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ANÁLISE

Nos Tempos do Imperador escancara caminho sem volta para as novelas

REPRODUÇÃO/TV GLOBO

João Pedro Zappa e Daphne Bozaski com roupas de casamento em cena de Nos Tempos do Imperador

Nélio (João Pedro Zappa) e Dolores (Daphne Bozaski) se casam em Nos Tempos do Imperador

RAPHAEL SCIRE

raphascire@gmail.com

Publicado em 4/2/2022 - 10h00

Nos Tempos do Imperador chega ao fim com o amargo gosto da decepção: nem mesmo a luxuosa caracterização de época salvou a novela das seis da Globo de um desempenho pífio em termos de audiência. São diversos os fatores que explicam os números, tão mornos quanto o romance de Pedro (Selton Mello) e Luísa (Mariana Ximenes).

Se no início da história a dupla mostrou uma fagulha de química que poderia ser explosiva, fruto da boa interpretação dos atores, ela logo se apagou. É verdade que Nos Tempos do Imperador deixou de lado o tom professoral que outras tramas de época fizeram uso, mas as amarras da História e a intenção de não manchar a imagem do imperador impediram os autores Alessandro Marson e Thereza Falcão de colocar um tempero mais apimentado na relação proibida do casal central.

Se as intrigas palacianas traziam conflitos de sobra à vida de dom Pedro 2º, o mesmo não ocorreu com sua amante. Faltou um antagonismo mais forte à figura da condessa, algo que fosse além das obrigações conjugais do imperador com a imperatriz Teresa Cristina --que teve em Leticia Sabatella uma intérprete à altura.

A segunda opção romântica da trama, Pilar (Gabriela Medvedovski) e Samuel (Michel Gomes) também não foi propriamente carismática, ainda que tenha sido louvável a ideia de criar um casal inter-racial para potencializar os horrores do período de escravidão no Brasil.

Sobrou então um terceiro par, coadjuvante dos coadjuvantes: Dolores (Daphne Bozaski) e Nélio (João Pedro Zappa), que de fato mobilizaram a torcida do público. E nos dois casos a força do vilão de Alexandre Nero foi fundamental. Tonico Rocha movimentou e levou a novela nas costas, mas nem assim foi poupado de um clichê do gênero, o famoso "quem matou?".

Cruel e deliciosamente debochado, Tonico emulou o que há de pior na política atual brasileira. Frases completamente sem cabimento ditas pelo presidente Jair Bolsonaro foram parar na boca do vilão, uma habilidade do texto de trazer atualidade para uma trama de época.

Outro ponto positivo de Nos Tempos do Imperador foi o trânsito natural de personagens cômicos pelo drama. Lota (Paula Cohen) começou a história caricatural, mas aos poucos foi cumprindo um arco de transformação, que culminou no seu sofrimento pela perda do filho e no enternecimento de sua relação com Lupita (Roberta Rodrigues). Vitória (Maria Clara Gueiros) e Clemência (Dani Barros) também tiraram o pé da comédia à medida em que as duas se apaixonaram e tiveram que viver um amor às escondidas.

O folhetim não esteve livre de escorregadas, como a controversa cena de Samuel e Pilar que obrigou Thereza Falcão a pedir desculpas pela abordagem equivocada do racismo na história. Mas, ao mesmo tempo, trouxe diversidade e protagonismo no elenco, além de investir com seriedade em temas pouco usuais em novelas, como as religiões de matriz africana.

A baixa audiência de Nos Tempos do Imperador indica, sobretudo, uma mudança no hábito do telespectador de acompanhar novelas. Caminho de difícil reversão, a pulverização do público para outras mídias atinge também tramas de outros horários, especialmente no pós-pandemia.

Como saldo final, Nos Tempos do Imperador foi uma história correta: folhetinesca e informativa, mas, tal qual o romance proibido de seus casais, sofreu as consequências dos costumes de uma época.


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