'CAMPO DE BATALHA'
REPRODUÇÃO/INSTAGRAM
Renata Vasconcellos e William Bonner em lives do Instagram feitas pelo âncora e editor-chefe do JN
Em 15 de agosto de 2019, William Bonner publicou um aviso no Instagram: "Saindo daqui. Vivendo a vida de verdade. A minha vida. Obrigado". Um mês antes, ele já havia dado o último "boa noite" no Twitter. Ativo nas redes sociais desde 2009, o âncora e editor-chefe do Jornal Nacional optou por fugir do que ele mesmo classificou como "campo de batalha". O longo jejum digital, no entanto, parece ter chegado ao fim.
Desde o último sábado (22), Bonner voltou a ser um produtor de conteúdo assíduo no Instagram. Em dois dias, ele fez 20 posts na rede social. Alguns foram lives parar mostrar os bastidores da Globo.
Em momentos dignos do extinto Vídeo Show (1983-2019), o âncora passeou em silêncio pela sede do Jornalismo da líder de audiência, exibiu a sala onde trabalha, fez o público conhecer a Redação estúdio do Jornal Nacional, além de realizar uma visita nos bastidores do Fantástico. William Bonner ainda começou uma transmissão ao vivo com Renata Vasconcellos poucos segundos antes de o Jornal Nacional entrar no ar.
Ele também fez posts dignos de um "tio", como é chamado pelos seguidores mais antigos. Compartilhou fotos de plantas e passarinhos, um clique do Volkswagen Gol GT 1986 vermelho que tem na garagem e apareceu deitado ao lado da mulher, Natasha Dantas, assistindo ao Altas Horas.
Algumas das publicações foram para pedir para os fãs o ajudarem a fazer uma correção em sua biografia na Wikipédia. No site, constava a informação de que ele tinha nascido em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, quando o correto é a capital paulista.
"Nasci em São Paulo, na rua Frei Caneca, na antiga Maternidade de São Paulo. Até os sete anos, morei no Tatuapé. Depois, Higienópolis, até me mudar pro Rio, no longínquo 1989. Estive em Ribeirão Preto cinco vezes. Por muitos motivos, tenho a cidade no coração. Mas não foi lá que nasci, não. Alguém corrige?", pediu Bonner, que foi atendido algumas horas e publicações depois.
No fim dos anos 2000, o âncora entrou no Twitter e começou a compartilhar pequenos desabafos com os seguidores, a quem passou a chamar de "sobrinhos", além de criar interações, como a escolha da cor da gravata que deveria usar no JN ou perguntas "bobinhas".
"Tava aqui pensando e acho que é o caso de perguntar. Algum sobrinho aí ainda liga pra esse negócio de autógrafo?", questionou ele, em dezembro de 2015. Veja abaixo:
Tava aqui pensando e acho que é o caso de perguntar. Algum sobrinho aí ainda liga pra esse negócio de autógrafo?
— William Bonner (@realwbonner) December 11, 2015
Tinha uns versinhos que o tio postava pra chamar o sono. Mas acho que não resolveriam.
— William Bonner (@realwbonner) August 9, 2017
Com o tempo, reduziu a frequência de posts. Até parar de vez em 2 de julho de 2019, quando escreveu: "É aquilo que eu sempre digo. Boa noite". Desde então, só apareceu para compartilhar um pedaço da bandeira do Brasil como um sinal de luto e para denunciar o uso do nome e dos dados pessoais do filho dele, Vinícius Bonemer, para fraudes. Ambas as publicações foram feitas em maio do ano passado:
É aquilo que eu sempre digo.
— William Bonner (@realwbonner) July 3, 2019
Boa noite.
— William Bonner (@realwbonner) May 10, 2020
Organizando em thread pra facilitar a leitura:
— William Bonner (@realwbonner) May 21, 2020
Interrompo meu silêncio no Twitter para denunciar uma injustiça e uma fraude com dinheiro público.
Primeiro, a injustiça.
No Instagram, Bonner ingressou em 2012, mas a maioria dos posts que fazia tinha os comentários bloqueados. Como um verdadeiro "tiozão" nas redes sociais, o jornalista já compartilhou prints com palavras pela metade, fotos de cachorro, dos filhos, da família, de viagens e de plantas. Também costumava aparecer para exaltar colegas de trabalho e registrar momentos importantes.
Nesse "retorno triunfal" em 2021, o âncora do Jornal Nacional voltou mais acessível e abriu comentários para os seguidores. A maioria deles aparece para elogiar o novo visual de barba, com pedidos para o "tio" ou felizes com o âncora novamente na rede social.
Outros, uma minoria, surgem para lembrar por que ele havia abandonado as redes sociais e escrevem xingamentos como "mentiroso". Ao comentar uma foto do são-paulino Bonner ao lado de Rogério Ceni em 2008, um seguidor escreveu: "Nesse tempo a gente acreditava na Globo. Eita, como a gente era besta".
Os vídeos recentes de maior sucesso do jornalista, que conta com mais de 1,9 milhão de seguidores no Instagram e 10 milhões no Twitter, foram os que ele gravou na bancada do Jornal Nacional, ao lado de Renata Vasconcellos, e um um outro em que mostrou o reencontro com Gloria Maria, que voltou ao trabalho presencial nesta semana após receber as duas doses da vacina contra a Covid-19. Somados, os conteúdos têm mais de 1 milhão de visualizações. Assista a um deles abaixo:
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Em agosto de 2020, durante uma entrevista virtual para o Altas Horas, William Bonner explicou por que estava fora das redes sociais. Para o jornalista, as fake news e o ódio dos seguidores prejudicaram muito o ambiente virtual.
"Quando eu cheguei [nas redes sociais], em 2008 ou 2009, aquilo era uma fonte de diversão, eu me divertia muito ali. Tem gente que fica intelectualizando o que eu fiz, diz que eu criei um personagem de 'tiozão'. Eu não fiz nada disso. Eu entrei lá e comecei a trocar mensagem com as pessoas. Estava lidando com jovens de 16, 17 anos, às vezes até menos. Eles achavam um barato o cara do Jornal Nacional fazendo graça", lembrou.
"Mas agora a graça [das redes sociais] acabou. Aquilo é um campo de batalha agora. Fake news são um grande problema planetário, não é do Brasil apenas. O que acontece com as fake news é que elas têm interferido, por exemplo, em eleições, e isso é muito perigoso, mas têm interferido também na saúde pública. O efeito prático é que a humanidade está regredindo em diversos aspectos", comentou Bonner, na ocasião.
Durante a live com Gloria Maria na segunda-feira (23), Bonner avisou que ele e a equipe da Globo estavam realizando reuniões para definir como vai ser um "Insta novo que vai chegar aí e é segredo". Aguardemos.
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