Baby
Imagens: Divulgação/Netflix
As atrizes Alice Pagani e Benedetta Porcaroli são as protagonistas do drama italiano Baby
JOÃO DA PAZ
Publicado em 4/12/2018 - 5h26
O drama italiano Baby, lançado na última sexta (30), colocou a Netflix em sua terceira polêmica neste ano. Desta vez, por supostamente romantizar a prostituição de menores de idade --o que, de acordo com a ONU, deve ser tratado como tráfico sexual. Antes, a gigante do streaming foi acusada de promover a pedofilia, com o filme Desejarás o Noivo da Sua Irmã, e a gordofobia, com a série Insatiable.
Baseada em uma história real, Baby apresenta duas adolescentes italianas de 16 anos que vivem em Parioli, bairro nobre de Roma. Chiara (Benedetta Porcaroli) e Ludovica (Alice Pagani) são atraídas pelo sexo em troca de dinheiro e de presentes para manter um estilo de vida caro e para descarregar a raiva que têm dos pais e amigos.
Uma ferrenha campanha contra Baby foi organizada pela NCSE (sigla em inglês para Centro Nacional contra a Exploração Sexual), sediada em Nova York, com o apoio de 55 sobreviventes do tráfico sexual. "A Netflix parece que virou as costas para a realidade da exploração sexual", disse em nota Dawn Hawkins, diretora-executiva da organização.
Em seu site, o NCSE recomenda que os apoiadores da causa enviem um tweet para a Netflix pedindo o cancelamento da série. "A Netflix promove o tráfico sexual ao insistir em exibir Baby. Claramente, a Netflix prioriza o lucro em detrimento das vítimas de abuso", disse Dawn em nota.
Neto do aclamado cineasta Vittorio De Sica (1901-1974), Andrea, diretor de Baby, defende-se das acusações dizendo não usar os corpos de forma sensualizada. Em entrevista ao site IndieWire, ele disse que "a atração trata mais sobre o psicológico de adolescentes livres que adentram no mundo da noite e lidam com as consequências de suas escolhas".
Andrea fez questão de ressaltar que não há nudez na série (no máximo, as garotas aparecem de lingerie) e que "o sexo não é o mais importante da trama". Composta de seis episódios, Baby ainda não tem uma segunda temporada confirmada.
Ex-extrela da Disney, Debby Ryan é a protagonista de Insatiable, renovada para o segundo ano
Críticas exageradas
Baby não deixa dúvidas de que Chiara e Ludovica estão na prostituição. Porém, como apontou Andrea, a série vai além dessa questão. Essencialmente, é sobre a amizade entre pessoas que se unem a partir de decepções compartilhadas.
Situação semelhante ocorreu com Insatiable, a série com a pior avaliação da história da Netflix. Antes mesmo da estreia, em agosto, a comédia foi massacrada por sites e redes sociais que a acusavam de gordofobia. Uma petição com mais de 200 mil assinaturas exigia seu cancelamento.
Há cenas que não negam a gordofobia da trama, que passa uma mensagem clara logo no primeiro episódio: os obesos são ridicularizadas e os magros são mais felizes.
A personagem central é Patty (Debby Ryan, ex-Jessie), que sofre bullying na escola por estar acima do peso. Após brigar com um morador de rua, tem a mandíbula imobilizada por três meses e entra de modo forçado em uma dieta à base de líquidos. Ao voltar para a escola, torna-se popular e passa a chamar a atenção dos meninos.
No fundo, Insatiable é uma série ruim, com capítulos longos demais e muito humor negro, o que não é para qualquer telespectador. Ninguém na série presta. A comédia ironiza o mundo cheio de aparências e o público comprou a ideia. A série tem uma segunda temporada confirmada.
A criança Frederica Pérez em cena do polêmico filme argentino Desejarás o Noivo da Sua Irmã
Criança e uma almofada
Em julho, o diretor Diego Kaplan precisou vir a público para defender o filme Desejarás o Noivo da Sua Irmã (2017) contra a acusação de pornografia infantil. Tudo começou quando a jornalista Megan Fox (nada a ver com a atriz famosa) acionou o FBI (polícia norte-americana) e uma organização que luta para o fim da exploração infantil com o objetivo de forçar a Netflix a tirar o longa polêmico do ar.
A cena da discórdia é a que abre o filme. Duas meninas assistem a um faroeste na TV e imitam um homem andando a cavalo. Uma delas se senta em um travesseiro e começa a pular, como se estivesse cavalgando. A trilha muda, a cena fica em câmera lenta e foca no rosto da garota. Ela tem um orgasmo e cai.
"A criança em questão está claramente fazendo um ato de masturbação", Megan escreveu em nota. "A cena, no mínimo, ultrapassa os limites de algo sugestivo."
Kaplan se defendeu dizendo que as meninas "não entendiam o que estavam fazendo, a não ser que estavam imitando um vaqueiro. No set, não haviam adultos interagindo com elas, com exceção do técnico de atuação. As mães das crianças acompanharam todo o processo".
O diretor admitiu que a cena provocaria uma controvérsia e até filmou um making of para mostrar como foi feita. O longa continua disponível na plataforma.
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