Estreia no Globoplay
Imagens: Divulgação/AMC
Scoot McNairy mexe em um computador pessoal (ou PC) dos anos 1980 na série Halt and Catch Fire
JOÃO DA PAZ
Publicado em 9/10/2019 - 4h51
Pela primeira vez, a elogiada série Halt and Catch Fire (2014-2017) ficará disponível ao público brasileiro em uma plataforma de streaming. O drama ambientado nos anos 1980, sobre a era dos computadores pessoais pré-Google, chega nesta quarta-feira (9) ao Globoplay. A atração teve 40 episódios, espalhados em quatro temporadas.
Halt and Catch Fire estreou há cinco anos sob pressão, comparada com Mad Men (2007-2015), outra série do canal AMC, mas com a informática em vez da publicidade como tema principal, e situada duas décadas depois. Por mais que não tenha marcado presença no circuito de premiações, Halt and Catch Fire conquistou os corações dos especialistas no assunto e cativou um público fiel.
A produção se propõe a contar os bastidores da indústria de computadores nos Estados Unidos. O ponto de partida é o personagem Joe MacMillan (Lee Pace), um ex-executivo de vendas da IBM. Ele lidera a equipe de uma empresa em crise dedicada a descobrir a tecnologia por trás do primeiro computador pessoal da IBM.
Dez anos desse mundo da informática foram narrados em Halt and Catch Fire, até meados da década de 1990. Então, a série abrangiu de tudo, da criação de navegadores de internet a sites de busca. Ganharam espaço também jogos de computadores e de consoles, passando pela moda da época, empoderamento feminino e música. Confira cinco motivos para ver Halt and Catch Fire:
Recente pesquisa da FGV-SP (Fundação Getúlio Vargas de São Paulo) revelou que estão em uso, somente no Brasil, 230 milhões de smartphones, aqueles aparelhos celulares tão potentes e eficientes quanto um computador pessoal (PC), mas que cabem no bolso. Há 30 anos, a realidade era outra, e os tais PCs eram verdadeiros trambolhos, pesados, com muitos fios e poucos recursos e memória.
Halt and Catch Fire narrou a maneira com que pioneiros da computação tentaram, ao máximo, transformar a nova tecnologia em algo acessível. Nessa viagem, o telespectador jovem se depara com telas pretas cheias de letras verdes, de máquinas que demoravam minutos para ligar. É um convite irrecusável para testemunhar como era o mundo em uma época pré-Google.
Um derivado do sistema de busca, aliás, apareceu na trama de uma forma muito curiosa. O telespectador verá o trabalho hercúleo de dezenas de pessoas para montar um simples site de pesquisa. Há também os primeiros jogos online e os consoles arcaicos e clássicos, como Atari e Nintendo.
Kerry Bishé (Donna) e Mackenzie Davis (Cameron) são empoderadas em Halt and Catch Fire
Mulheres tiveram um papel importante na indústria da informática nos anos 1980. A série abriu espaço para duas personagens que assumiram papéis decisivos ao longo da trama. Cameron (Mackenzie Davis) deixou de ser apenas uma garota alternativa, e Donna (Kerry Bishé) abandonou o rótulo de mulher adestrada do marido, um engenheiro da computação.
Com uma atitude mais punk, Cameron desejava gastar seus dotes com processamento de dados em outra área, a de videogames. E Donna mostrou que era uma engenheira da computação tão talentosa quanto o marido Gordon (Scoot McNairy) e passou a buscar o próprio espaço na indústria.
Halt and Catch Fire está naquela lista de séries desta década que surfaram na onda da nostalgia dos anos 1980. O foco são os computadores, mas o drama do canal AMC vai além com um resgate de roupas, penteados, móveis e tudo relacionado a uma época mágica que desperta saudade em quem a viveu e curiosidade entre os telespectadores mais novos.
A música de Halt and Catch Fire merece um destaque à parte. O cuidado do supervisor musical Thomas Golubic, com trabalhos em The Walking Dead e Breaking Bad (2008-2013), faz a série um deleite de ser ouvida. O telespectador será bombardeado com canções épicas de bandas do nível de Talking Heads, XTC, Creedence Clearwater Revival, The Clash e Bad Brains, entre outras.
Vale mencionar também a trilha da vinheta de abertura, com um som que é uma síntese dos anos 1980. Um mandamento para quem for assistir a Halt and Catch Fire é nunca pular a vinheta, feita pelo mesmo estúdio que criou a de Game of Thrones (2011-2019), American Gods e True Detective. Para quem tem curiosidade, veja a abertura no vídeo abaixo, com uma referência à Microsoft:
Uma característica forte de Halt and Catch Fire é a direção. Passaram pela série nomes premiados e aplaudidos de Hollywood, a começar pelos dois primeiros episódios, dirigidos pelo argentino Juan José Campanella, diretor de O Segredo dos Seus Olhos (2009), longa vencedor do Oscar na categoria melhor filme estrangeiro.
O público assiste a planos e ângulos de cenas ousadas e diferentonas, assinadas por profissionais diversos como Phil Abraham (vencedor do Emmy de fotografia por Mad Men), Reed Morano (vencedora do Emmy por The Handmaid's Tale) e Kimberly Peirce (diretora de Meninos Não Choram).
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