MEMÓRIA DA TV
REPRODUÇÃO/TV GLOBO
Adriana Esteves interpretou a icônica Carminha na novela Avenida Brasil, exibida em 2012
Thell de Castro
Publicado em 20/3/2022 - 9h00
A Globo ainda não sabia, mas há dez anos, em 26 de março de 2012, entrava no ar a última novela que literalmente parou o país, pelo menos até o momento. Avenida Brasil, de João Emanuel Carneiro, conquistou o público, bateu recordes de audiência e quase gerou um apagão nacional.
A trama, que sucedeu Fina Estampa (2011), trazia a história do ex-jogador de futebol Tufão (Murilo Benício), da sua mulher, Carminha (Adriana Esteves), da vingativa Nina (Débora Falabella) e de uma gama de personagens que caiu no gosto do público.
O último capítulo foi exibido meses mais tarde, em 19 de outubro daquele ano, gerando uma movimentação vista somente em tramas como Selva de Pedra (1986), O Astro (1977), Roque Santeiro (1985) e Vale Tudo (1988).
Nesse dia, espetáculos e eventos foram cancelados; as ruas e os shoppings ficaram vazios, como foi mostrado pela própria Globo em seus telejornais; e as pessoas se reuniram em bares e restaurantes para acompanhar o desfecho da trama.
A novela não mexeu somente com o público. Os responsáveis pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS, que controla a distribuição de energia), ficaram de cabelo em pé com medo de que o país tivesse um apagão logo após o episódio.
Isso porque, durante a exibição do capítulo, as pessoas deixam de abrir a geladeira, tomar banho ou ligar a luz, entre outras atividades corriqueiras. Logo após o final da novela, elas decidem fazer isso, causando uma sobrecarga no sistema, fenômeno também conhecido como "rampa de carga".
A última vez que o Brasil tinha visto isso, em menor proporção, foi no final de Passione, de Silvio de Abreu, em 14 de janeiro de 2011, quando foi gerado um aumento súbito de 5% no consumo após o final da trama. Em 23 de março de 2012, houve uma pequena sobrecarga um minuto após o final de Fina Estampa.
Mas Avenida Brasil já havia deixado isso para trás em duas oportunidades: no capítulo em que Nina começou a vingança contra Carminha, e quando a vilã foi desmascarada por Tufão e sua família.
Para o desfecho, foi montado um sistema especial pelo ONS para monitorar a variação no consumo de energia e entrar em ação caso fosse necessário --o operador trabalhou com folga nas redes de transmissão e nas usinas enquanto a novela estava no ar. Quando acabou a trama, as turbinas foram acionadas para atender ao aumento do consumo.
No final das contas, deu tudo certo. Foi revelado que Carminha matou Max (Marcello Novaes), ela foi presa e se reabilitou. Nina e Jorginho (Cauã Reymond) ficaram juntos, bem como Tufão e Monalisa (Heloísa Périssé).
O capítulo final, como esperava a Globo, rendeu excelentes números: 50,9 pontos de média, 53,8 de pico e 72% de participação, tornando-se a atração mais vista em 2012. A emissora voltou a ver números similares no final de A Força do Querer (2017).
Em seguida, a Globo aproveitou a carona e mostrou um Globo Repórter especial com os bastidores, e desvendou os segredos do sucesso da produção, que foi reprisada no Vale a Pena Ver de Novo, entre outubro de 2019 e maio de 2020, novamente com êxito.
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