ATÉ DEUS DUVIDA
REPRODUÇÃO/RECORD
Igor Rickli interpreta Lúcifer em Gênesis; vilão é personagem mais carismático da novela da Record
Em Gênesis, Lúcifer pinta, borda e ainda faz jus ao nome, que significa "aquele que brilha" em latim. O príncipe das trevas pode até arrancar um "está amarrado" do público, mas é inegável que ele constantemente salva a novela da Record do completo marasmo --e, se não fosse a fama predecessora, era bem capaz de virar um "malvado favorito" na produção bíblica.
O folhetim inegavelmente tem um tom de teleculto, com a missão de muitas vezes evangelizar em vez de entreter, então chega a ser irônico que o elemento de ligação entre as suas sete fases seja justamente o coisa-ruim. O capeta viu Eva (Juliana Bohler) comer o fruto proibido, sobreviveu ao dilúvio e agora atazana Abrão (Zécarlos Machados) a se deitar com Agar (Hylka Maria).
Além do sete-peles, o único a "dar as caras" em todas as tramas é Deus, que se tornou um ser etéreo e sem rosto, até por uma questão de reverência. Com o Criador longe de ser "à imagem e semelhança" dos humanos, o personagem de Igor Rickli ironicamente se torna a única figura em que o telespectador pode confiar --ou desconfiar.
Lúcifer não só bate ponto todos os dias, como também é um dos poucos papéis que não são "planos", ou seja, que não podem ser definidos por uma ou poucas características.
Abrão é justo, Ló (Emílio Orciollo Netto) é pau-mandado da mulher, e Sarai (Adriana Garambone) é desesperada para engravidar. Cada um tem a função de dar uma lição ou passar uma mensagem específica para o público. Há os bons como Eliézer (Ronny Kriwat) e os maus como Jaluzi (Beth Goulart), com pouco espaço para o cinza em Massá (Marcos Winter).
Satanás, no entanto, não tem a menor obrigação em "edificar" do público, então se torna extremamente humano. Ele é engraçado, debochado, comete erros e também acertos, além de ser essencial para que existam triângulos amorosos na trama --assim como Mr. Catra (1968-2018), ele não perdoa ninguém.
Lúcifer (Igor Rickli) em sua verdadeira forma
Com gosto para a safadeza, Lúcifer também faz as vezes de "justiceiro" ao separar as mulheres honestas como Michal (Jéssica Juttel), que resiste às suas investidas, às que não valem uma moeda de cobre como Ayla (Elisa Pinheiro). A companheira de Ló, inclusive, abriu uma brecha para mostrar que o diabo não é tão feio quanto pintam.
Em um dos capítulos recentes, a mãe de Paltith (Sophia Madeira) foi lambida e marcada pela besta, que prometeu um reencontro "quente" no fogo do inferno. Em suma, um velho paradoxo do Cristianismo volta à tona --se o "cão" é realmente assim tão ruim, por que ele castiga as pessoas más?
O vilão, aliás, abre outra dúvida ao tentar praticamente só as mulheres, já que elas parecem mais "fracas" e "suscetíveis" do que os homens. O machismo está nas garras do "pai da mentira", no texto de Camilo Pellegrini, Stephanie Ribeiro e Raphaela Castro ou nos olhos de quem vê?
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