MEUS ACHISMOS
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O comediante Maurício Meirelles está em cartaz com peça em São Paulo e estreará dois programas
Em cartaz com o espetáculo Meus Achismos, em São Paulo, Maurício Meirelles não tem nenhum pudor. O humorista critica o assistencialismo que Luciano Huck faz na TV, alfineta que Gugu Liberato (1959-2019) resolveu morrer como herói antes de ser cancelado por tudo o que fez em seu programa na SBT e ironiza que pode falar qualquer besteira porque "fez o L", em referência a quem votou no presidente Lula. Mas, apesar de botar a plateia para se escangalhar de rir durante quase duas horas, ele tem uma crítica ferrenha, que não acha a menor graça quando cita o apresentador que morreu em 2019 após um acidente doméstico: a própria mãe.
"Minha mãe odeia a piada do Gugu. Ela é mais sensível nesse tema. Outras pessoas adoram. A piada não é sobre ele, é sobre o programa dele nos anos 1990. Mas se eu deixo de fazer porque minha própria mãe não gosta, quem gostou vai deixar de rir. Eu tento sempre fazer piadas pra todo mundo no show, pois o alvo sempre sou eu. Às vezes uma ou outra não vai curtir tanto. Faz parte", minimiza, em entrevista ao Notícias da TV.
Meus Achismos está em cartaz no Teatro das Artes, no Shopping Eldorado, até 24 de junho. Logo no início, o humorista avisa que o espetáculo foi feito para ele assumir sua ignorância e dar aquela zoada em quem acha que tem condições de falar sobre tudo.
"O limite é algo individual. Eu tenho os meus, você tem os seus. O humor não tem nenhum. Eu resolvi fazer um show com o tema 'meus achismos' para expor exatamente toda a minha ignorância sobre diversos novos temas sociais. E a ignorância não tem limite. O problema é exatamente quando a gente acha que está sempre correto", filosofa.
Da mesma forma que faz piada com Gugu, ele também sacaneia o próprio pai, que quase morreu de Covid, provando que é do tipo que perde o amigo (ou um parente!), mas não perde a piada. Ainda brinca o tempo todo dizendo que "fez o L", mas não perde a oportunidade de alfinetar os bolsonaristas.
"As maiores referências de comédia que tive sempre satirizaram presidentes. Fiz bastante piada com Jair Bolsonaro, muitas viralizaram por aí. Agora o presidente é o Lula, e seguirei a linha de fazer piada com presidente. Ambos têm suas questões. No que eu fazia piada sobre a intolerância de um eleitorado, faço piada sobre a hipocrisia do outro", aponta.
Fora da RedeTV! depois de três temporadas do Foi Mau, Meirelles decidiu focar nos seus projetos no teatro, no YouTube e nas plataformas de streaming. Apesar de ter acabado com o programa --em comum acordo com a emissora--, o humorista acredita na força nos canais abertos.
"O humor funciona demais na TV aberta. Mas ele precisa de uma certa ousadia. Prova disso é que ficamos entre as três maiores audiências do canal. O projeto foi muito bem-sucedido, e a RedeTV! me deu liberdade para acontecer. Não renovamos por agendas e outras propostas de mudanças. Agora, sobre comédia? Todos os meus colegas lotam diversas sessões em teatros, cada dia um comedy club novo é lançado por ai. Brasileiro tem mostrado que consome comédia demais. O que difere tudo é que nem todo comediante precisa da TV como anteriormente", explica.
No fim de junho, ele vai estrear o programa 90 Dias na Cama (spin-off da série 90 Dias para Casar), no Discovery Home & Health; em julho, apresentará o Do Que Riem?, reality do Comedy Central; e ainda no segundo semestre voltará com o Webbullying, quatro de sucesso no seu canal do YouTube.
"Estou na expectativa dessas estreias. Em vez de piadas sobre o que queremos falar, criamos um programa [Do Que Riem?] sobre o que a plateia quer ouvir. Todo episódio tem uma plateia específica: apenas médicos, garçons, sertanejos, vovós, cabeleireiras… O desafio é grande pra entender como agradar a um nicho que muitas vezes você desconhece. Mas o resultado foi absurdamente incrível. E comprova que cancelamento é coisa de quem precisa ser mais leve. Estou muito empolgado", comemora.
Com mais de 15 anos de carreira, Meirelles --que ficou nacionalmente conhecido ao virar repórter do CQC (2008-2015)-- não deixa de falar nada por medo do cancelamento. Que, segundo ele, é bem seletivo.
"O cancelamento é uma mentira. Quem cancela é quem não te consome. Dia desses teve um festival famoso e várias denúncias de escravidão. O que o pessoal que cancela fez? Foi no festival, pois consome o festival. Eu tenho que me preocupar com a minha verdade, com o que acredito. E não ser refém de ninguém. Comédia é arte de identificação. Quem não curte o do fulano, vai no sicrano. [Fico] Feliz que muita gente tem ido no meu", dispara.
Apesar de Meirelles falar o que quer em seu show, a casa está sempre cheia. A plateia lotada surpreende o humorista, mas não pelo fato de ele não ter filtro: "O Brasil geralmente descarta muito rápido aquilo que faz sucesso. Mas deixou de surpreender quando eu resolvi focar naquilo que amo fazer, sem me preocupar com críticas, polêmicas... Eu faço a comédia a que eu gostaria de assistir. Isso fez com que eu me divertisse muito no palco, e a consequência é atrair quem quer se divertir junto".
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