WALCYR CARRASCO
PAULO BELOTE/TV GLOBO
O autor Walcyr Carrasco durante a festa de lançamento de Êta Mundo Bom!, no início de 2016
Apesar da guerra declarada entre a crítica especializada e Walcyr Carrasco, o autor se firma como maior tábua de salvação da Globo mesmo em tempos de pandemia de coronavírus (Covid-19). A reprise de Êta Mundo Bom! no Vale a Pena Ver de Novo se transformou na principal alavanca para o horário nobre da emissora e reforça os números pouco expressivos da edição especial de Novo Mundo --longe de repetir o êxito da exibição original.
Com os ventos a seu favor, o escritor pegou o horário vespertino aquecido pelos sucessos de Por Amor (1997) e Avenida Brasil (2012). O seu folhetim não só manteve os televisores ligados como também alterou os hábitos dos telespectadores. O público tem preferido assistir à história de Candinho (Sergio Guizé) do que os programas subsequentes.
A produção atingiu a marca do melhor início na faixa de representações em 16 anos e ainda fez a combalida novela das seis mostrar sinais de recuperação. A narrativa de Alessandro Marson e Thereza Falcão marcou o seu recorde na última quinta (25) ao exibir o embate entre Leopoldina (Leticia Colin) e Domitila (Agatha Moreira), com 21,9 pontos na Grande São Paulo.
No mesmo dia, Malhação: Viva a Diferença também atingiu o seu ponto alto, com 21,6 pontos. Um dos melhores índices para a trama adolescente, que só perde na última década para a primeira exibição da narrativa de Cao Hamburguer.
Os números coincidem justamente com a estratégia da Globo de ampliar o tempo de Êta Mundo Bom!, no ar em cerca de 80 minutos diários, contabilizando-se os comerciais. Cerca de dois episódios são compilados em um, em um movimento que só é possível pelo tamanho superlativo da atração --são 190 capítulos, na contramão de folhetins cada vez menores.
REPRODUÇÃO/TV GLOBO
Sandra (Flávia Alessandra) leva torta na cara em Êta Mundo Bom!: autorreferência no folhetim
Curiosamente, Êta Mundo Bom! reúne as principais características que fazem de Walcyr alvo preferido da crítica, ainda que suas novelas sejam adoradas pelo público. A trama tem um texto didático, sem subversões ao gênero e que não leva o telespectador a fazer grandes reflexões.
O humor popularesco e quase rasteiro também está presente na trama e faz os especialistas em televisão torcerem o nariz. Isso vai de encontro ao gosto dos noveleiros pela busca de Mafalda (Camila Queiroz) para conhecer o "cegonho" --palavra que se tornou sinônimo do órgão sexual masculino.
A produção faz diversas autorreferências às novelas anteriores de Carrasco, como os banhos na lama em Alma Gêmea (2005) e as guerras de comida em Chocolate com Pimenta (2003). O escritor faz uma espécie de bricolagem com os melhores momentos da carreira --que, na opinião dos entendidos, nem são tão bons assim.
A rixa entre críticos e o novelista se tornou ainda mais acirrada com a sua chegada ao time de medalhões das nove. Amor à Vida (2012), O Outro Lado do Paraíso (2017) e A Dona do Pedaço (2019), a última convocada para salvar o horário depois de um tropeço abismal de Aguinaldo Silva. Todas são sucessos de audiência, mas renderam uma série de alfinetadas para Walcyr Carrasco.
Saiba tudo que vai acontecer nos próximos capítulos das novelas com o podcast Noveleiros:
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