BASTA VOCÊ ME LIGAR...
REPRODUÇÃO/TV GLOBO
O comendador José Alfredo (Alexandre Nero) em Império; folhetim ganha 'edição especial' em abril
O recrudescimento da pandemia do coronavírus (Covid-19) obrigou a Globo a dar o braço a torcer e admitir que anda com bastante saudade do ex. Com a inédita Um Lugar ao Sol adiada para o segundo semestre, a emissora voltou a apostar em um folhetim de Aguinaldo Silva para tapar o buraco em seu horário nobre. Império (2014) será a segunda novela do autor a ganhar uma reprise na faixa das nove.
O roteirista não teve o seu contrato renovado com a líder de audiência depois de 40 anos, mas viu Fina Estampa (2011) abrir a rodada de reapresentações após o Jornal Nacional. A escolha foi um acerto, e a produção chegou a dar mais audiência do que a trama de Manuela Dias.
A "edição especial", porém, desenrolou uma batalha campal nas redes sociais. Silva sempre tinha um comentário na ponta dos dedos para elogiar a obra ou rebater as críticas à saga de Pereirão (Lilia Cabral), ainda que parte das reclamações viessem do próprio elenco. Marco Pigossi, inclusive, admitiu ter vergonha de sua atuação como Rafael e entrou em choque com o escritor.
Pouco afeita a polêmicas, a Globo parece não se importar se o comendador José Alfredo (Alexandre Nero) e suas loucuras vão deixar mortos e feridos no Twitter. A líder de audiência pouco liga para as métricas se o número de televisões sintonizadas é satisfatório --e, nesse quesito, Aguinaldo se supera.
O novelista coleciona recordes, a exemplo de Senhora do Destino (2004) que segue como a maior média geral do século 21 com inalcançáveis 50,4 pontos. Ele, no entanto, não resistiu ao único fracasso retumbante da carreira. O Sétimo Guardião (2018) foi suficiente para que a emissora quisesse vê-lo pelas costas em seu processo de reformulação.
FABRÍCIO BATTAGLIN/TV GLOBO
Silva no lançamento de O Sétimo Guardião
A demissão não foi unicamente motivada pelo desastre da produção, mas bastidores caóticos, que renderam histórias folclóricas como o "surubão de Noronha", foram determinantes para que a Globo não contasse mais com os serviços de Silva --ainda mais desgastado pelo processo judicial movido por ex-alunos que reivindicavam a autoria da novela.
O escritor, inclusive, recusou uma proposta da Record, mas já avisou nas redes que a decisão não significa a sua aposentadoria da televisão. O sucesso de Fina Estampa e eventual êxito de Império podem colocar o seu nome no radar de José Luiz Villamarim, substituto de Silvio de Abreu e atual diretor de Dramaturgia.
Uma reconciliação é ainda mais evidente ao perceber que a Globo tinha cartas na manga para substituir a reta final de Amor de Mãe. As novelas das nove são gravadas em HD, pré-requisito para serem reexibidas em horário nobre, desde Duas Caras (2007).
Ou seja, Império bateu nomes fortes como A Favorita (2008), Amor à Vida (2013) e Caminho das Índias (2009), além de algumas opções mais arriscadas como Passione (2011) e Insensato Coração (2011) --mesmo sem grandes razões para se tornar a franca favorita ao posto.
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