CRÍTICA
Divulgação/Netflix
Lauren German e Tom Ellis na sexta temporada de Lucifer; últimos episódios estreiam nesta sexta (9)
Resgatada pela Netflix há três anos depois de ter sido cancelada pela Fox, Lucifer finalmente encontrou o seu final oficial com o lançamento de sua última temporada nesta sexta-feira (10) no serviço de streaming. Com um arco que conclui a redenção do Diabo, o encerramento da série é digno, mas deixa um sabor agridoce na boca do fã.
Após sofrer com o desgaste iminente de sua narrativa no quinto ano, Lucifer corria o risco de se estender a ponto de sufocar a história do protagonista vivido por Tom Ellis. No entanto, por mais absurdas que algumas escolhas poderiam ser, as alternativas encontradas para encerrar a trama acabam se justificando.
Showrunner da atração em seus últimos anos, Joe Henderson encontrou muitas possibilidades para oxigenar a série sem ficar rodando no mesmo lugar. Baseada no personagem criado por Neil Gaiman dentro do universo de Sandman --outra obra que ganhará série live-action na Netflix--, a produção buscou dentro de suas origens bíblicas narrativas que poderiam ser usadas na trama.
[Atenção: este texto contém spoilers da última temporada de Lucifer]
Além de Lúcifer, Amenadiel (D.B. Woodside) e inúmeros anjos e demônios introduzidos na trama, a série trouxe Caim (Tom Welling), Eva (Inbar Lavi) e até Deus (Dennis Haysbert) para interagir com os personagens humanos. Recursos narrativos como musicais, episódios em preto e branco e até uma inédita sequência em animação ajudaram a deixar a trama (um pouco) mais movimentada.
Para causar tanto ou mais impacto do que nos anos anteriores, a alternativa usada para chacoalhar o último ano da série foi a introdução de Rory (Brianna Hildebrand), uma anja adolescente que surge buscando vingança contra o Diabo. A grande reviravolta, no entanto, é a revelação de que, na verdade, a garota é a filha de Lúcifer e Chloe (Lauren German) que viajou no tempo para matar o pai.
DIVULGAÇÃO/NETFLIX
Chloe e Lúcifer animados
Avançar nos detalhes entregaria spoilers desnecessários, mas, o que no início parecia uma atitude desesperada dos roteiristas em entregar algo novo acaba se tornando uma ótima opção para concluir o arco de redenção do personagem-título. Lucifer, afinal, sempre foi sobre a evolução de seu protagonista e a capacidade de se provar como uma pessoa (celestial) falha, e não o diabo de pele vermelha, chifres e rabo em formato de flecha que pintam há milênios.
A chegada de Rory também impede que Chloe caia no ostracismo de ser apenas uma muleta para seu amado. Nas últimas temporadas, a detetive havia deixado de ser um pilar que se sustentava sozinho para ser o apoio moral e sexual de Lúcifer. No sexto ano, ela volta a andar e refletir por conta própria, e é recompensada com uma conclusão fiel à história da personagem.
Em clima de despedida, a série encerra com dignidade a história de todos os seus coadjuvantes. Parte da redenção de Lúcifer sempre foi dar aos seus o que lhes era por direito, seja atenção, amor, amizade ou respeito. Quase não ficam pontas soltas, e até Dan (Kevin Alejandro) consegue encerrar a sua trajetória de forma que sua morte no quinto ano também não fosse apenas uma tentativa frustrada de revigorar a atração.
Como quase todos os encerramentos, o final de Lucifer não poderia ser menos agridoce. Uma série que, para fazer jus ao seu universo, ressuscitou dos mortos para se tornar um fenômeno do streaming e conquistar fãs pelo mundo todo. Despedir-se nunca é fácil, mas a atração da Netflix o faz da forma triste e justa que deveria ser.
Assista ao trailer da última temporada de Lucifer:
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