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Verdades e mitos

Dá para levar a sério os números de audiência divulgados pela Netflix?

Divulgação/Lifetime

Penn Badgley em cena de You; série é um sucesso na Netflix ou é só um mito criado pela gigante do streaming? - Divulgação/Lifetime

Penn Badgley em cena de You; série é um sucesso na Netflix ou é só um mito criado pela gigante do streaming?

JOÃO DA PAZ

Publicado em 5/2/2019 - 5h26

Mal começou o ano e a Netflix já se gaba dos sucessos de audiência que seriam as séries You e Sex Education. Sem revelar detalhes relevantes, a gigante do streaming divulgou que 40 milhões de pessoas assistiram a ambas as séries no primeiro mês em que ficaram disponíveis na plataforma. Ontem (4), um importante executivo da TV norte-americana veio a público desmascarar esse dado.

Em uma entrevista bombástica, durante o seminário da TCA (Associação de Críticos de Televisão dos Estados Unidos), John Landgraf, diretor-executivo do canal FX, disse que a Netflix "cria um mito ao não esclarecer para o público o significado desses números [de audiência]".

Segundo Landgraf, a verdadeira audiência de You foram 8 milhões de telespectadores por episódio, em média, de acordo com a Nielsen, o Ibope norte-americano. Sex Education registrou média de 3 milhões.

O executivo John Landgraf durante seminário da TCA

"A audiência de You é muito boa, mas não é uma média de 40 milhões", pontuou Landgraf. Ele acusou a Netflix de confundir jornalistas e público ao dar a entender que os números divulgados por ela são referentes à média de público por um único episódio, "o que faria de You a maior audiência de toda a TV!", exclamou.

O que a Netflix chama de audiência são usuários que assistiram a pelo menos 70% de um único episódio de uma série, método que não é usado no mercado americano de maneira geral.

Ainda neste ano, a Nielsen prometeu que vai divulgar os números de audiência da Amazon e Hulu, concorrentes diretas da Netflix. "De uma forma ou de outra, a verdade será conhecida por todos", cutucou Landgraf.

Vale ressaltar que há rasuras nesse duelo. Se por um lado a Netflix merece questionamentos ao divulgar dados próprios sem mostrar detalhes, a Nielsen não consegue (ainda) medir audiência exata da Netflix em laptops e celulares. O instituto faz o cálculo baseado em estimativas e contas complexas. Por isso, ainda não os divulga oficialmente (apenas os fornece a assinantes, como Landgraf).

Sucesso boca a boca
A Netflix constrói boa parte de sua audiência no boca a boca. Ocorre com aquela série que o assinante nem sabia que existia, mas de tanto falarem nela na escola ou no trabalho, ele vai lá na plataforma e dá uma conferida. Foi assim recentemente com a italiana Baby.

Há ainda uma ação de marketing agressiva para chamar a atenção do público, que enche pontos estratégicos das grandes cidades com propagandas dos seus novos lançamentos, caso visto com You e Elite, recentemente.

Por outro lado, séries não muito faladas são destaques na Netflix, e parte do público fica sem entender o porquê disso, justamente porque a empresa não divulga os dados completos de audiência de suas séries.

Em 2017, por exemplo, Greenleaf apareceu como a segunda série mais maratonada na plataforma (sessões de mais de 2 horas por dia, dados da própria Netflix). A ótima Greenleaf, sobre escândalos em uma igreja evangélica, não foi um sucesso estrondoso na mídia ou redes sociais.

Por sua vez, no ano passado, o drama policial Safe, impiedosamente massacrado por especialistas, foi uma das séries mais devoradas na Netflix, daquelas que o assinante vê sem parar. O primeiro lugar desse ranking ficou com a francesa O Bosque, também pouco comentada na internet.

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