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AULA DE TELEDRAMATURGIA

Silvio de Abreu aponta problema que afundou novelas: 'Carência de novas ideias'

REPRODUÇÃO/YOUTUBE

O autor de novelas Silvio de Abreu durante entrevista ao canal Vem Pod Chegar, no YouTube

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MÁRCIA PEREIRA, colunista

marcia@noticiadastv.com

Publicado em 31/7/2024 - 18h00

O autor Silvio de Abreu, que passou oito anos como diretor de Dramaturgia da Globo, apontou que o medo de errar virou um problema não só para as novelas, mas para todo o conteúdo da televisão, do streaming e do teatro. "O mundo inteiro está tendo uma carência de novas ideias", disse. Para o novelista de 81 anos, quem manda atualmente nas produções não é mais o artista, é o produtor que banca as obras e que só aposta naquilo que já deu certo no passado.

A reflexão do veterano explica muita coisa para o público que tem a sensação de estar vendo sempre a mesma novela ou se desanima com a atual onda de remakes na TV. "O cara que dá o dinheiro só aprova o que ele acha que vai fazer sucesso. E o que ele acha que vai fazer sucesso é o que já fez sucesso", declarou Abreu numa entrevista concedida a José Armando Vannucci e Jorge Bin no canal Vem Pod Chegar, no YouTube.

As grandes empresas de entretenimento adotaram uma formatação, uma padronização, para produzir as histórias. Isso tem a ver com custo, porque é muito caro produzir. Isso não significa que Abreu quer dizer que dá para estrear uma novela sem ter um rumo. Um autor, se não souber o que vai fazer, está perdido, mas criar uma novela não é seguir uma fórmula.

A "solução" criada para a dramaturgia tem sido usada para o entretenimento como um todo. Segundo Abreu, os reality shows estão todos iguais, os programas de games também, e por aí vai.

"Hoje em dia, você tem uma oferta imensa de produtos e não tem produtos interessantes. E também não tem mais aquela expectativa que a gente tinha antes. Você não tem mais nada que seja forte o suficiente para te motivar a ir ao cinema, ao teatro e à televisão", comentou o especialista em dramaturgia.

Velha guarda das novelas

Silvio de Abreu começou como ator, na novela A Próxima Estação (1970), e migrou para a autoria de folhetins sete anos depois, com a adaptação do romance Éramos Seis para a TV Tupi (1950-1980). Foi responsável por sucessos como Guerra dos Sexos (1983) e Passione (2010) antes de se tornar chefão na Globo.

O autor teve a honra de aprender muito com Ivani Ribeiro (1922-1995). Pegou o nascimento da telenovela com DNA brasileiro. Antes, as tramas eram adaptações dos melodramas dos países vizinhos. Dias Gomes (1922-1999), Janete Clair (1925-1983) e Ivani foram os responsáveis pela mudança que ocorreu no gênero, movidos pela ambição de fazer os folhetins como uma linguagem própria para o povo brasileiro. 

"Eu acho que daquela turma ainda ficou a Gloria Perez, que é da nossa época. O João Emanuel [Carneiro], que é mais novo e minha cria, que eu descobri lá [na Globo] avaliando sinopse, e o Walcyr [Carrasco] também, que é um cara mais novo --ele começou a fazer novela eu acho que em 2000--, mas é outro que faz sucesso", observou.

Abreu afirmou que é mentira que novela sempre foi a mesma coisa. "A novela evolui sempre, evolui com cada autor novo. Ela dá um pulo para a frente. Senão, a gente estaria vendo O Direito de Nascer [1964] até hoje", completou.

Após 42 anos na Globo, Abreu passou um ano e meio no comando da área de Dramaturgia da Max. Ele se desligou da plataforma de streaming em março do ano passado. 

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