GUERRA SANTA?
REPRODUÇÃO/TV GLOBO
O pastor Lívio (Breno da Mata) no remake de Renascer; mudança causa efeito dominó na trama
Um dos primeiros teasers de Renascer mostrou que Bruno Luperi aparentemente está disposto a mexer na obra do avô, Benedito Ruy Barbosa. Responsável pelo remake, o autor cria um conflito interessante ao acrescentar um pastor evangélico na trama. Afinal, o novo personagem vai exigir diversas adaptações na história --sobretudo quando um dos protagonistas é o cramulhão que José Inocêncio (Humberto Carrão/Marcos Palmeira) prendeu em uma garrafa.
O padre Lívio, interpretado por Jackson Costa em 1993, se transformou no pastor Lívio (Breno da Mata). Ele aparece em um dos vídeos de apresentação do folhetim, que mostra um suposto equilíbrio entre diversos cultos.
"A religiosidade do nosso povo era uma marca aqui na Bahia", diz o narrador, apresentando o pastor Lívio, o padre Santo (Chico Diaz) e a ialorixá Inácia (Edvana Carvalho).
O remake traz da versão original a influência das religiões afro-brasileiras, bem como o mergulho nas crenças populares. Por outro lado, a Globo está de olho na fatia do público que mais cresceu no último Censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) --os evangélicos.
Com a mudança, Luperi vai ter que fazer um certo malabarismo para rezar para Deus e o diabo ao mesmo tempo. O próprio conflito central já coloca em xeque o tal equilíbrio que foi vendido pelas imagens iniciais.
Do ponto de vista da própria audiência, a presença demoníaca pode afastar justamente o telespectador que a emissora vem tentando fidelizar nos últimos meses, com tramas como Vai na Fé (2022).
Diversas novelas da emissora já foram alvo de críticas de entidades cristãs pelo apelo sobrenatural, de Olho por Olho (1993) a O Beijo do Vampiro (2022) --as quais nem traziam necessariamente a figura encarnada do próprio Satanás.
Por outro lado, Luperi tem a chance de enriquecer o remake com um novo conflito. Não à toa as religiões neopentecostais travam uma batalha mais cotidiana contra o diabo do que a Igreja Católica --na qual, para se realizar um exorcismo, é necessário a autorização de um bispo ou até do papa.
O novelista ainda tem uma nova questão a trabalhar no roteiro ao acrescentar um pastor na história: como Lívio vai conviver com a presença de religiões afro-brasileiras. Ele vai reproduzir um discurso de demonização ou vai manter uma relação tão próxima quanto a que terá com padre Santo?
A entrada de um pastor na história também vai obrigar Luperi a mexer na estrutura narrativa, já que padre Lívio se apaixonava por Joaninha --interpretada por Tereza Seiblitz e por Alice Carvalho na nova versão. O principal empecilho, no caso, era o celibato exigido pela Igreja Católica.
Como pastores podem se casar, e o divórcio é até razoavelmente tolerado por boa parte das denominações neopentecostais, o autor vai ter que construir um novo entrave para justificar esse amor proibido.
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