ANIMAÇÃO ADULTA
Divulgação/Netflix
Scarlet, Lemon e Safira, as três protagonistas da animação brasileira Super Drags, da Netflix
RAPHAEL SCIRE
Publicado em 13/11/2018 - 5h31
Lançada na última sexta-feira (9), a animação Super Drags é o primeiro desenho animado brasileiro da Netflix e já chegou com babado, confusão e gritaria. Antes mesmo de entrar no ar, foi alvo da Sociedade Brasileira de Pediatria, que pediu o cancelamento da série, e do deputado federal Alan Rick (DEM-AC), que a repudiou por sua "conotação sexual".
A Netflix foi rápida e soltou um comunicado deixando claro que Super Drags é voltada ao público adulto. Explicou didaticamente como ativar as configurações de segurança da plataforma de streaming, de modo a evitar que crianças desavisadas esbarrem com o colorido das queens.
Super Drags conta a história de três jovens gays (Patrick, Ralph e Donizete) que se transformam em super-heroínas drag queens, Lemon Chifon, Safira Cyan e Scarlet Carmesim, respectivamente. Elas têm a missão de proteger a comunidade LGBTQ+ das maldades da vilã Lady Elza, do conservadorismo e do preconceito.
É justamente por caminhar em um terreno tão delicado que o desenho tem seus trunfos. Aliado a isso, a postura da Netflix que, afrontosa e sem medo de bancar escolhas polêmicas, diversifica seu catálogo, mesmo correndo o risco de perder parte dos assinantes. Confira cinco motivos que tornam Super Drags imperdível:
Rapidinha
Super Drags é uma série rápida, de cinco episódios, cada um de no máximo 25 minutos. A curta duração do desenho não toma muito tempo do público e, de quebra, faz com que a história deslanche sem muitas enrolações.
Pajubá
O humor, embora grosseiro como a própria Netflix anuncia antes do início do desenho, tem lá um excesso de falocentrismo nas piadas sexuais, mas é inclusivo e crítico. Super Drags aborda com naturalidade temas delicados, como homofobia, distúrbios de imagem, cura gay e racismo. A linguagem do pajubá (dialeto da comunidade LGBTQ+) também é destaque e contribui para a irreverência.
Referências
Uma das coisas mais legais da animação é tentar encontrar as referências a figuras conhecidas do público brasileiro. Tem de tudo um pouco: as cantoras Ana Carolina e Pabllo Vittar, que inclusive empresta sua voz à personagem Goldiva; a grávida de Taubaté, mulher que viralizou na internet após apresentar uma falsa história de gravidez no programa Hoje em Dia; a apresentadora Hebe Camargo (1929-2012) em uma versão, digamos, "maconheira"; e até Seu Peru (Orlando Drummond), lendário personagem gay da Escolinha do Professor Raimundo.
Produção nacional com toques internacionais
Salta aos olhos a qualidade técnica do desenho, que bebe na fonte de outras animações, como Meninas Superpoderosas, Três Espiãs Demais, Sailor Moon e até da finada Superliga de VJs Paladinos, da MTV. A chegada de um título nacional do gênero ao catálogo internacional da Netflix abre precedentes para que novos produtos similares ganhem destaque e movimentem o mercado audiovisual.
Scarlet Carmesim
Super Drags vale principalmente por Donizete/Scarlet Carmesim, a melhor heroína do desenho. Desbocada, despachada e hilária, ela é a alma das três queens. Além disso, protagoniza as situações mais divertidas da animação _como quando Donizete é preso depois de uma confusão em um ônibus.
Assim como Pabllo Vittar, Super Drags prova que tem tudo para ir longe demais. O anúncio ao fim do desenho, pedindo uma nova temporada à Netflix, mostra que as drags estão dispostas a continuar dando muito close e muita pinta por aí.
© 2024 Notícias da TV | Proibida a reprodução
Mais lidas
Política de comentários
Este espaço visa ampliar o debate sobre o assunto abordado na notícia, democrática e respeitosamente. Não são aceitos comentários anônimos nem que firam leis e princípios éticos e morais ou que promovam atividades ilícitas ou criminosas. Assim, comentários caluniosos, difamatórios, preconceituosos, ofensivos, agressivos, que usam palavras de baixo calão, incitam a violência, exprimam discurso de ódio ou contenham links são sumariamente deletados.