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220 VOLTS

Paulo Gustavo tira lição de cancelamento no tribunal da internet: 'Me redimir'

REPRODUÇÃO/MULTISHOW

O ator Paulo Gustavo com um drinque na mão direita e com o cabelo desgrenhado como a Mulher Feia do 220 Volts

Paulo Gustavo no quadro Mulher Feia do 220 Volts; críticas aos padrões de beleza em vez de humor ofensivo

DANIEL FARAD, do Rio de Janeiro

vilela@noticiasdatv.com

Publicado em 9/12/2020 - 6h50

Paulo Gustavo é uma das vítimas mais frequentes no tribunal das redes sociais. Entre um cancelamento e outro, o comediante avalia que já aprendeu a separar as agressões gratuitas das críticas que realmente valem a pena. O retorno do público, por mais controverso que seja, o ajudou a criar um "filtro" para não reproduzir o preconceito enraizado na sociedade.

"Eu amadureci como ser humano e também como ator. Há muitas brincadeiras que eu fazia nos 220 Volts [2011-2016] que não cabem mais hoje em dia. Tem várias coisas que eu gostaria de apagar para sempre como forma de me redimir, de me desculpar. Inevitavelmente a gente é preconceituoso em uma piada ou outra", pondera o artista ao Notícias da TV.

Em 2016, o ator chegou a pedir desculpas publicamente por usar tinta e maquiagem para se transformar na personagem Ivonete durante a atração. A técnica conhecida como blackface é uma herança da Era Jim Crow, em que diversas leis foram promulgadas nos Estados Unidos para impor a segregação entre pessoas brancas e negras.

"Eu desenvolvi um filtro, não importa se o trabalho é na televisão aberta ou fechada. Estou atento para uma piada que pode ofender alguém. Algumas coisas já me incomodam naturalmente, já aconteceu de gravar uma cena e pedir para tirá-las depois. Elas não passam mais pela minha garganta", assegura.

Com o tempo, ele também se blindou para os comentários mais agressivos, que pouco têm a contribuir para uma discussão saudável. "Tem uma parte mais raivosa, de uma garotada que não está a fim de trocar, mas de brigar. Um lugar de frustração. Eu acho que o mais importante é correr atrás do prejuízo", considera o fluminense.

REPRODUÇÃO/MULTISHOW

Blackface em 220 Volts: ator abandonou técnica

Mudança para a Globo

Paulo também passou um pente fino em seus personagens ao transpor o 220 Volts para um especial na Globo, que vai ao ar no próximo dia 22. "Escolhi os meus preferidos e também os que bombaram na internet, como a Senhora dos Absurdos, mas o filtro é o mesmo para a televisão aberta ou fechada. Só não pode cigarro, bebida e falar 'merda' pelo horário", dispara.

O humorista guarda um carinho especial pelo programa, que marcou a sua estreia na TV depois de inúmeras turnês de Minha Mãe É Uma Peça no teatro. "Eu peguei a minha pastinha debaixo do braço e apresentei o projeto para o Multishow. Eles comparam a ideia e virou um megasucesso", relembra.

O episódio de final de ano também contará com Dona Hermínia, papel inspirado em sua mãe Déa Lúcia, de 72 anos. "É uma personagem que já está à parte de mim. As pessoas ligam para orçar uma campanha publicitária e querem falar com ela. Virou até garota-propaganda de amaciante", arremata o intérprete.


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