Teste de Streaming
Reprodução/Globoplay
Adriana Esteves em episódio da série Assédio; telespectador sofre para usar o app em TVs conectadas
DANIEL CASTRO
Publicado em 7/11/2018 - 5h48
Plataforma de streaming da Globo, o Globoplay está recebendo investimentos que visam, a médio prazo, torná-lo competitivo com a Netflix no mercado brasileiro. Seu conteúdo ainda está longe da diversidade do ofertado pela gigante do streaming, mas vem melhorando muito. Além do acervo da Globo, há séries exclusivas, como Assédio, e boas produções internacionais (The Good Doctor e Killing Eve entre elas).
No quesito tecnologia, no entanto, o Globoplay passa vergonha quando comparado a Netflix e Prime Video, da Amazon. Dois recursos muito básicos ainda estão capengas nos aplicativos de televisores conectados.
Se você pausar o seu programa no Globoplay durante apenas três minutos, corre o risco de vê-lo recomeçar do zero ao dar play novamente. E não dá para fazer avanço ou retrocesso rápidos. Você tem que teclar para avançar ou retroceder de dez em dez segundos. Se tiver que avançar 30 minutos, por exemplo, além do tempo perdido, dará 1.800 apertos no controle remoto.
Mal comparando, é como se o Globoplay estivesse nos tempos do videocassete _se bem que o velho e bom VCR tinha os botões fast foward e fast rewind.
Mas existe streaming ainda mais defasado do que o Globoplay. O HBO Go leva alguns segundos para oferecer uma imagem de qualidade. E, o pior, muitas vezes é impossível usá-lo porque ele aponta um erro de cache que exige um novo login, mas fazer isso na TV parece ser missão quase impossível.
O Notícias da TV experimentou os principais players de vídeo sob demanda do mercado. Foram utilizados um televisor Sony (sistema operacional Android), um Samsung (Tizen) e uma Apple TV (tvOS, plataforma baseada no iOS). Veja as principais constatações:
Reprodução/globoplay
Para ver Killing Eve legendado em português no Globoplay, é preciso vencer vários obstáculos
Globoplay
O streaming da Globo já parece um serviço de vídeo sob demanda de verdade. Seu principal atrativo ainda são as novelas da emissora. Há 70 inteiras para você assistir. Todas as produzidas nos últimos anos, como o fenômeno Avenida Brasil (2012), e algumas antigas recentemente reprisadas no Vale a Pena Ver de Novo, como O Rei do Gado (1996).
Também há filmes, mas não espere muita qualidade no acervo. O melhor mesmo são os nacionais, coproduzidos pela Globo Filmes ou pela Globosat. Entre as séries, há a boa Assédio (2018) e vem aí a também exclusiva Ilha de Ferro. O acervo internacional ainda é pequeno _além das já citadas, há as novas A Million Little Things e Charmed versão 2018.
O serviço, no entanto, custa caro (R$ 24,90) e fica devendo em tecnologia: não há perfis de usuários em uma mesma família e é necessário apertar alguns botões para colocar legendas em português toda vez que se começa um episódio de uma série gringa _mesmo que seja imediatamente após o término do anterior.
Nos televisores, também se apanha da barra de comando. Ela se recusa a sair da tela sempre que acionada (e é acionada sempre). Dica: coloque o cursor no comando "play" que a tela fica limpa.
Ouvido pelo Notícias da TV, o Globoplay diz que "trabalha para entregar a melhor experiência possível para os usuários em qualquer plataforma". Acaba de lançar o "download to go" e prepara uma nova interface ainda neste mês.
A plataforma afirma que o "recurso continuar assistindo já existe em todas as plataformas, exceto na Apple TV, por enquanto". Não foi o que a reportagem provou ao ver Assédio e Killing Eve numa Sony. Toda vez que se parava um episódio já iniciado, tinha que recomeçar do zero.
A Comunicação do Globoplay também declara que o "recurso de avançar e voltar existe em todas as plataformas". Verdade, mas não funciona no "modo rápido", só avança de dez em dez segundos. Sustenta que "essa questão dos dez segundos acontecia na Android TV, mas a experiência já foi melhorada". O Notícias da TV checou a informação após obter essa resposta: não houve melhora alguma.
Por fim, o serviço de streaming diz que o "padrão é sem legenda e áudio em português, mas o usuário pode definir as suas preferências, que ficam salvas localmente (no device em que setou), ou seja, não precisa trocar a cada episódio. Por enquanto, essa opção de salvar preferências não existe na Android TV".
rEPRODUÇÃO/NETFLIX
Kate del Castillo em Ingobernable; na Netflix dá para ver série com legendas em espanhol CC
Netflix
A gigante do streaming é referência, mas não impecável. Como ela distingue os diferentes usuários dentro de uma mesma assinatura (de R$ 19,90 a R$ 39,90), o conteúdo tende a ser customizado na página inicial, conforme os hábitos de consumo. Isso tem um lado ruim: você não fica sabendo da existência de uma infinidade de séries, filmes e documentários que podem te interessar _e a divulgação do serviço é bem capenga.
