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Cilada

Cinco séries que só um amigo da onça recomendaria para ver na quarentena

Divulgação/Amazon

Loira, Miley Cyrus aparece entediada, com a mão direita no rosto, em cena da série Crisis in Six Scenes

Miley Cyrus em imagem da comédia Crisis in Six Scenes; atriz foi escolhida a dedo por Woody Allen

JOÃO DA PAZ

Publicado em 27/4/2020 - 5h13

A quarentena por causa do novo coronavírus (Covid-19) passou de um mês e, mesmo após ultramarotanas em frente da TV, ainda há séries que muita gente não assistiu, aquelas obscuras que só um amigo da onça indicaria. São atrações que possuem um certo atrativo, protagonizada por ex-Friends (1994-2004) ou assinada por um cineasta renomado e premiado do nível de Woody Allen. Mas as credenciais enganam.

Ross de Friends, David Schwimmer tem uma mancha em seu currículo que atende pelo nome de Feed the Beast (2016), série sofrível disponível na Netflix. Por sua vez, Allen entregou para a Amazon a série Crisis in Six Scenes (2016), que de tão esquisita não custa dar uma conferida para ser mais uma testemunha desse flop.

Cuidado para não cair no conto de que The Village (2019) é igual a This Is Us. Muito menos de que os elencos tarimbados de Here and Now (2018) e O Tapa (2015) salvam as respectivas séries do tédio.

Confira abaixo mais sobre essas cinco séries que um amigo da onça recomendaria:

Crisis in Six Scenes, na Amazon

Tem que ter muita cara de pau para dizer que vale a pena ver o maior mico da carreira de Woody Allen. O pior é que quem curte as produções do cineasta ou está a fim de encarar uma atração totalmente diferente do que está por aí, Crisis in Six Scences merece a atenção pelo menos por um detalhe: tentar entender como as mãos que escreveram Noivo Neurótico, Noiva Nervosa (1977) criaram algo tão esquisito, que fez Allen dizer que nunca mais produziria algo para a TV.

Allen também foi diretor e atuou na comédia ao lado de Miley Cyrus, a eterna Hannah Montana. Ambientada na Nova York dos anos 1960, Crisis in Six Scenes é hilária e até simples de entender. A rotina pacata de um casal de idosos, o romancista Sidney J. Munsinger (Allen) e a conselheira de casais Kay (Elaine May), sofre uma chacoalhada com a visita inesperada de Lennie Dale (Miley), uma jovem ativista política procurada pelo FBI (a polícia federal norte-americana).

Feed the Beast, na Netflix

Doze anos depois do fim de Friends, David Schwimmer voltava a ser protagonista de uma série em Feed the Beast, lançada em 2016. Aliado a isso, o drama tinha o carimbo do canal AMC, o mesmo de Breaking Bad (2008-2013), Mad Men (2007-2015) e The Walking Dead, o que aumentava a expectativa sobre a nova atração.

Afinal, para chegar a uma vitrine como essa, uma atração tem de cumprir critérios rigorosos, indício de que vinha coisa interessante pela frente.

Ledo Engano. Por mais que tenha começado bem, Feed the Beast derrapou durante quase toda a única temporada. A série apresentou Schwimmer na pele de um sommelier que decidiu abrir um restaurante chique, com seu amigo cozinheiro pilotando o fogão. Para criar tensão, até a máfia polonesa entrou no jogo.

O AMC cancelou a série após a primeira temporada, devido ao fracasso de audiência e à baixa repercussão. Até então, o canal só tinha cancelado duas séries após uma única temporada. Feed the Beast não mereceu uma segunda chance.

divulgação/AMC

O ator David Schwimmer com um taça de vinho em Feed the Beast, série disponível na Netflix


Here and Now, na HBO

Em 2018, a HBO apresentou ao público Here and Now, drama com Tim Robbins e Holly Hunter (ambos vencedores do Oscar), além de Jerrika Hinton (Grey's Anatomy). A série sofreu um combo de porradas: do público, que simplesmente a ignorou, e da crítica, que massacrou a atração, nota 46 (de 100) no site Metacritic.

Em um primeiro instante, Here and Now chamou a atenção com uma proposta atraente, sobre a rotina de uma família multicultural. O patriarca era um professor de 60 anos, casado com uma hippie. Eles tinham uma filha biológica e três adotivos: um do Vietnã, um da Colômbia e outra da Libéria. O latino enfrentava uma crise mental ao ver os números 11 11 por todos os lados.

Mas daí, meio que do nada, o telespectador se deparou com um personagem que sofria de prisão de ventre, o grande drama de sua vida. Tudo o que ele mais desejava era fazer o número 2 em paz. As esquisitices da série eram desse naipe. Sem contar o final, um dos mais nonsense das séries.

O Tapa, no Globoplay

Baseada em uma atração popular australiana, O Tapa (The Slap) estreou em 2015 com muito potencial. Terminou após oito episódios como uma das séries mais sem graça daquele ano. O elenco era grandioso, principalmente por contar com Uma Thurman (Kill Bill), que teve ao seu lado Zachary Quinto (Heroes), Penn Badgley (You), Thandie Newton (Westworld), Brian Cox (Succession), entre outros.

Uma comemoração familiar foi abruptamente interrompida quando um primo (vivido por Zachary Quinto) do aniversariante do dia estapeou os filhos de um casal de convidados. A agressão gerou uma sequência de revelações de segredos, com cada episódio dedicado ao ponto de vista de um personagem que estava na festa. Foi um flop de audiência e está escanteada no streaming da Globo.

The Village, no Globoplay

Nascida para pegar carona no sucesso de This Is Us, The Village derrapou nessa tentativa. Cancelada após a primeira temporada, o drama queria fazer o telespectador chorar de emoção e ficar com o coração aquecido ao assistir a boas histórias. Mas o choro só foi de raiva mesmo, seja pelas tramas forçadas ou por pura apelação, como ter em cena um cachorro aleijado.

O ponto de partida de Village era difícil de acreditar, como se fosse um conto de fadas. Moradores de um prédio em Nova York não só conheciam bem uns aos outros, mas eram amigos próximos, a ponto de se reunirem com frequência, no terraço, para festinhas minuciosamente organizadas. O exagero não só ficou na política de boa vizinhança, mas também nos dramas carregados.


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