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AMAR É PARA OS FORTES

Álbum de Marcelo D2 inspira série sobre violência policial nas favelas

REPRODUÇÃO/PRIME VIDEO

Maicon Rodrigues em cena de Amar É Para Os Fortes

Maicon Rodrigues vive Digão, policial responsável pela morte de uma criança em uma operação

JOSÉ VIEIRA

jose@noticiasdatv.com

Publicado em 17/11/2023 - 6h30

Amar É Para Os Fortes, álbum visual lançado por Marcelo D2 em 2018, inspirou a série de mesmo nome que estreia nesta sexta (17) no Prime Video. Os episódios denunciam a brutalidade da Polícia Militar nas periferias do Rio de Janeiro e mostram a ineficácia da guerra às drogas no país.

A série apresenta a saga de duas mulheres negras que têm suas vidas transformadas no Dia das Mães. Rita (Tatiana Tiburcio) perde seu filho de 11 anos, Sushi (João Tiburcio), durante uma operação policial na comunidade da Maré. Já Edna (Mariana Nunes) é mãe de Digão (Maicon Rodrigues), o oficial que assassinou a criança. Em busca de justiça e redenção, ambas enfrentarão a corrupção e a morosidade do sistema judiciário.

A ideia de transformar o trabalho de D2 em uma série surgiu no final de 2018, como um dos principais projetos do Prime Video no Brasil. D2 havia criado uma narrativa para o disco por meio de um média-metragem lançado no mesmo ano. Com o apoio da produtora Pródigo Filmes e da roteirista Antonia Pellegrino, a trama foi ampliada, e núcleos familiares se tornaram o ponto fundamental do enredo.

Durante o longo processo de criação, a escritora precisou deixar a chefia da sala de roteiro para conduzir outros projetos. Em seu lugar, entrou Camila Agustini. Em entrevista ao Notícias da TV, a co-criadora explica que deu continuidade ao trabalho sob supervisão de Antonia. "Ficamos muito tempo fazendo, refazendo, reinventando. O projeto sofreu muitas mudanças ao longo da história", relembra.

Camila expõe os principais desafios de transformar um álbum em série. Apesar da sinergia entre os trabalhos, ela reforça que são produtos diferentes. Durante o desenvolvimento da produção, a equipe de roteiro construiu um documento com versos de músicas presentes no álbum de D2 que poderiam se encaixar em diálogos dos personagens.

A roteirista ressalta que o músico tem um militância bem clara contra a violência policial e a guerra às drogas; portanto, os temas precisaram se mostrar presentes em cada etapa do projeto. "Primeiro, ficamos num processo de construção dos personagens no universo, apertando coisas que chamavam a atenção da gente, com potência dramatúrgica, para incorporar na trama."

Depois, tem outro processo que é totalmente autônomo. O D2, nesse álbum, em toda a história, tem uma militância muito firme contra violência policial e pela legalização das drogas por várias vertentes. Uma delas, principalmente, é que a guerra às drogas não funciona. Essa guerra às drogas que está aí, com polícia entrando em favela, não diminui o tráfico nem o consumo.

Após o alinhamento ideológico entre o enredo e o trabalho do rapper, Camila e o time de roteiristas partiram para uma construção inédita. "Depois que a sala de roteiro começa, é trem descarrilhando. É toda hora criando e buscando extração", brinca.

A co-criadora enaltece a importância da arte para os personagens da série --algo que se mostra presente no média-metragem de D2. "Tinha uma coisa de a música ser importante, de a arte ser importante. No núcleo dos jovens, são todos artistas. A música tem uma função aqui que é maior do que só a trilha sonora, faz parte da constituição da dramaturgia."

Assista ao trailer:

Quem é Camila Agustini?

A roteirista iniciou a trajetória profissional como advogada especializada em direitos humanos. Camila chegou a trabalhar na coordenação de legislação patrimonial no Ministério do Planejamento entre 2006 e 2008.

"Trabalhei com o governo federal justamente com regularização fundiária, que é garantir segurança jurídica a moradia em ocupações irregulares. Viajei o Brasil inteiro conhecendo situações de favela, de população ribeirinha, de população quilombola, de população indígena", explica.

Camila conta que sua mãe sempre foi cinéfila. Aos 12 anos, a roteirista estava acostumada a assistir aos filmes do diretor sueco Ingmar Bergman (1918-2007). No entanto, acabou seguindo para o Direito.

Durante sua graduação na Universidade de São Paulo, iniciada em 1998, ela conheceu a Escuela Internacional de Cine y Televisión (EICTV), em Cuba. Mesmo com o sonho de seguir carreira no audiovisual, ela optou por não se inscrever nas provas da instituição.

Em 2008, em uma reunião no Ministério de Planejamento, Camila foi surpreendida com uma ligação de sua irmã. Ao retornar a chamada, recebeu a notícia de que precisaria viajar para Belo Horizonte.

"Eu perguntei: 'Pra fazer o quê?'. E ela respondeu: 'Te inscrevi para fazer a prova da escola de Cuba, porque esse é o último ano que você pode aplicar. Não posso ter uma irmã que tinha um sonho e se recusou a tentar'", recorda.

Camila largou a carreira no governo para se dedicar ao audiovisual. Além de Amar É Para Os Fortes, ela trabalhou no desenvolvimento de projetos transmídia da Globo e é uma das organizadoras do Festival de Roteiro Audiovisual de Porto Alegre.


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