Suposto filho de Gugu nega ser interesseiro e revela o que faria com herança bilionária

Suposto filho de Gugu Liberato (1959-2019), Ricardo Rocha explicou por que demorou tantos anos para entrar com o pedido de reconhecimento de paternidade na Justiça em entrevista a Roberto Cabrini. O empresário de 48 anos ainda negou que tenha interesse no patrimônio de mais de R$ 1 bilhão deixado pelo apresentador e revelou o que faria caso recebesse uma parte da herança: "[O dinheiro] Vai ser usado para ajudar muitas pessoas, as mais necessitadas, menos favorecidas".

A conversa do vendedor de carros foi ao ar na íntegra no Câmera Record de domingo (25), após a exibição de trechos no Domingo Espetacular. A reportagem Na Trilha de um Pai contou a história de como Gugu teria tido um filho antes da fama.

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A nordestina Otacília Gomes, na época com 28 anos, teria conhecido Augusto Liberato quando ele tinha 14 anos em uma padaria em Perdizes, bairro de São Paulo. A amizade teria evoluído para uma relação mais íntima e resultado em gravidez.

"Começou uma amizade, que se tornou uma paquera até rolar um flerte entre eles. Começou em olhares, conversa básica. Ele sempre estava lanchando. Ele trabalhava numa imobiliária na época de office boy. Até que chegou num estreitamento de relacionamento", afirmou Ricardo.

O relacionamento teria durado alguns meses entre 1973 e 1974. O empresário disse que a mãe e Gugu teriam tido relações sexuais duas vezes em um motel no bairro da Lapa. Mas ela não teria considerado um namoro, apenas um flerte com encontros. A relação teria sido interrompida porque Otacília foi viajar com a família com a qual trabalhava como babá e perdeu o contato com o rapaz. Após voltar a São Paulo, ela teria descoberto a gravidez.

Cabrini perguntou sobre a diferença de idade entre Otacília e Augusto. "Não é normal, né", admitiu Rocha, mas afirmou que não chegou a perguntar mais detalhes para a mãe. Otacília teria procurado Gugu na padaria após descobrir a gestação, mas os funcionários teriam informado que ele tinha saído do lugar que trabalhava. Após alguns meses, ela teria visto ele num programa de TV.

O vendedor também explicou por que a mãe nunca foi atrás do apresentador: "A minha avó não aceitava. Para ela foi um processo muito difícil. Ela teve que morar com um tio meu, porque minha vó não aceitava. Como mãe solteira, na época era muito complicado". "Hoje uma empregada doméstica procurar uma pessoa da televisão, de outro nível, é complicado. Imagino isso", completou.

O jornalista questionou o motivo de Rocha só ir atrás disso agora. "A exposição está sendo muito grande. Então, para as pessoas ouvirem a minha verdade. A verdade que é uma só, que é minha vida. E eu ter um pouco mais de sossego. De 2017 para cá, eu comecei a amadurecer a ideia", afirmou. "Me arrependo de não ter feito isso em vida dele", confessou.

Ele relatou que queria ter ido atrás do suposto pai em vida, mas não sabia como. "Eu não tinha os meios. Nunca passou pela minha cabeça sair procurando em locais de trabalho, moradia", afirmou o empresário, ressaltando que não queria incomodá-lo.

"A minha razão principal de não ter procurado antes é a minha timidez, o meu jeito de ser discreto", completou. Ele afirmou que foi uma luta para chegar nesse ponto de exposição, mas assegurou que está aliviado em mostrar a "verdade da vida dele".

Ricardo revelou que só soube que poderia ser filho do apresentador quanto tinha entre dez e 11 anos. "Como criança, não entendia muito. Para mim foi alguma coisa meio espantosa, mas eu não entendia muita coisa. Eu só queria ter um pai. De início, você não acredita", contou.

O entrevistado ainda ressaltou que a mãe não tem dúvidas de que Gugu é o pai dele. Rocha afirmou que já perguntou se Otacília não se relacionou com outra pessoa na mesma época, e ela negou. A nordestina teria cobrado o filho de ir atrás de Gugu.

Se tornou um tabu. Eu brigava com eles porque não queria. Nunca gostei, eu tinha medo da exposição. Agora, com certa idade que eu já comecei a ter depois, eu fui amadurecendo [a ideia], mas demorou muito.

Cabrini perguntou como o entrevistado recebeu a notícia da morte do comunicador em 2019. "É triste, né. Foi na TV [que vi a notícia]. Sentimento de tristeza, a oportunidade de estar perto de alguém um dia não existe mais", lamentou. Ele não teve coragem de ir ao velório do suposto pai.

Suposto filho de Gugu passou necessidade

Ricardo Rocha também contou que começou a trabalhar muito cedo para ajudar a família. Teve uma infância com privações financeiras, passou fome e dormiu duas noites na rua. Ele chorou ao relatar os momentos de dificuldade e disse que já pensou que não teria passado por isso se tivesse o apoio de Gugu.

"Um tempo da minha vida, eu não pensei nisso. Eu tive um blackout por um tempo. Ou eu trabalhava para mudar a minha história... Eu nunca esperei nada de ninguém", explicou.

Ele disse que sente que é irmão de João, Sofia e Marina e assistiu a uma reportagem de Gugu com os filhos. "Eu queria estar do lado, podia tá do lado dele. Talvez a vida dele também seria diferente. Perdi muita coisa, o amor, o carinho. Eu me vejo muito nele hoje."

Rocha disse admirar o caráter do apresentador: "A pessoa de coração bom, ajudador. Hoje eu tenho um carinho, admiração, o amor. Mesmo vivendo de longe, eu tenho no meu coração. Mesmo não tendo essa certeza 100%". O comerciante assegurou que esse sentimento não vai mudar mesmo com o resultado do DNA.

