novelista, que distorceu suas declarações e acusou o intérprete de Rafael de censura. Falta ao novelista a humildade de admitir que o galã tem razão: a novela das nove é ruim mesmo.

Em um show de amor próprio (e imaturidade), Silva ainda postou um vídeo em que Pigossi dava uma declaração ao extinto Vídeo Show (1983-2019), quando as gravações da trama se encerraram. Nele, Pigossi diz que teve prazer em fazer parte da história e que sentiria saudade da equipe.

Para contextualizar sua declaração, é compreensível que um ator ainda em início de carreira e com contrato vigente com a maior emissora do país passasse pano para a história em que trabalha --por mais problemática que ela fosse.

O que Pigossi demonstrou na live com João Vicente de Castro na qual esculhambou Fina Estampa foi um amadurecimento em relação às escolhas que faz na carreira e também ao seu olhar artístico. À época da trama que a Globo reprisa, ele vinha de um bom desempenho em Ti Ti Ti (2010), na qual interpretou o bad boy Pedro.

Na história de Aguinaldo Silva, Pigossi novamente flertou com a vilania, mas nem de longe foi seu melhor desempenho na televisão. De lá pra cá, emplacou protagonistas insossos, como Bento de Sangue Bom (2013) e Dante de A Regra do Jogo (2015), mas teve poucas chances de mostrar talento em personagens bem trabalhados. Até que resolveu se libertar do gesso interpretativo das novelas e se desligou da Globo.

As críticas do ator foram bastante claras: primeiro à própria atuação, depois à caracterização --um problema da novela como um todo, mas até aí não se pode fazer muita coisa, visto que o visagismo era um reflexo da época em que ela foi exibida.

Por último, e muito mais importante, Pigossi criticou, e coberto de razão, a abordagem da novela em relação a diversos temas, sem no entanto entrar em detalhes. Dizer que ele propunha uma censura é escancarar a falta de autocrítica.

Fina Estampa trouxe uma protagonista masculinizada e que no início sofria comentários pejorativos por conta de sua aparência. Não bastasse isso, o principal coadjuvante da história, Crô (Marcelo Serrado), era um gay extremamente estereotipado, sem densidade alguma, servil e caricato.

Comportamentos machistas de Quinzé (Malvino Salvador), que em 2011 eram naturalizados, hoje fazem com que os telespectadores mais atentos torçam o nariz. Isso sem contar a maneira pouco delicada de tratar a transexualidade da personagem Fabrícia (Luciana Paes). A própria intérprete declarou que, hoje, não aceitaria viver a personagem. De tão mal desenvolvida, acabou esquecida e só foi relembrada agora, por conta da reprise.

Aguinaldo Silva é um colecionador de sucessos. Tem em seu currículo tramas brilhantes como Roque Santeiro (1985), Vale Tudo (1988), Tieta (1989) e Senhora do Destino (2004). Deve, sim, sentir orgulho de suas criações, que tão bem retrataram o Brasil, mas seu apego a uma novela que envelheceu mal como Fina Estampa mostra apenas um ego envaidecido.

Pior: insistir na defesa de Fina Estampa com alfinetadas a Pigossi só evidencia um lado infantil do autor. O que Aguinaldo precisa é descer do pedestal e reconhecer que esse seu trabalho, embora exitoso em audiência, é ruim com R maiúsculo.

Talvez rever a live de Pigossi e refletir sobre as palavras do ator seja o caminho para entender que a sociedade mudou e sua novela não condiz mais com o que vivemos.  


Este texto não reflete necessariamente a opinião do Notícias da TV.


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