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Reprise na Globo

De síndica reacionária a garota mau-caráter: Como Toma Lá Dá Cá fez retrato do Brasil

Divulgação/TV Globo

O elenco principal de Toma Lá Dá Cá sorri para a câmera na época da estreia da série, em 2007

O elenco principal de Toma Lá Dá Cá na estreia da série, em 2007; humorístico será reprisado na Globo

FERNANDA LOPES

Publicado em 1/8/2020 - 7h05

Toma Lá Dá Cá foi ao ar originalmente entre 2007 e 2009, mas vários pontos da série permanecem atuais. O programa, que a partir deste sábado (1º) volta a ser exibido na Globo, tem personagens que até hoje fazem sucesso com o público, como uma síndica tirana e uma jovem trambiqueira. Há quem diga que a atração até previu a pandemia de Covid-19.

Na coletiva de imprensa para apresentar a série, lá em 2007, Miguel Falabella já comentou que se tratava de uma comédia de confinamento. São raríssimas as cenas de Toma Lá Dá Dá que ultrapassam os limites dos dois apartamentos e do hall do condomínio onde moram as famílias protagonistas.

De um lado do andar, estão Mário Jorge (Falabella), corretor de imóveis, e Celinha (Adriana Esteves), dona de casa. Do outro, moram Rita (Marisa Orth), também corretora, e Arnaldo (Diogo Vilela), dentista. Mário Jorge e Rita no passado foram casados, assim como Celinha e Arnaldo --os pares se inverteram. 

Na década de 2000, as famílias já não seguiam mais aquela estrutura tradicional, de comercial de margarina, e Toma Lá Dá Cá retratava isso, com as novas estruturas familiares e a vida muitas vezes conturbada em condomínio. Mas a série ia além, com filhos, parentes e vizinhos ainda mais disruptivos.

Isadora (Fernanda Rodrigues) era uma representação dos trambiques, do chamado "jeitinho brasileiro". A jovem estava sempre tentando se dar bem e tirar vantagem, sem fazer muito esforço ou estudar para subir na vida, por exemplo. Era chamada pelo próprio pai de "garota mau-caráter" e "garota de olho junto".

Tatalo (George Sauma), seu irmão, e Copélia (Arlete Salles), mãe de Celinha e ninfomaníaca, também frequentemente se envolviam em negócios duvidosos. A personagem de Arlete Salles era uma das mais divertidas da série, com seus relatos sexuais e de embriaguez absurdos. Também tinha um bordão: sempre que falava sobre um tema "proibidão", terminava suas frazes com "prefiro não comentar".

Tirania, epidemia e milícia

Copélia, Isadora e várias situações pelas quais as famílias passavam eram alvos da tirania de dona Álvara (Stella Miranda), a síndica do prédio. Embaixadora da moral e dos bons costumes no condomínio, ela vivia se intrometendo na vida dos moradores e tentava impor sua autoridade de forma totalmente equivocada, com criação de taxas e proibição de manifestações, por exemplo.

Por seu jeito reacionário e sem noção, dona Álvara virou meme nas redes sociais, com internautas que a comparam com o presidente Jair Bolsonaro. No entanto Stella Miranda, atriz que a interpreta, faz questão de limpar a barra da personagem.

"Coitada, ela tem bom coração. Ela era uma vilã, mas era querida. Não sei se é porque eu defendo a personagem, mas ela não tinha preconceito algum. Ela era casada com o Ladir [Ítalo Rossi], que era gay. Álvara não tem nada de bolsonarista. Era radical, linha dura, mas era muito humana. É muito interessante a personagem, acho que dona Álvara é uma tirana adorável, se é que existe isso", afirma Stella.

Neste ano, após Toma Lá Dá Cá entrar para o catálogo do Globoplay, alguns telespectadores repararam que um dos episódios tem muitas semelhanças com a situação do Brasil durante a pandemia de Covid-19.

Entre as coincidências, o público apontou que o comportamento de Álvara durante um surto de dengue era bastante parecido com o discurso do presidente Jair Bolsonaro diante da atual crise de saúde pública.

No episódio Uma Epidemia Politicamente Correta, o Jambalaya Ocean Drive enfrentou uma infestação de mosquitos, e muitos moradores contraíram dengue. Mas dona Álvara se recusou a assumir que o local vivia uma epidemia da doença e chamoy quem a confrontava de "comunista". Confira o trecho:

Telespectadores também lembraram que a síndica era investigada no seriado por sua relação com grupos paramilitares, em alusão a reportagens que questionam a suposta ligação de Bolsonaro com milicianos. Na última temporada, inclusive, Álvara se tornou a chefe da Milícia do Jambalaya, a Mija.

Toma Lá Dá Cá será reprisada nas tardes de sábado na Globo, a partir das 14h. A série também está disponível na íntegra no Globoplay.

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