Tudo isso é um processo, e esse processo durou 36 anos. Eu já pensei em tudo, no sim, no não. Nas pessoas, que essa é a parte que mais me incomodou todo esse tempo, pensar muito nos outros, no julgamento. No que as pessoas poderiam achar, falar. Hoje eu não ligo mais para isso, se eu ligasse, eu não chegava no ponto que cheguei.

Ele mostrou o RG só com o nome da mãe e desabafou sobre a falta de uma presença paterna em sua vida. "Depois de um certo tempo foi um vazio. Você não tem o carinho de um pai, um conselho, um ombro para te apoiar, estar do seu lado nos piores momentos e nos melhores."

Exame de DNA e críticas

Por isso, entrou com a ação de pedido de investigação de paternidade em 2019. "Eu estou ansioso para fazer o teste de DNA, não vejo a hora de chegar esse momento. O momento que eu espero praticamente a minha vida. Nunca esteve tão perto, eu sinto que está chegando. O que eu reivindico é isso: reconhecimento de paternidade", cravou.

"Eu demorei muito, nem minha família sabia disso, nem minha esposa sabia que eu ia tomar essa decisão. Falei com a minha mãe", completou ele, que está ansioso para conhecer "a família que tem do outro lado".

"As meninas, Sofia e Marina, já falaram que elas não se opõem a fazer o exame. Uma boa notícia, fiquei feliz", contou. No Fantástico de domingo (25), porém, as gêmeas deixaram claro que duvidam da possibilidade de Gugu ter tido outro filho além delas e João.

Rocha espera que os supostos irmãos cedam material genético, e imaginou como se sentiria caso eles negassem: "Para mim vai ser triste, porque vai ter que tomar outras medidas. Exumação. Já [pensei nisso], mas espero que não chegue nesse ponto. Eu acho que não vai ser preciso".

Passa muita coisa na nossa cabeça, a infância, a adolescência, o que eu perdi de viver com ele. O que eu poderia ter vivido, o que ele poderia ter vivido com a minha família, com meus filhos. Eu acho que deixei de viver muita coisa, e ele também. Ele ia ser um bom avô.

Rocha admitiu que faltou coragem para procurar a verdade antes. "Eu nunca tive o objetivo que as pessoas têm quando sabem que tem uma possibilidade de se dar bem materialmente. Meu objetivo nunca foi esse. Quem me conhece sabe que eu não sou assim", assegurou.

Cabrini perguntou sobre os ataques que Rocha tem recebido nos últimos dias. "Eu não ligo muito para isso. O que eles pensam e deixam de pensar. Pela vida que eu levei, eu não tô ligando para o que as pessoas acham. Meu objetivo é só poder fazer o exame. Se for comprovado, tudo bem. Vai continuar minha vida normal", afirmou.

Ele ainda contou que ouviu que seria "só mais um interesseiro". "Já me chamaram de doido", contou. Cabrina ressaltou que, se comprovada a paternidade, o empresário teria direito ao patrimônio do apresentador.

O meu objetivo maior é tirar a dúvida, é a paternidade. Poder colocar o nome dele no documento. A herança é uma consequência só.

"O dinheiro para minha vida sempre foi uma consequência, eu nunca fui apegado ao dinheiro. Eu não sou uma pessoa que passa por cima de qualquer coisa por dinheiro. Sempre corri atrás do meu trabalho para dar o conforto melhor. Meu objetivo é o conforto da minha família. Eu procuro cultivar o meu caráter, a honestidade, ajudar o próximo, ser uma pessoa boa. Eu quero deixar coisa boa, exemplo pros meus filhos e para a sociedade", discursou.

O jornalista perguntou se o entrevistado tinha ideia do patrimônio do comunicador. "A ideia que eu tenho é o que falam nas mídias. Chega em torno de R$ 1 bilhão. É muito dinheiro", respondeu.

Se eu falar para você 'isso não passou em nenhum momento pela minha cabeça'... Até porque eu tenho filhos, vai mudar algumas coisas. Segurança. Não que seja uma coisa que vai me deixar deslumbrado, em caráter para mim não muda.

Apesar de focar em saber a verdade sobre sua origem, Rocha admitiu que não abriria mão da herança: "Esse é um direito. Isso quem decide é a Justiça. Meu objetivo maior não é o dinheiro".

Advogado de Rose Miriam di Matteo, Marina e Sofia, Nelson Wilians falou que foi surpreendido pelo pedido de Rocha, mas que as clientes estão "à disposição da Justiça para que a verdade prevaleça".

Herança de Gugu

A fortuna deixada por Gugu é estimada em R$ 1 bilhão, e a disputa pelo patrimônio envolve ao todo 11 pessoas. Na semana passada, vários detalhes vieram à tona, como o reconhecimento do testamento feito pelo comunicador morto. O Superior Tribunal de Justiça atestou como válido o documento feito pelo apresentador, no qual ele deixa 75% de seu patrimônio para os três filhos, e os outros 25% para cinco sobrinhos.

Para Rose Miriam di Matteo, mãe dos três filhos do apresentador, ele não deixou nada. A médica reivindica o reconhecimento de sua união estável em uma ação judicial, mas a família do famoso contestou e apontou que os dois eram apenas amigos. Eles tinham um contrato sobre as responsabilidades que dividiam com os filhos. A defesa de Rose alega que ela estava sob efeitos de remédios quando assinou o contrato.

O chef Thiago Salvático também entrou na disputa. Ele disse ter sido o verdadeiro companheiro do apresentador. Ele afirmou que o relacionamento deles durou nove anos. O advogado de Rose já rebateu que isso, ele disse que é mentira. O chef também pede reconhecimento de união estável, e não tem como os dois serem companheiros de Gugu.