Com mais público do que em 2013, Flor do Caribe vira profeta de tempos sombrios

O anúncio de que Flor do Caribe ocuparia a faixa das seis não foi uma unanimidade entre os telespectadores, mas a "edição especial" chega ao fim nesta sexta (26) com mais público do que a sua exibição original em 2013. O folhetim de Walther Negrão agradou a audiência com as paisagens paradisíacas, mas também viu a ficção virar realidade --Dionísio (Sérgio Mamberti) deixou de ser apenas um vilão de "conto de fadas".

Há oito anos, a produção terminou com 21,2 pontos de média, alcançando cerca de 1,31 milhão de domicílios na Grande São Paulo. Reexibida entre agosto de 2020 e fevereiro de 2021, a trama já bateu até o momento o índice de 20,1 pontos que, apesar de numericamente inferior, representa um total de 1,53 milhão de domicílios ou 4,12 milhões de indivíduos.

Essa diferença se deve ao ajuste que o Ibope faz no início de cada ano para que cada ponto seja equivalente a 1% do universo representado na pesquisa em cada uma das praças analisadas. O instituto acompanha as estimativas populacionais do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

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PERIGO

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A história agradou justamente pelo tom escapista que veio a calhar no momento em que as pessoas mostraram uma "fadiga psicológica" da pandemia do coronavírus (Covid-19). As praias do Rio Grande do Norte e os clichês repetidos à exaustão foram uma forma de deixar a crise sanitária, as máscaras de proteção e o álcool gel do lado de fora de casa.

A história de amor entre Ester (Grazi Massafera) e Cassiano (Henri Castelli) só não alcançou um resultado melhor por conta desse cansaço coletivo, que também fez parte dos telespectadores se arriscar para retomar a sua rotina mesmo com os protocolos de segurança não tão claros --os índices de isolamento entraram em queda livre no segundo semestre.

Em 2013, os roteiros de Negrão foram curiosamente criticados até mesmo por serem "anacrônicos" ao trazer esse toque de fantasia, justamente por conta do vilão nazifascista de Sérgio Mamberti. O avô de Alberto (Igor Rickli) era visto como um retrato de um tempo sombrio que foi morto e enterrado com o fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Em uma reviravolta "profética" da novela das seis, o fascismo voltou a se tornar uma palavra do cotidiano, e a população precisou reaprender a lidar com os ataques constantes à democracia e os louvores a regimes autoritários e ditatoriais. Pelo visto, não faltam Dionísios por aí que deixam cair as máscaras ao pedir a volta de um AI-5.

Flor do Caribe será substituída pela reprise de A Vida da Gente (2011) a partir da próxima segunda (1º). Com a "edição especial" do folhetim de Lícia Manzo, a Globo adiou a estreia da inédita Nos Tempos do Imperador para o segundo semestre deste ano.

Além dos spoilers, o Notícias da TV publica diariamente o resumo da novela das seis que a emissora reprisa devido à pandemia da Covid-19.

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