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BOM DIA, VERÔNICA

Criador de série da Netflix engana executivos da plataforma; entenda

Fotos: Suzanna Tierie/Netflix

Tainá Müller faz cara de surpresa ao falar no telefone em cena na delegacia de Bom Dia, Verônica, nova série da Netflix

Tainá Müller é a protagonista de Bom Dia, Verônica, suspense nacional que a Netflix estreia nesta quinta (1º)

LUCIANO GUARALDO

luciano@noticiasdatv.com

Publicado em 1/10/2020 - 7h10

Criador da série brasileira Bom Dia, Verônica, cuja primeira temporada estreia na Netflix nesta quinta-feira (1º), o escritor e roteirista Raphael Montes chegou a enganar executivos da gigante do streaming para colocar a atração no ar. Ele jura, no entanto, que ninguém se ofendeu quando a verdade veio à tona.

A mentira ocorreu em 2017, quando alguns figurões da plataforma o procuraram para que ele escrevesse uma série de suspense. Ele rapidamente sugeriu uma adaptação do livro Bom Dia, Verônica, lançado no ano anterior pela escritora Andrea Killmore. Só deixou de lado um detalhe: a tal Andrea era um pseudômino usado por ele e pela criminóloga Ilana Casoy.

Cara de pau, Montes até afirmou na reunião com a Netflix que tinha algumas coisas que Andrea Killmore havia feito no livro e que ele não gostava tanto. "Já falei logo que queria melhorar alguns pontos (risos). Só na hora de pegar o contato da Andrea [para negociar os direitos da obra] que a gente teve que revelar a verdade. Mas os executivos não ficaram chateados", conta ele, em entrevista ao Notícias da TV.

Tirar sua criação das páginas e levá-las para o streaming não foi um golpe do destino. "Quando eu e a Ilana estávamos escrevendo o livro, eu brinquei: 'Você sabe que isso aqui vai ser uma série da Netflix, né?'", lembra ele, que profetizou seu destino --na época, a plataforma ainda não havia lançado nenhuma atração original brasileira; a pioneira, 3%, estrearia só em novembro de 2016.

Raphael Montes e Ilana Casoy: autores do livro e produtores da série

Adaptação fiel, pero no mucho

A tarefa de adaptar para a televisão uma obra literária que eles mesmo tinham escrito não foi nada fácil para Montes e Ilana. Especialmente para ela, novata no mundo do audiovisual. "A frase que eu mais ouvi foi: 'Você tem que desapegar do livro'. Mas como fazer isso se o livro faz parte de nós? Dói, é um trabalho difícil. Tivemos que diminuir histórias que eu achava importante. Mas se você quer contar tudo, acaba não contando nada", desabafa a autora.

Raphael Montes, que já tinha trabalhado no roteiro de séries como Supermax (2016) e da novela A Regra do Jogo (2015), também sofreu, mas de maneira diferente da sua colega. "A adaptação é sempre necessária, mas eu tinha altos debates entre o Raphael escritor e o Raphael roteirista. Algo pode ser muito bom no livro e não funcionar no audiovisual. Precisei mudar para manter a essência da história", explica.

De uma forma geral, a história da série Bom Dia, Verônica segue bem as linhas traçadas pelo livro. A protagonista é Verônica (Tainá Müller), escrivã que decide investigar um homem que engana várias vítimas pela internet e acaba se envolvendo na história de Brandão (Eduardo Moscovis), um serial killer que mantém a própria mulher, Janete (Camila Morgado), como prisioneira em casa.

Mas a atração tem algumas novidades, como a prepotente delegada Anita (Elisa Volpatto), que antagoniza Verônica no núcleo policial. A personagem não existia no livro, mas agradou tanto aos dois autores que aparecerá na continuação literária, Boa Tarde, Verônica.

Tanto para o elenco quanto para a equipe, a chance de participar do primeiro thriller nacional da Netflix é uma alegria. "Nós somos apaixonados por histórias de suspense, crime e mistério. Antes de escritores, somos consumidores. Eu cresci lendo livros, vendo filmes e séries do gênero e me perguntava: 'Cadê isso no Brasil?'. Ouvia que na literatura brasileira isso não dava certo. Mas é questão de hábito. Você acredita que uma história de suspense em Nova York é possível porque já viu várias", filosofa Montes.

"A série tem uma coisa muito especial, que é o fato de ser um thriller muito brasileiro, com questões brasileiras. A gente está acostumado a ver thriller americano, e eles fazem isso muito bem, mas me incomoda quando a gente só tenta copiar o deles. Bom Dia, Verônica tem uma autenticidade nossa, são temas urgentes para nós, levanta debates nossos, mas vai pro mundo todo também. E está todo mundo de olho no Brasil, querendo saber o que diabos está acontecendo aqui!", justifica Tainá Müller.

"Teve uma preocupação muito grande nossa, desde o livro, com a verossimilhança. Hoje isso é uma exigência, a pessoa precisa acreditar naquilo para funcionar. Chutes não são bem-vindos. E todo mundo tem um lado vítima e um lado vilão, por menos que a gente goste disso. Não adianta mostrar um marciano fazendo, tem que ser o vizinho, o amigo, o marido, senão não consegue essa conexão", encerra Ilana.

A primeira temporada de Bom Dia, Verônica conta com oito episódios. O elenco ainda inclui Silvio Guindane, Cesar Melo, Antônio Grassi, Adriano Garib e Sacha Bali, entre outros. Confira o trailer:


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