Pediu pra sair
Edu Moraes/RecordTV
Fábio Porchat em seu programa na Record: pediu demissão para ser readmitido com salário maior
DANIEL CASTRO
Publicado em 29/10/2018 - 5h57
Atualizado em 29/10/2018 - 13h36
Chateado com a decisão de Fábio Porchat de forçar uma renegociação por meio da antecipação da rescisão do atual contrato, o vice-presidente da área artística da Record, Marcelo Silva, tem esnobado o humorista. Porchat tentou marcar uma reunião com o executivo há duas semanas, mas não conseguiu. Silva não tem tido "espaço na agenda" sequer para atender aos telefonemas do apresentador.
A assessores mais próximos, o número um do Artístico da Record não esconde a mágoa. Ele se sentiu traído, porque vinha acenando a Porchat que atenderia a algumas de suas reivindicações, como o aumento da verba de produção e um novo cenário para o Programa do Porchat em 2019. Só não abriria mão do poder de veto a entrevistados e da censura a palavrões e quadros considerados de mau gosto.
No último dia 1°, a direção da Record foi surpreendida com uma notificação dos advogados de Porchat. O apresentador exerceu uma cláusula contratual que permitia rescindir seu vínculo com a emissora 15 meses antes do final, em 31 de dezembro de 2019.
Na verdade, a intenção do humorista não era romper com a Record, como ele mesmo esclareceu. Ele queria abrir uma negociação para um novo contrato, em novos termos, nos quais ele tivesse total controle sobre o Programa do Porchat, além de mais verbas.
Seria o mesmo que um trabalhador comum pedir demissão de uma empresa onde tem prestígio para forçar um aumento salarial, promoção ou regalias.
O tiro, no entanto, saiu pela culatra. Marcelo Silva não gostou de ter sido colocado contra a parede, de ter sofrido uma tentativa de xeque-mate. Agora, vive dizendo que "em respeito à vontade de Porchat [de romper contrato], não haverá nenhuma negociação".
Porchat teria dado a cartada porque já vinha negociando com o GNT um novo programa em 2019. E teria recebido sinais de que seu passe interessaria à Globo. Até agora, somente as negociações com o canal pago foram confirmadas.
A Record, por seu lado, já está em negociações avançadas para substituir Porchat a partir de março do ano que vem.
Procurada, a emissora não se manifestou oficialmente. Porchat disse que conversaria com o Notícias da TV, mas não o fez. Em entrevistas, ele tem dito que seu relacionamento com a Record continua ótimo e insiste que não houve uma ruptura definitiva.
Começo polêmico
Porchat estreou na Record em 22 de agosto de 2016, com a primeira entrevista concedida por Sasha Meneghel. Depois, chamou a atenção ao envolver seus convidados em brincadeiras nada tradicionais, como colocar Maitê Proença para limpar privadas e Carolina Ferraz para saborear comidas com trocadilhos no nome.
A liberdade que a Record deu ao humorista cessou depois que ele foi acusado de humilhar a ex-chacrete Rita Cadillac. Em 12 de outubro de 2016, ela abandonou a gravação do programa após ter sido convidada a imprimir seu famoso bumbum em um recipiente com cimento, a "sarjeta da fama". "Nunca me senti tão humilhada", reclamou Rita.
Desde então, Porchat vem reivindicando maior autonomia para decidir o que vai ao ar em seu programa. Sem sucesso.
O Programa do Porchat não é exatamente um sucesso, mas tem certo prestígio. Deu 4,3 pontos na Grande São Paulo em setembro, mês em que recebeu os grandes nomes da história da Record, como Carlos Massa, o Ratinho, Eliana Michaelichen, Raul Gil e Xuxa Meneghel _na conversa com a loira, chegou a superar os rivais Danilo Gentili e Pedro Bial em audiência na Grande São Paulo.
Em abril deste ano, Porchat chorou ao entrevistar Jô Soares. "É o dia mais importante da minha vida", definiu ao se sentar no sofá com o apresentador que consolidou o formato do talk show no Brasil. Jô retribuiu o carinho: "Não dou entrevista para qualquer um, fiz questão de estar aqui", valorizou.
O humorista não esconde o desgaste provocado por sua atração diária. Em agosto do ano passado, Porchat falou ao Notícias da TV que o ano em que esteve no ar exigiu tanto dele que dava a sensação de que cinco anos haviam se passado.
"É uma loucura. É muito mais trabalho do que eu imaginei que ia ser, porque exige muito. Estou envolvido em tudo, faço a redação final, tô na produção, vendo convidado, tô em todas as áreas. O programa me toma um tempo muito maior do que achei que tomaria. Mas estou feliz porque está do jeito que eu gosto, eu me divirto assistindo e fazendo", contou.
Atualização: Record nega mágoa
Após a publicação deste texto, a Record enviou a seguinte nota:
"A Record esclarece, em relação à nota publicada no Notícias da TV, que Fábio Porchat nunca procurou a emissora para renegociar seu contrato com uma solicitação de aumento de seu salário.
Da mesma forma, a emissora não negociou mais verbas ou um novo cenário para que o apresentador permaneça na emissora.
O artista simplesmente usou uma cláusula do atual contrato que permite a ambas as partes não continuar a exibir a temporada de 2019. Como essa era uma possibilidade prevista, sua decisão de usar seus direitos não causa mágoa.
Além disso, em momento algum houve dificuldade de contato entre as partes, e a emissora segue mantendo ótimas relações com o apresentador."
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