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OPINIÃO

Morte de Paulo Gustavo foi show de horrores em parte da mídia

JOÃO COTTA/TV GLOBO

Paulo Gustavo fala ao telefone de boné para trás e camisa preta

Morte de Paulo Gustavo foi cercada por fake news; humorista tinha 42 anos e ficou 53 dias internado

MIGUEL ARCANJO PRADO

pauta.arcanjo@gmail.com

Publicado em 5/5/2021 - 13h00

Foi um verdadeiro show de horrores a forma que parte da mídia se comportou diante da internação e, sobretudo, no dia da morte do ator Paulo Gustavo, nesta terça (4), aos 42 anos, vítima da Covid-19.

Desde 13 de março, a internação do humorista provocou enorme comoção nacional. Afinal, ele era um dos grandes ídolos do entretenimento brasileiro, graças ao enorme talento do intérprete da engraçada Dona Hermínia, personagem inspirada na mãe do ator e que fez grande parte do sucesso de sua carreira de mais de 15 anos no teatro e no audiovisual.

Como pessoa pública, é natural que Paulo Gustavo e sua doença fossem tema de interesse da imprensa. Contudo, neste tipo de cobertura, mais do que nunca, é preciso prezar pelos limites éticos.

No afã de noticiar novidades de seu quadro clínico ou mesmo a possível morte do artista em primeira mão --e ganhar muitos cliques ou curtidas com isso--, não foram poucos os veículos de comunicação, sobretudo sites e perfis dedicados aos famosos nas redes sociais, que cometerem erros inaceitáveis para o bom jornalismo.

Reiteradas vezes foi noticiada de forma antecipada --e cruel-- a possível morte de Paulo Gustavo. Este tipo de fake news, antecipando uma morte, já havia ocorrido com a atriz Nicette Bruno, também vítima da Covid-19, no ano passado.

Mais de uma vez, a notícia falsa da morte de Paulo Gustavo precisou ser desmentida por familiares, amigos e assessoria, o que tornou a agonia dos que amavam o artista ainda maior em um momento de enorme fragilidade emocional.

Contudo, no dia da morte do comediante, a desumanidade foi gigante por parte de certos veículos de comunicação.

Entre eles até alguns de nomes conhecidos, que tiveram a covardia de noticiar a possível morte do artista com base em sites que não combinam com a palavra credibilidade.

Post do site Em Off feito às 14h05, sete horas antes do óbito de Paulo Gustavo

O site Em Off noticiou a suposta morte de Paulo Gustavo sete horas antes do horário do óbito. Na sequência, o apresentador do Balanço Geral da TV Cidade, afiliada da Record TV no Ceará, Erlan Bastos, divulgou ao vivo a suposta notícia, dando como fonte o site no qual é colunista de fofocas.

A redação da revista Pais&Filhos, veículo existente no Brasil desde 1968, escolheu repercutir a suposta notícia da morte de Paulo Gustavo utilizando Erlan Bastos e o portal Em Off como fontes, também sete horas antes do horário do óbito e sem qualquer confirmação médica, da família ou da assessoria do artista.

O curioso é que a revista Pais&Filhos se define na própria nota como "equipe formada por um time de jornalistas apaixonadas por família e que buscam diariamente produzir conteúdo de qualidade e com credibilidade para levar informação responsável aos pais e mães brasileiros".

A regra básica do jornalismo diz: uma notícia de morte precisa ser confirmada com uma fonte direta. Quem confirma morte é a família, o médico responsável, a assessoria da personalidade ou a assessoria do hospital no qual a pessoa está internada.

Qualquer coisa antes disso, sobretudo quando falamos de veículos de comunicação, é falta de ética, de profissionalismo, de caráter e de compaixão. É pura maldade.


Este artigo não reflete necessariamente a opinião do Notícias da TV.


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