CLIMA ESQUENTOU
REPRODUÇÃO/BAND
João Doria e Datena no Brasil Urgente desta quinta-feira (22); discussão ao vivo com o governador de SP
José Luiz Datena bateu boca com João Doria, governador de São Paulo, ao vivo no Brasil Urgente desta quinta-feira (22). O apresentador recebeu o político para uma entrevista sobre a Coronavac, vacina contra o coronavírus, e o clima esquentou após discordâncias. Ao final, o comunicador declarou que a conversa não foi esclarecedora. "Pior entrevista", detonou.
Doria condenou a declaração do presidente Jair Bolsonaro de que não irá comprar doses da vacina desenvolvida pela China. Para ele, a atitude é criminosa perante a população brasileira.
Ao dialogar sobre o tema, Datena pediu a palavra para pontuar que a Coronavac ainda está sendo usada de forma emergencial na China. "Não está sendo aplicada em massa", disse.
"Não é verdade", interrompeu o governador. "Deixa eu terminar o meu raciocínio. Depois você diz se não é verdade", rebateu o comunicador. "Mas não é, estou dizendo a você que não é", repetiu o entrevistado.
O clima desandou com Doria exemplificando a regressão da Covid-19 na Indonésia, e Datena reiterando que a Europa já previa uma segunda onda do vírus. "Por que tanta briga por causa de uma vacina que não está aprovada? Se o senhor acusa Bolsonaro de estar usando politicamente isso. Bolsonaro está acusando o senhor da mesma coisa", disparou o apresentador.
"Negativo, Datena. Desculpa, mas eu sigo orientação da ciência. Eu nunca declarei para você nem para ninguém que era uma gripezinha", observou o governador. "Mas você falou que o pior já tinha passado", contestou o entrevistador. "O pior já passou mesmo. Estamos em fase de declínio [em São Paulo]. O Jornal da Band toda as noites reproduz isso. Pergunte ao Eduardo Oinegue, que apresenta todos os dias", sugeriu Doria.
A resposta não agradou Datena, que esbravejou: "Não estou aqui para perguntar para jornalista! Estou aqui para perguntar para o senhor! Você não precisa me mandar perguntar para companheiro meu. Eu estou perguntando para o senhor. Porque o senhor falou que o pior já passou e agora está brigando tanto pela vacina?".
"Porque nós precisamos ter. A situação pior em São Paulo já, de fato, passou. Mas nós ainda temos a pandemia. Precisamos controlar com a vacina ou com outras. Essa é a posição da ciência", replicou o entrevistado.
O funcionário da Band questionou, então, que a abertura das escolas e a volta às aulas deveria acontecer quando São Paulo tivesse uma vacina. "Volto a repetir. São 20 médicos especialistas que cuidam disso. Não é uma determinação minha nem será sua, Datena. Com todo o respeito que você merece. Você não é médico nem infectologista", retrucou o governador.
"Nem o senhor! Quantas pessoas morreram em São Paulo?", rebateu o jornalista, dando início ao ponto mais acalorado da discussão. "Eu defendo a vida", disse Doria. "E o senhor acha que eu defendo o quê? Eu não sou médico, mas eu defendo a vida como jornalista. Essa é minha função. Eu posso não ser médico, mas você também não é", disparou o apresentador.
Datena, então, foi avisado que a assessoria do governador pediu que a entrevista fosse encerrada. "Não sei se por causa de ter ficado um pouco mais tensa", explicou ao vivo. "Podemos prosseguir. Eu tenho uma reunião agora, mas faço questão de prosseguir com você. Não interrompa a entrevista exceto se você desejar", pediu o político.
Em seguida, os dois voltaram a debater sobre a vacina e a pandemia em São Paulo. Ao final, Datena encerrou o bate-papo com um pedido de desculpas para o telespectador.
"Eu não queria chegar a esse ponto de discutir em entrevista. Eu aprendi há muito tempo que, quando você discute em entrevista, você perde um grande tempo de informação para a população. Ficar discutindo coisas que não são interpretativas, são factuais, não gosto. Queria pedir desculpas à população de chegar a esse ponto. Não gosto de fazer entrevista desse tipo. Me sinto muito mal", admitiu.
"Quando você discute em entrevista. Aprendi com o tempo, demorou mas aprendi, o que resta de informação é muito pouco. O entrevistado não fala, você fica discutindo, e o povo que queria ser esclarecido acaba não sendo. Essa foi uma das piores entrevistas que nós já fizemos, eu e o senhor [Doria]. Foi muito ruim. Não gostei do resultado final", declarou.
"Todos nós temos os nossos momentos bons e ruins. Somos seres humanos", ponderou o governador. "Eu estou dizendo que foi uma entrevista ruim minha e sua. Não gostei da entrevista nem da sua participação e nem da minha. Menos da minha, é claro", respondeu o apresentador.
Com a tensão no ar, nem no encerramento, os dois conseguiram chegar a um consenso. "Eu não disse que você fez uma má entrevista. Disse que há momentos bons e ruins", continuou Doria. "O senhor não disse, mas eu não gostei", repetiu o jornalista.
Finalmente, os dois encerraram a conversa ao vivo. Doria prometeu um encontro no Brasil Urgente em uma "atmosfera mais cordial".
Veja o Brasil Urgente desta quinta-feira (22) na íntegra:
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