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REVIVAL

Dexter: New Blood vacila ao tentar justificar retorno só com nostalgia

Divulgação/Paramount+

Michael C. Hall em cena da minissérie Dexter: New Blood

Michael C. Hall está de volta como o serial killer Dexter Morgan em Dexter: New Blood, do Paramount+

ANDRÉ ZULIANI

andre@noticiasdatv.com

Publicado em 9/11/2021 - 6h15

Oito anos depois do fim da série original, o serial killer Dexter Morgan (Michael C. Hall) está de volta em Dexter: New Blood, minissérie do Paramount+ que mostra o que aconteceu com um dos personagens queridinhos da cultura pop entre os anos 2000 e 2010 depois do polêmico final. No entanto, a nova produção vacila ao tentar justificar seu retorno apenas com nostalgia.

A missão de reintroduzir Dexter para antigos e novos fãs ficou sob a responsabilidade de Clyde Phillips, ex-showrunner da série nas quatro primeiras temporadas --ou seja, o homem que apresentou a melhor fase do personagem. No papel principal, Michael C. Hall também retorna para apagar (na medida do possível) o controverso desfecho da série original.

Situada quase 10 anos depois do fim de Dexter (2006-2013), New Blood reintroduz o protagonista no mesmo ponto em que os fãs o viram pela última vez. Dexter Morgan deixou para trás a sua vida na quente Miami para recomeçar no ar gélido de Iron Lake, no interior do Estado de Nova York.

Depois de fingir a própria morte, Dexter alterou sua identidade e agora atende pelo nome de Jim Lindsay, o amistoso funcionário de uma loja de armas que, vejam só, não aguenta ver sangue. Para fugir de seus instintos assassinos, ele se mantém próximo às ferramentas que tanto usou para matar.

Além do novo trabalho, o protagonista engatou um relacionamento amoroso com Angela Bishop (Julia Jones), a chefe de polícia local. Conhecido por todos da pequena cidade, Dexter (ou Jim) pouco fala sobre o seu passado e faz de tudo para esconder quaisquer informações sobre isso.

DIVULGAÇÃO/PARAMOUNT+

Harrison, Dexter e Angela

Com Dexter tentando ignorar seu "dark passenger" (passageiro sombrio, em tradução livre), a maneira com que Philips justifica a volta do instinto assassino do protagonista soa boba e até um pouco preguiçosa. Em um mundo cheio de pessoas más e ignorantes, é necessário "apenas" um jovem rico e mimado --com tendências um tanto doentias-- para que o protagonista deixa aflorar novamente o seu lado serial killer.

Quase uma década depois de abandonar Miami para tentar recomeçar longe de seu passado sangrento, Dexter coloca tudo a perder apenas para silenciar alguém insuportável. Ok, se o objetivo era fazer com o que o serial killer voltasse a dar as caras, não seria necessária uma grande reviravolta para agradar aos fãs.

Mesmo em um cenário totalmente novo, New Blood resgata tudo o que fez da série original o sucesso que foi. As justificativas para matar, a ligação quase umbilical com a polícia e a boa e velha "voz interior" representada na imagem de uma pessoa querida. Aqui, em vez de seu finado pai (James Remar), Dexter vê o espírito de Deb Morgan (Jennifer Carpenter), a irmã que morreu na última temporada.

É interessante ver a dinâmica entre Dexter e o espírito de Deb. Diferentemente do pai, que servia quase como um código moral para que o protagonista não se entregasse ao perfil psicopata, a irmã mais parece um fantasma atormentador do que uma mentora para a resistência do lado "bom" do serial killer.

Tudo o que poderia ser novo em New Blood é utilizado bebendo da fonte da nostalgia. Nos dois primeiros episódios do revival aos quais o Notícias da TV teve acesso, esta decisão criativa mostra-se muito pouco para trazer o querido personagem de volta.

Nem a presença de Harrison (Jack Alcott) oferece frescor aos novos episódios. A chegada de seu filho perdido, que aparece atrás de respostas sobre seu passado, serve para que Dexter o proteja de seu lado assassino da mesma maneira com que tentou fazer com Deb --e a série original provou que nem sempre isso será possível.

Neste início, o vilão Kurt Caldwell (Clancy Brown) pouco tem a acrescentar, mas ele ainda pode movimentar o revival de tal modo que sua existência seja justificada. Até o momento, beber da nostalgia da série original pode agradar a alguns, mas será necessário muito mais para New Blood apagar o que o final de Dexter fez para destruir o legado da série original.

Assista ao trailer legendado de Dexter: New Blood:


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