A Netflix é a plataforma que oferece a maior opção de áudios e legendas em diferentes línguas _até chinês, árabe e coreano. Mas, se você quiser ver uma série original espanhola ou inglesa com legendas nessas línguas, terá que se acostumar à versão de closed captions, com indicações de sons e movimentos inúteis para quem não tem deficiência auditiva.
reprodução/amazon
Em Sua Lista, o cliente do Prime Video não fica sabendo se novas temporadas chegaram
Prime Video
A plataforma da Amazon vem investindo horrores em conteúdo (foram US$ 5 bilhões só neste ano), mas ainda não faz frente ao catálogo da Netflix. Tem a mensalidade mais barata do mercado (R$ 7,90 nos primeiros seis meses; R$ 14,90 depois). Para quem gosta de séries, já vale o desembolso. Para quem gosta de filmes, é uma locadora empoeirada.
O Prime Video não tem a opção de diferentes perfis de usuários. Então, é possível que uma série que você parou de assistir no terceiro episódio esteja no nono quando voltar a vê-la, porque alguém da sua casa também virou freguês da produção.
As opções de áudio e legendas são limitadas. A nova Homecoming, por exemplo, só tem legendas em português. A versão dublada chega apenas em 2019.
A página inicial não informa as séries a que você assistiu recentemente (o que está assistindo) e as listas de preferidas não atualizam quando chega uma nova temporada. Há uma inútil sugestão de o que "os clientes também assistiram".
reprodução/fox play
No Fox Play, episódios de Walking Dead têm prazo de validade, mesmo os da temporada atual
Fox Play
Há duas formas de acessar o streaming da Fox. O assinante de TV paga tem de desembolsar R$ 24,90 mensais para ver as séries da programadora no televisor ou na internet. Quem não é assinante de operadora precisa pagar R$ 34,90.
O valor é alto para o conteúdo oferecido: apenas as séries, os filmes e a programação linear dos 11 canais pagos da Fox. Produções que não são originais da programadora, como The Walking Dead (realizado pela AMC), têm vida curta. O primeiro episódio da nona temporada, por exemplo, só fica disponível até hoje (7).
O mais irritante, no entanto, são as legendas. Na maioria das séries, são minúsculas, exigem tanta atenção do olhar que você não consegue acompanhar as imagens. Há exceções, como Pose, série sobre transexuais: além de grandes, as legendas são inclusivas, sem gênero (filhos são "filhes", por exemplo).
Além disso, pode ocorrer de você acionar um episódio e ele simplesmente não rodar.
As opções de áudio e legendas são limitadas ao português, inglês e espanhol.
reprodução/now
Amy Adams na ótima minissérie Sharp Objects; o caos no Now se inicia com o pause
Now
O serviço de vídeo sob demanda das operadoras Net e Claro tem um vasto catálogo, apoiado principalmente nas parcerias com Telecine (filmes), HBO e Clarovídeo. E oferece também outros serviços de streaming, como Fox Play, Crackle e Looke.
Mas o conteúdo ofertado de alguns canais pagos, como o Sony e AXN, é bem limitado. Ontem (6), por exemplo, havia apenas quatro episódios de Big Bang Theory, quatro de Young Sheldon e quatro de Lethal Weapon na pasta do Warner Channel.
O ponto fraco é a função de pausa. Ela leva alguns segundos para obedecer ao seu comando. Isso pode significar a perda de frases importantes para se entender uma cena. Ou você espera um momento sem falas para ir ao banheiro ou terá de retroceder um pouco ao retomar o programa. Ponto negativo também para o volume do conteúdo, sempre mais baixo que o dos canais abertos ou outros serviços de streaming.
Também podem ocorrer experiências bem desagradáveis: o último episódio da série que você está acompanhando veio dublado, e você detesta programas dublados.
HBO Go
Quem testar sua paciência? Assine os canais HBO pela sua operadora (R$ 30) ou desembolse R$ 34,90 para ver o streaming da programadora na sua TV conectada ou no PC.
Quando você der play naquele episódio de Game of Thrones que quer rever, pode aparecer a mensagem: "Nós experimentamos um erro. Por favor, feche sua sessão e entre novamente com suas credenciais para resolvê-lo".
O diabo é fechar a tal sessão. Nos televisores, não há opção de logoff. Que tal, então, tentar a sessão "Ajuda" no menu? Não ajuda muito. Lá, há apenas um e-mail e um site pra tirar suas dúvidas. Dica: mande um e-mail que resolve.
© 2024 Notícias da TV | Proibida a reprodução
Mais lidas
Política de comentários
Este espaço visa ampliar o debate sobre o assunto abordado na notícia, democrática e respeitosamente. Não são aceitos comentários anônimos nem que firam leis e princípios éticos e morais ou que promovam atividades ilícitas ou criminosas. Assim, comentários caluniosos, difamatórios, preconceituosos, ofensivos, agressivos, que usam palavras de baixo calão, incitam a violência, exprimam discurso de ódio ou contenham links são sumariamente deletados.