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Hora do exorcismo

A bruxa está solta na Globo: Por que as novelas estão todas em queda?

Fotos: Reprodução/TV Globo

O gato León que vira homem é um dos acertos da novela das nove da Globo, O Sétimo Guardião - Fotos: Reprodução/TV Globo

O gato León que vira homem é um dos acertos da novela das nove da Globo, O Sétimo Guardião

MÁRCIA PEREIRA

Publicado em 3/1/2019 - 4h58

O ano mal começou, mas nada de descanso nos bastidores da Globo. Diretores e autores quebram suas cabeças para reverter a queda de audiência das três novelas que estão no ar. Se 2018 não foi um ano bom para os folhetins, o foco é virar o jogo já nos primeiros meses do ano. A faixa das sete terá troca de tramas em janeiro. Já a novela das seis, enfim, promove a entrada do mocinho da história e acaba com o excesso de mistério ao deixar a mocinha no passado para desvendar tudo.

E, apesar de Aguinaldo Silva alardear nas redes sociais que já escreveu até o capítulo 100 de O Sétimo Guardião, que só deve ir ao ar em 7 de março, a produção não recebe novos roteiros da novela das nove há mais de 20 dias. Eles têm material para trabalhar no que vai ao ar até a terceira semana de janeiro. Mesmo assim, alterações de última hora não estão descartadas. 

Mas o que está acontecendo com as novelas? A bruxa está solta? A crise começou com os altos e baixos de Deus Salve o Rei. Orgulho e Paixão não teve problemas, mas também não repercutiu como se esperava. Aí Segundo Sol, que teve um início empolgante, perdeu o fôlego rapidamente e frustou o telespectador.

Para completar, O Tempo Não Para que havia começado muito bem, desandou. Espelho da Vida deixou o público confuso com as suas viagens no tempo, e a último lançamento do ano passado, O Sétimo Guardião, não "chegou chegando".

Parte por erro de estratégia da Globo. A novela das nove estreou depois do horário de verão começar, às vésperas de um feriado prolongado, o que naturalmente reduz o número de televisores ligados.

Verdade que muitas novelas exibidas no fim de ano alcançaram ótimos índices de audiência, como foi o caso de O Outro Lado do Paraíso na virada de 2017 para 2018.

Portanto, o obstáculo para as tramas não é apenas a maldição do fim de ano. A forma como as histórias estão sendo contadas ou a falta de um elo forte para segurar o público interessado no folhetim é que devem ser revistos. 

Cris vira Julia e desvira; mocinha de Vitória Strada vai ficar no passado a partir do dia 19 

A novela de Elizabeth Jhin, que sempre abordou muito bem a temática espírita, tem dois problemas principais: as viagens no tempo e a falta de mocinho. Alain (João Vicente de Castro) sempre demonstrou uma personalidade que dá aversão a muita gente. Esperar até o meio da novela para colocar o verdadeiro amor da mocinha nos dias atuais, Daniel/Danilo (Rafael Cardoso), foi uma falha.

A outra coisa é Cris/Julia (Vitória Strada) passar por um portal toda hora. Isso traz diversas consequências que não são abordadas. Falta verossimilhança, que é a principal regra de qualquer narrativa.

Quando Cris está no passado, o que acontece com a Julia original? Era outra vida, a própria Cris não sabe nada daqueles que cercam Julia, mas como isso é possível? Sem acreditar na história, o telespectador tende a perder o interesse. Soma-se a isso a lentidão da história. Tanto mistério para descobrir quem foi quem atrapalha.

Senhoras dando golpe da barriga falsa passou do ponto na novela O Tempo Não Para

Já a novela das sete cai no problema de falta de história. Começou com uma premissa muito legal, com um conflito interessante dos personagens de época aprendendo a viver nos dias atuais. Mas a história se esgotou antes do tempo.

Quem deixa de ver uma semana da trama atualmente não perde nada. Várias questões vão se repetindo porque a história não tem mais para onde ir. Duas mulheres de mais de 50 anos fingindo gestações tardias são situações que não condizem com as personagens.

Neste último mês da trama, prevista para terminar dia 28, o autor Mario Teixeira até criou uma ameaça biológica, um vírus mortal, para tentar ganhar algum fôlego.

Marcos Paulo (Nany People) em O Sétimo Guardião; transexual caricata não é novidade

Em O Sétimo Guardião, também falta explicação e sentido. Ter uma fonte e a água como um bem precioso é interessante. O guardião-mor não poder casar para não ter herdeiros é curioso, assim como um gato que se transforma em homem, mas a forma como essa história está sendo contada não está despertando interesse.

Os folhetins têm fórmulas e existem temas recorrentes, como a questão do injustiçado que volta para se vingar e da Gata Borralheira, entre outros. O problema não é abordar o machismo, a homofobia, mais uma vez. O que faz uma trama brilhar não é ineditismo, é exatamente como o tema é abordado outra vez.

Exemplos disso foram os sucessos de O Outro Lado do Paraíso, A Força do Querer e Malhação: Viva a Diferença. Essas novelas contaram histórias recorrentes. Existem transexuais em novelas há muito tempo, mas Gloria Perez mostrou todo o processo de transição, o preconceito, a aceitação. Dessa forma, a simples inclusão de Marcos Paulo (a boa Nany People) não acrescenta nada à história, é a maneira como Aguinaldo Silva usará a personagem que fará O Sétimo Guardião brilhar...

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