CARLA CECATO
REPRODUÇÃO/RECORD
Carla Cecato em sua última participação no Fala Brasil, em 9 de setembro; apresentadora pediu para sair do telejornal
GABRIEL PERLINE
Publicado em 27/9/2019 - 5h13
Após quase 20 dias afastada da bancada do Fala Brasil, telejornal matutino da Record, a apresentadora Carla Cecato rompeu o silêncio e revelou os motivos de sua ausência: estafa e crise de insônia. Por essas razões, ela pediu seu desligamento do noticiário que comandou durante dez anos. "Era a minha saúde que estava em jogo", avalia.
"Estou de licença médica, porque o excesso de trabalho na madrugada e a insônia, que eu estou com problema de insônia há três anos, fizeram cair a minha imunidade e eu cheguei à conclusão de que não daria mais [para continuar no telejornal da Record]", diz ela ao Notícias da TV.
O Fala Brasil é exibido das 8h45 às 9h50, mas Carla precisava estar na Record às 6h. Para isso, acordava pouco antes das 5h. O horário de entrada na emissora já não se configura como madrugada, mas o agravante foram as frequentes crises de insônia, que lhe provocaram estafa. Foi por isso que ela pediu para sair.
"Eu descobri que a gente não é super-humano, eu não sou a Mulher-Maravilha, uma heroína. Eu realmente pifei. Fiquei muito triste, porque gosto muito do Fala Brasil, é um jornal pelo qual eu tenho um carinho, estou lá há tanto tempo. Entrei em 2009. Na Record, eu entrei em 2005. É difícil abandonar. É como abandonar um filho. Dói. Mas eu precisava", frisou Carla.
Embora não tenha sido diagnosticada com síndrome de burnout, doença que fez Izabella Camargo ser demitida da Globo --e readmitida após uma determinação judicial--, a apresentadora da Record temia ter o mesmo destino. Foi surpreendida com a compreensão de seus superiores.
"A Record foi superbacana de me acolher e entender esse momento, além de estudar um novo projeto para mim. O que foi mais bacana é que a casa não abriu mão de mim. Fiquei emocionada e feliz, porque eu achei que teria que sair", desabafou.
A última aparição de Carla Cecato no Fala Brasil foi em 9 de setembro, uma segunda-feira. Ao término daquela edição do telejornal, ela pediu afastamento para cuidar da saúde e emendou com suas férias, que acabam em 20 de outubro. No dia seguinte, quando voltar à Record ela se reunirá com Antonio Guerreiro, vice-presidente de Jornalismo da emissora, para definir como será seu futuro por lá.
"A casa tem vários projetos para sair no ano que vem. O Guerreiro me falou. Eles estão estudando o meu nome para alguns deles. Por enquanto, não temos nenhum definido. E isso só será definido quando eu voltar de férias", disse.
Recentemente, dois jornalistas pediram demissão de ótimos empregos com um motivo em comum: não aguentavam mais trabalhar na madrugada.
Monalisa Perrone, que trocou o Hora 1 da Globo pela CNN Brasil, exigiu em seu novo contrato uma cláusula determinando que não irá, em hipótese alguma, dar expediente entre meia-noite e 8h. Já Fabio Pannunzio deixou a Band, onde apresentava o Jornal da Noite, porque as jornadas não eram compatíveis com sua necessidade de cuidar da saúde.
No ano passado, William Waack recusou uma proposta da Band porque o convite era para apresentar o Jornal da Noite. Uma decisão coerente para alguém que apresentou o Jornal da Globo durante 12 anos e chegou a reclamar no ar do horário tardio em que o telejornal era exibido.
Christiane Pelajo, que dividiu bancada com Waack, protestava que não tinha "vida social", que não podia ir a jantares e festas. Muito antes deles, no longínquo ano 2000, Lillian Witte Fibe deixou o telejornal (e a Globo) atirando. "Nesse momento estou preocupada com a minha qualidade de vida. Não quero mais dormir durante o dia e viver à noite", disse em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo.
Izabella Camargo desenvolveu a síndrome de burnout, o ponto máximo do estresse profissional, desgaste emocional que danifica aspectos físicos e psíquicos da pessoa, reduzindo a naturalidade e a velocidade com que ela realiza tarefas. Ela chegou a ter um apagão no ar em um dos telejornais da Globo.
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