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CRÍTICA

Após início empolgante, Órfãos da Terra se revela uma 'ejaculação precoce'

Reprodução/TV Globo

Julia Dalavia (Laila) e Renato Góes (Jamil) em cena de Órfãos da Terra

Julia Dalavia (Laila) e Renato Góes (Jamil) em cena de Órfãos da Terra: protagonistas desaplaudidos

RAPHAEL SCIRE

Publicado em 22/9/2019 - 6h17

Elogiada quando estreou, em abril, Órfãos da Terra entra em sua semana final de exibição bastante desgastada e pouco empolgante. A novela de Thelma Guedes e Duca Rachid parecia deslocada às 18h, fazendo muita gente se perguntar por que não ganhou a faixa mais nobre da emissora. A resposta, agora, é simples: faltava história.

Inicialmente pensado para ir ao ar às 23h, mais curto, portanto, o drama pesado dos refugiados Laila (Julia Dalavia) e Jamil (Renato Góes) foi deslocado para mais cedo. Órfãos da Terra chegou impressionando, sem lançar mão de estereótipos e bordões à lá O Clone (2001). Bons diálogos e uma direção segura, que trouxe uma pegada real e quase documental à novela, davam pistas de que tínhamos no ar um novelão.

Infelizmente, o que se comprova agora é que o folhetim não passou de uma ejaculação precoce. Aos poucos, toda a força inicial começou a minguar. Faltou, principalmente, estofo para que a história de amor de Laila e Jamil conquistasse o público como pede uma boa novela.

Ainda na primeira metade, Órfãos da Terra se tornou monocórdica, com a história centrada na vingança de Dalila (Alice Wegmann) e vitimando praticamente todos os personagens da trama, até mesmo os secundários --vingança, por sinal, é um tema batidíssimo desde Avenida Brasil (2012).

O casal protagonista ficou em segundo plano, com uma vidinha banal e sem grandes solavancos. Laila e Jamil pecaram pela ingenuidade, o que contribuiu ainda mais para que a torcida do público não fosse gigante.

E protagonista sem força prejudica qualquer antagonista. Por mais que tenham tentado apresentar Dalila como uma vilã maquiavélica, seus planos mirabolantes fizeram com que ela se aproximasse de personagem de desenho animado. Miraram em Carminha (Adriana Esteves) e acertaram no Cebolinha, da Turma da Mônica.

Assim que a máscara da malvada caiu, a novela até deu mostras de que voltaria a deslanchar... Que nada! O máximo que houve foi uma ciranda de casais sem importância, atestando que Órfãos da Terra renderia bem mais se durasse menos.

A duração das narrativas, aliás, é um problema da ordem do dia. Não há nada de errado com o formato das telenovelas, um gênero que o público brasileiro aprecia e consome com gosto. Mas a ginástica elástica que os autores têm de fazer para manter uma história durante tantos meses no ar é quase desumana --não só com eles, mas principalmente com o público.

Esticadas, as tramas perdem força e são raras as histórias, hoje, que conseguem manter fôlego sem criar situações repetitivas ou desinteressantes.

Há, porém, destaques em Órfãos da Terra: a diversidade mostrada na história (descontada a derrapada do beijo lésbico, uma censura da emissora, e não das autoras), o retrato real dos diferentes povos e o núcleo cômico.

Dinâmicos, os imbróglios envolvendo Ali (Mouhamed Harfouch), Sara (Veronica Debom), Abner (Marcelo Médici) e Latifa (Luana Martau) divertiram, ajudaram a movimentar um pouco a narrativa e foram mais empolgantes do que o drama central. Flavio Migliaccio (Mamede), como sempre, pegou um papel pequeno e fez miséria na comédia, além de ter surfado também no drama, quando o personagem passou a sofrer com Alzheimer.

Entrando em sua última semana, é possível afirmar que Órfãos da Terra foi um verdadeiro prato gourmet: impressionou quando foi servido, mas logo esfriou e perdeu o gosto da primeira garfada. Uma pena, pois no cardápio parecia ótimo.

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