Elenco dedica Pega Pega a Nicette Bruno: 'Se tivesse vacina, estaria com a gente'

O elenco de Pega Pega é unânime ao dedicar a reprise da novela das sete, que ganha uma edição especial a partir da próxima segunda (19), à memória de Nicette Bruno (1933-2020). A atriz, que fez parte do núcleo cômico como Elza, foi uma das mais de 534 mil vítimas de Covid-19 no Brasil. "Se tivesse vacina, ela estaria conosco", resumiu Elizabeth Savala.

O folhetim de Claudia Souto é o segundo trabalho da veterana a ser reprisado pela Globo por causa da pandemia, já que ela também está na reapresentação de A Vida da Gente. "Vê-la de novo em cena vai ser um presente. Ela era o brilho do nosso grupo", afirmou Marcelo Serrado em coletiva virtual nesta terça (13).

Nicette contraiu o vírus e foi internada no final de novembro de 2020, poucas semanas antes de Israel anunciar que seria o primeiro país a vacinar em massa contra o Sars-Cov-2. O país foi procurado pela Pfizer para se tornar uma das vitrines de seu imunizante depois que o governo brasileiro deixou 53 e-mails da farmacêutica sem resposta.

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"Como nos negaram a vacina, perdemos um dos luminares da arte de representar", revoltou-se Elizabeth Savala, que contracenou diretamente com a mãe de Paulo Goulart Filho, Beth Goulart e Bárbara Bruno. Ela era Arlete, que deixou o filho Júlio (Tiago Martins) sob os cuidados de Elza e Prazeres (Cristina Pereira) ao ter problemas com a lei.

"Eu lembro de ver o Tiago naquele núcleo com a Nicette e, nossa, como eu tinha vontade de estar com eles'', acrescentou Serrado. "Eu também queria lembrar de Camila Amado", citou Irene Ravache, em referência à colega de elenco que também foi vitimada pela Covid.

Lição de ética

A autora Claudia Souto acredita que a trama volta ao ar em um dos momentos mais propícios para se discutir princípios morais. "Em quatro anos, o país mudou. Está mais preconceituoso, mais antiético, com essas questões ainda ainda mais fortes. A gente nem sabia que podia piorar, então é bom provocar o público", explicou a roteirista.

Ela acredita que Pega Pega vai preparar o público para as notícias do Jornal Nacional sem afugentar quem já está cansado da pandemia. "A gente trata de assuntos importantes e até pesados, mas conseguimos dar uma leveza para o horário. Eu acho que, se a novela fosse das nove, ia ser até trágica", arremata a escritora.

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