ESTREIA TERÇA
Fotos: Fábio Rocha/TV Globo
Thainá Duarte, Taís Araujo, Débora Falabella e Leandra Leal são as protagonistas da série Aruanas
MÁRCIA PEREIRA
Publicado em 23/4/2020 - 0h01
Aruanas estreia na Globo na próxima terça-feira (28) metendo o dedo na ferida do governo Jair Bolsonaro. Com o país dividido entre os que apoiam o presidente e aqueles que desaprovam, a série sobre ativistas que enfrentam destruidores da Amazônia chega à TV aberta em um momento em que todos refletem sobre o que é mais importante: a vida ou o bolso.
Protagonizada por quatro mulheres que se sacrificam por um ideal, a atração mostra feridas abertas na Amazônia e que já renderam muitas críticas a Bolsonaro em todo o mundo. Mesmo assim, os autores Marcos Nisti e Estela Renner dizem realizar um sonho ao poderem mostrar um conteúdo ficcional baseado na força de uma realidade brutal. Eles não temem boicotes, como aconteceu com outras produções.
Se a história mete o dedo na ferida do atual governo, não era a intenção dos criadores. O projeto nasceu há dez anos, e a primeira temporada foi elaborada antes mesmo de Bolsonaro virar presidente.
"Não é uma carapuça, começamos a fazer em 2010. Quando estávamos gravando, nunca imaginamos viver a situação que estamos vivendo hoje. Começamos a desenhar a série em 2010 e resolvemos escrever mesmo em 2016. Então, não foi uma mensagem diretamente ao governo A, B ou C", diz Nisti ao Notícias da TV.
"Não somos alienados, mas o fato é que essa série está sendo lançada no recorde histórico de desmatamento da Amazônia. Se no Globoplay ela foi lançada no meio dos incêndios, agora ela está sendo lançada no meio desse dado que acabou de sair", continua o autor.
Para Nisti, o público está vivendo um trauma coletivo e muito pesado por causa do coronavírus, e as pessoas precisam fazer escolhas. "Escolherem o mundo que querem viver. Não é uma briga política, é uma briga pela vida", declara.
Estela aponta que o momento é oportuno porque "é de regeneração pessoal". Ela, inclusive, se emocionou e ficou com a voz embargada durante a conversa que teve com jornalistas em uma conferência virtual realizada na quarta (22). "O Brasil é o país que mais mata [ativistas] e com mais casos de impunidade. Por que a gente mata aqueles que protegem nosso futuro?", questiona a autora.
Marcos Nisti e Estela Renner já escreveram a segunda temporada da série para o Globoplay
A estreia da primeira temporada na TV acontece nove meses após o lançamento no Globoplay e em 150 países. A série já tinha começado as gravações da segunda temporada, que estrearia em dezembro, mas o adiamento da continuação é inevitável. Os trabalhos foram paralisados por causa da pandemia de coronavírus.
Em 2019, o desmatamento da Amazônia cresceu 30% na comparação com 2018, segundo o Prodes (Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite). Porém, Aruanas não é uma aula de ativismo. Sua base é mostrar o lado nu e cru desses dados.
Traz três ativistas com perfis diferentes, dramas pessoais fortes e que cortam a narrativa para impactar ainda mais quem acompanha seus esforços. Elas lutam para impedir a poluição dos rios com mercúrio e o roubo de terras de índios. O ponto de partida é o assassinato de um jornalista após ele denunciar os mandos e desmandos dos coronéis da Amazônia.
Na trama, Leandra Leal interpreta Luiza, uma ativista de campo, daquelas que se infiltram em qualquer lugar e correm muito perigo. Taís Araujo é a advogada da ONG Aruanas. Sua personagem, Verônica, faz análises de risco e briga com os "cachorros grandes" seja em tribunais ou delegacias.
Débora Falabella é Natalie. Jornalista e âncora de um programa de TV, ela usa o faro de repórter para apurar denúncias. Já Thainá Duarte ficou com o papel da estagiária Clara, uma personagem que amadurece a cada episódio e que representa o olhar do espectador diante das descobertas terríveis que encontra no caminho. A série é uma coprodução da Globo com a Maria Farinha Filmes.
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