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MOCINHO DA HISTÓRIA?

Said de O Clone, Dalton Vigh revela segredo para público abraçar vilão

REPRODUÇÃO/TV GLOBO

O ator Dalton Vigh olha sério como Said em O Clone

Dalton Vigh como Said em O Clone; ator usou detalhe primordial que conquistou as ruas

KELLY MIYASHIRO

kelly@noticiasdatv.com

Publicado em 30/3/2022 - 6h20

Said de O Clone, Dalton Vigh revela o segredo que faz o público da novela abraçar tanto o vilão: o sacrifício pela mulher amada. Ao Notícias da TV, o ator relembra que foi o questionamento à autora da trama, Gloria Perez, sobre a virgindade falsa de Jade (Giovanna Antonelli) que transformou o rumo do personagem.

No ar no Vale a Pena Ver de Novo atualmente, o folhetim mostra a saga da protagonista em tentar viver seu amor com Lucas (Murilo Benício), a quem ela se entrega e vai para a cama. Entretanto, a mocinha acaba se casando com Said a mando de seu tio Ali (Stênio Garcia) e precisa fingir que ainda é "pura".

Surpreendentemente, o antagonista não expõe Jade e a ajuda a manter a farsa, além de um casamento forçado. Vigh se recorda que esse arco do personagem foi decisivo para a aceitação do público de O Clone. 

"Ele não fez maldades para impedir que os dois ficassem juntos, ele lutou pela mulher que ele amava. Tanto que no final ele acabou tendo um final feliz também, que aí já o descaracteriza completamente como vilão, porque o vilão geralmente ou é preso ou morre e tem sempre aquela lição de moral das novelas", lembra o artista.

"O fato de ele ter tido um final feliz ao lado de duas esposas para mim já mostra que ele deixou de ser vilão em algum momento. Ele era uma pedra no sapato dos dois, mas acho que tem uma torcida muito forte para o Said ficar com a Jade por conta de um detalhe que surgiu através de uma pergunta que eu fiz para a Gloria Perez", começa.

No intuito de tentar entender melhor os personagens, a gente recebeu material de pesquisa para aprender os costumes islâmicos e as tradições árabes. Me chamou atenção uma parte desse material que descrevia os truques que as mulheres árabes usavam para driblar a falta de virgindade na noite de núpcias: o muçulmano tradicional, após a noite de núpcias, coloca um pano manchado de sangue pendurado na janela para que as pessoas saibam que a noiva era virgem.

O ator explica que sabia que os protagonistas já teriam consumado o ato, o que o levou a questionar a autora sobre Said saber ou não. Segundo ele, Gloria ainda não havia pensado sobre o assunto, mas Vigh afirmou a importância disso para a história:

"Eu falei: 'Olha, porque se ele não ficar sabendo ele vai ser um neurótico, ele vai estar sempre convivendo com a dúvida. Agora, se ele fica sabendo e mesmo assim continua com ela, vai ser um grande apaixonado'", conta Vigh, sobre o argumento usado na época.

"E acho que isso acabou fazendo uma diferença para o público, porque ele se sacrifica por ela, acaba cortando próprio pulso para para manchar o pano com o sangue dele. Acho que isso que fez com que as pessoas torcessem por ele, porque viram que ele realmente tinha um grande amor por ela." 

Mostrada originalmente entre 2001 e 2002, O Clone já foi reexibida no Vale a Pena Ver de Novo em 2011 e em 2020 no canal Viva, na TV paga. Com isso, a trama de Gloria Perez está em sua terceira reprise na televisão. Graças a isso, Dalton Vigh ainda é reconhecido na rua como o Said, apesar de estar no ar como Otto Pendleton de Poliana Moça, no SBT. 

"Acho que quando a gente foi fazer a novela lá atrás, em 2001, ninguém poderia imaginar que 20 anos depois a gente ainda estaria dando entrevista falando sobre os personagens, a trama, o que aconteceu e como que foi para a gente. E fico até lisonjeado por isso, porque é uma novela que fez muito sucesso, então é um marco na minha carreira", celebra. 

"O que me alimenta é saber que existem outros personagens também pelos quais sou lembrado, isso é uma coisa que massageia o ego e que é o tipo de retorno que a gente busca. A gente, quando escolhe essa profissão de ator, sempre pensa na diversificação, em fazer o maior número de personagens diferentes possível, e poder ter alguns personagens na memória das pessoas é muito gratificante. Acho que vale mais do que qualquer salário", finaliza. 


Colaborou André Alonso 


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