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SONHO AMERICANO

Brasileiros lutam por espaço em Hollywood: 'Só chamam para viver mexicanos'

Reprodução/Instagram

Montagem com fotos dos atores Talita Maia, Davi Santos e Fernanda Andrade

Talita Maia, Davi Santos e Fernanda Andrade: atores brasileiros lutam por lugar ao sol em Hollywood

LUCIANO GUARALDO

luciano@noticiasdatv.com

Publicado em 22/12/2021 - 6h45

O sucesso de Rodrigo Santoro, Alice Braga e Wagner Moura no exterior deu um pontapé na luta de brasileiros que querem um lugar ao sol em Hollywood. Mas o chamado "sonho americano" não chega sem contratempos. Apesar de a indústria estar mais inclusiva para latinos, não há muita diferenciação entre os atores que vêm do sul da fronteira. "A maioria dos testes que faço são para interpretar mexicanas", desabafa Talita Maia.

A atriz que se mudou para os Estados Unidos no fim de 2010 vê uma evolução gradual no mercado desde que largou tudo no Brasil em busca de uma carreira internacional. "O povo [em Los Angeles] era ignorante, perguntava até se eu tinha macaco (risos). Eles vinham falar comigo em espanhol, como se os latinos fossem todos a mesma coisa. Mas hoje vejo isso bem menos do que quando eu cheguei", conta ela ao Notícias da TV.

Nem tudo são flores, porém: para Talita, o caminho ainda é longo, e só é possível falar em avanço porque antes as chances eram praticamente nulas para atores tupiniquins. "O brasileiro sempre teve pouca oportunidade. É o único latino que não fala espanhol, e a cultura mexicana é muito forte aqui. Então, quando você pega um teste, já precisa ter espanhol fluente."

Fernanda Andrade entende bem essa questão. Nascida em São José dos Campos, a atriz se tornou a primeira brasileira a protagonizar uma série na TV aberta dos Estados Unidos em mais de 20 anos. Sua personagem? A agente do FBI Shea Salazar --uma imigrante, mas definitivamente não do Brasil.

"Acho que a maioria das pessoas [na indústria] olha para mim e vê meu nome, Fernanda Andrade... Qualquer brasileiro sabe que Fernanda Andrade é um nome brasileiro, mas o resto do mundo fala: 'Ah, ela é latina'. Que legal, eu também tenho orgulho de fazer parte dessa comunidade, mas pouca gente sabe qual é a diferença", ressalta à reportagem.

Ela, no entanto, é rápida para apontar uma mudança na mentalidade dos produtores e diretores de elenco na questão da representatividade. "Eu sinto que o pessoal está vendo a diferença [entre brasileiros e os outros latinos] pela primeira vez. O pessoal agora está mais alerta, entende as diferenças e também as semelhanças."

Vejo que as portas estão mais abertas, mas temos que dar crédito para as pessoas que foram e abriram essas portas. Eu tenho muita admiração por Alice Braga, Wagner Moura, que vieram do Brasil com uma carreira construída, mas começaram de novo porque queriam mais. Isso colocou o brasileiro no mapa e abriu a mente das pessoas para perceberem a diferença.

Alçado à fama entre o público infantojuvenil com um papel de herói em Power Rangers Dino Charge (2015-2016), Davi Santos se prepara para voltar à TV norte-americana no drama Good Sam, que estreia no dia 5. Ele dá vida ao médico Joey Costa. Pelo sobrenome, o personagem pode ser brasileiro, o que significaria um resgate da cultura do jovem ator --que se mudou para os EUA aos nove meses e só visita o país onde nasceu nas férias.

Bem inserido no cotidiano norte-americano, Santos vê a representatividade avançar ano após ano em Hollywood --e não só entre brasileiros ou latinos. "Movimentos como o Black Lives Matter e o Oscars So White [que criticou a ausência de negros ou asiáticos entre os indicados ao prêmio máximo do cinema] estão ajudando, alertam as pessoas que há um problema quando você assiste a um filme ou a uma série e não se vê representado."

"Imagine uma vida inteira não se vendo [na tela]? É uma coisa que pode realmente influenciar a sociedade. Agora que todo mundo está acordando para a necessidade disso, nós estamos vendo como eles estão fazendo a seleção de elenco: 'Ah, nós queremos essa pessoa, aquela pessoa'", lista ele.

Para o ator carioca, porém, as mudanças não podem ocorrer apenas na frente das câmeras. "Estamos aprendendo que não é suficiente ter um ator latino, um negro e um asiático. Nós precisamos que os escritores também representem essas pessoas, porque não podemos cair em um estereótipo. Nós estamos fazendo esse movimento, lentamente, mas me parece que a energia está indo na direção certa para ter essa representatividade orgânica."


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