MULHERES APAIXONADAS
AGÊNCIA SENADO/DIVULGAÇÃO
Regiane Alves e o ex-presidente José Sarney em audiência pública no Senado Federal em 2003
Clara em Laços de Família torra a paciência do público no Vale a Pena Ver de Novo, mas as maldades de Dóris em Mulheres Apaixonadas (2003) foram capazes de mudar a legislação brasileira. Por causa da novela reprisada pelo Viva, Regiane Alves chegou a participar da criação do Estatuto do Idoso no Senado --em meio às discussões, ela ainda virou "musa" de José Sarney.
"Eu fui para Brasília e, por mais incrível que pareça, quem me levou foi o Sérgio Cabral [ex-governador do Rio de Janeiro]. Só que o Sarney queria falar apenas sobre o meu primeiro filme, inspirado em um romance dele, que demorou sete anos para ficar pronto", entrega a artista, em referência ao longa-metragem O Dono do Mar (2004).
Na época, a intérprete até foi criticada por aceitar participar da produção, por conta da turbulenta passagem do político pela presidência. A repercussão foi abafada pela revolta popular com Dóris. "Ela falava uma série de barbaridades, a ponto de o público querer que Carlão [Marcos Caruso] desse um corretivo nela", relembra a paulista.
A vilã de Manoel Carlos chocou os telespectadores pela truculência com os avós Flora (Carmem Silva) e Leopoldo (Oswaldo Louzada). A comoção nacional acelerou a criação de uma lei específica para regulamentar os direitos às pessoas acima dos 60 anos, além de estabelecer punições a agressões e maus-tratos.
"A partir daí, qualquer novela com uma neta daquelas já estaria presa no primeiro capítulo", brinca Tony Ramos, que interpreta o livreiro Miguel na reprise vespertina da Globo.
REPRODUÇÃO/TV GLOBo
A atriz com Marcos Caruso em Mulheres Apaixonadas
Em Laços de Família, quem ficou no pé de Regiane foi o desembargador Siro Darlan, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Em 2000, o juiz proibiu a participação de menores de 18 anos nas gravações por conta das cenas de sexo e violência --a atriz-mirim Júlia Maggessi, que interpretava a filha de Clara, foi uma das atingidas pela liminar.
Por ironia do destino, o jurista foi afastado do cargo durante 180 dias no início de abril deste ano, cinco meses antes de a novela voltar ao ar na faixa de reprises vespertinas da Globo. Ele é investigado por corrupção passiva, acusado de usar plantões judiciários para facilitar ordens em habeas corpus.
"Era o nome que a gente mais ouvia [nos bastidores], ainda mais quem trabalhava com as crianças. É dar tempo ao tempo. A vida é uma eterna roda gigante", analisa a intérprete.
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