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POLÍTICA NA TV

Por Bolsonaro, SBT resgata slogan da ditadura: 'Brasil, ame-o ou deixe-o'

Fotos: Reprodução/SBT

O apresentador Silvio Santos em seu programa no SBT: frases controversas retomam a ditadura - Fotos: Reprodução/SBT

O apresentador Silvio Santos em seu programa no SBT: frases controversas retomam a ditadura

LUCIANO GUARALDO

Publicado em 6/11/2018 - 16h24

O SBT começou a exibir nesta terça-feira (6) uma série de vinhetas de tom nacionalista, em apoio ao presidente eleito Jair Bolsonaro. Em uma delas, depois de apresentar imagens de pontos turísticos, um locutor anuncia: "Brasil, ame-o ou deixe-o". O resgate da frase, que se tornou popular durante a Ditadura Militar (1964-1985), chocou o público.

Em outras vinhetas, as frases que encerram são diferentes: "Brasil de encantos mil", "Pra frente Brasil", "Brasil, pátria amada", "Brasil, terra adorada" e "Eu te amo, meu Brasil" foram algumas das mensagens exibidas até o momento. A última é um verso de uma música da dupla Dom & Ravel que foi amplamente usada pelo regime militar como propaganda política. Nos anos 1970 e 1980, os músicos eram presença frequente nos programas do próprio Silvio Santos.

"Pra molecada que não sabe, o slogan 'Brasil, ame-o ou deixe-o' era usado pelos militares para justificar a repressão aos movimentos sociais contrários a ditadura. Parece que 1964 é logo ali", protestou o jornalista William De Lucca no Twitter.

O slogan surgiu durante o governo de Emílio Garrastazu Médici, entre 1969 e 1974, período marcado pela forte repressão e que ficou conhecido como "Anos de Chumbo", em que os governantes tinham o poder de punir arbitrariamente os opositores do regime.

Durante o governo Médici, 98 pessoas foram mortas por motivações políticas, segundo a CNV (Comissão Nacional da Verdade). No total, 180 presos políticos foram assassinados durante a Ditadura Militar.

Cada uma das vinhetas do SBT ganhou uma trilha diferente. A do "Ame-o ou deixe-o" é acompanhada pelo Hino Nacional. "Brasil de encantos mil" é embalada por Cisne Branco, hino da Marinha brasileira. "Pra frente Brasil" conta com a canção homônima que virou marchinha da seleção na Copa de 1970. Já "Brasil, pátria amada" tem o Hino da Independência _o famoso "Já podeis, da pátria filhos".

Fim da vinheta exibida no SBT recupera frase que ficou famosa durante a Ditadura Militar

Procurada pela reportagem do Notícias da TV, a Comunicação do SBT informou que não comentará o assunto. "A assessoria não irá se pronunciar por questões estratégicas", limitou-se a dizer.

Uma fonte da reportagem que tem um cargo alto na emissora relatou que a vinheta foi uma ordem do próprio Silvio Santos, que tradicionalmente tenta manter o SBT como uma rede de apoio para o governante do país, independentemente do partido.

Durante a Ditadura Militar, a emissora transmitia nos intervalos de suas atrações o programete A Semana do Presidente, um boletim que valorizava viagens e feitos do homem mais poderoso do país à época. Críticas não eram aceitas. Segundo o colunista Flávio Ricco, do UOL, o programa pode voltar à grade do SBT em 2019.

As mensagens ufanistas são mais uma sinalização de que Silvio pretende ficar ao lado de Bolsonaro durante o seu mandato. Mulher do presidente eleito, Michelle Bolsonaro foi convidada para participar do Teleton no próximo fim de semana. Já Eduardo Bolsonaro, filho do presidente, foi o entrevistado do programa Poder em Foco no último domingo (4).

Após a repercussão das mensagens na internet, a deputada estadual Manuela d'Ávila, candidata a vice-presidente da chapa derrotada de Fernanda Haddad, criticou as vinhetas:

"'Eu te amo, meu Brasil, eu te amo, meu coração é' e 'Brasil: ame-o ou deixe-o' são propagandas da ditadura militar. Nós amamos o Brasil. O de todas as cores, credos e opiniões políticas. Enaltecer a ditadura não é amar o Brasil, mas repugnar a democracia e as conquistas da Constituição de 1988. 'Brasil, ame-o ou deixe-o' não é sobre amor e patriotismo. É sobre a violência do exílio e do desterro. Tirem o cavalinho da chuva: Vamos ficar, lutar e defender a democracia. Por amor ao Brasil", escreveu ela no Twitter.

Confira as vinhetas controversas e as reações de alguns internautas:

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