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VILÃ DAS HISTÓRIAS

Manuela Dias vira serial killer nos bastidores de Justiça 2: 'Implacável'

REGINALDO TEIXEIRA/TV GLOBO

Manuela Dias posa com vestido preto e sorrindo em lançamento da série Justiça 2

Manuela Dias é a autora de Justiça 2: série retrata histórias policiais e muitas injustiças

MÁRCIA PEREIRA, colunista

marcia@noticiadastv.com

Publicado em 25/4/2024 - 18h00

Justiça 2 é um espelho da realidade, com uma dose extra de drama na vida de cada um dos três sofridos e injustiçados protagonistas --existe um quarto que não tem nada de inocente; é um estuprador sádico, papel de Murilo Benício. Por trás das histórias está Manuela Dias, autora que foi alçada ao horário nobre justamente depois do sucesso da primeira temporada da série na Globo, em 2016. Nos bastidores, ela é chamada de "serial killer da escrita" e se diverte com isso. 

"Eu lembro da nossa primeira conversa com a autora, quando ela me contou por alto quem era a Silvana e como era a história do Balthazar [Juan Paiva]. Eu falei: 'Gente, mas você não tem clemência, né, Manu?'. Ela me respondeu: 'Eu sou uma serial killer da escrita'. A série, gente, é implacável", diz Maria Padilha, que vive uma dondoca arrependida na trama.

Silvana é uma das responsáveis pelo erros que levaram o inocente Balthazar à prisão. Influenciada pelo marido vilão, Nestor (Marco Ricca), a mulher reconhece o motoboy como um dos autores de um assalto à mão armada ao restaurante de seu pai.

O jovem humilde também é apontado como assassino depois da prisão e fica sete anos encarcerado até provar sua inocência. Ele sai da cadeia sem desejo de vingança, mas Nestor e Silvana embolam sua vida outra vez.

Manuela Dias trabalhou de maneira voraz para criar o enredo e participou ativamente na escolha do elenco --todos os atores foram testados, inclusive Paolla Oliveira e outras estrelas que não costumam se sujeitar mais a isso. 

Inspiração em fatos reais

A autora afirma que parte dos dramas é inspirada em histórias reais, como o reconhecimento fácil que faz um inocente virar bandido para a polícia. Mas somente uma das quatro histórias de Justiça 2 foi de fato arrancada da realidade dela para a dramaturgia. 

"Uma pessoa com quem eu convivo há muitos anos e que trabalha como manicure. Um ponto de droga foi instalado embaixo do prédio dela, dentro de uma comunidade no Rio, e ela passou seis meses sem dormir. Quer dizer, né? Dormindo em condições muito precárias. Ela, ainda bem, não teve o fim da personagem da Geíza [Belize Pombal] nem a filha dela", revela Manuela.

Na saga, a manicure mata o traficante para salvar a vida da filha. Ela é presa pelo homicídio. Sua herdeira, a adolescente Sandra (Gi Fernandes), vira moradora de rua. A garota consegue trabalho de faxineira na empresa de Nestor e acaba refém dele porque se torna laranja em um esquema de corrupção e lavagem de dinheiro. Geíza sai da cadeia sete anos depois e se depara com um novo drama. 

estevam avellar/tv globo

Gi Fernandes e Belize Pombal

Sandra (Gi Fernandes) e Geíza (Belize Pombal)

Manuela revela que a manicure que serviu de inspiração passou por problemas gravíssimos, inclusive psiquiátricos. "Tudo porque a questão da privação do sono é uma coisa muito grave. Ela teve que se mudar e perdeu o imóvel que de fato era da família dela", resume a roteirista.

A escritora conta que as outras histórias da série têm ingredientes reais adicionados. "Saiu uma estatística de 83%, um percentual acachapante dos presos negros entre 18 e 25 anos. São prisões injustas que partem da questão do reconhecimento facial. Então, de novo, a dramaturgia tem uma função de provocar", comenta Manuela, que completa:

A gente tem que juntar essa estatística com esse tratamento da dramaturgia para toda a estrutura de racismo muito mais explícito do que um racismo estrutural que está implicado em determinados dispositivos tecnológicos. E aí a gente está falando de tudo, reconhecimento facial, Google Car, direção sozinha... Essas máquinas são ensinadas. Esses ensinamentos têm pré-conceitos. Não só preconceitos, como princípios muitas vezes criminosos, como a questão do racismo.

A "serial killer da escrita" afirma que escrever Justiça é sobretudo uma vontade de mudar a realidade. Ela afirma que Justiça 2 é uma série feita em cima das feridas do Brasil.

Justiça 2 estreou em 11 de abril no Globoplay. Toda quinta-feira, quatro novos capítulos são disponibilizados na plataforma de streaming. Ao todo, a série terá 28 episódios. A Globo ainda não informa a previsão de quando o projeto entrará no ar na TV aberta.


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