LUTO
JOÃO MIGUEL JÚNIOR/TV GLOBO
Nicette Bruno se despede aos 87 anos; atriz estava internada desde novembro para tratar Covid-19
A atriz Nicette Bruno não resistiu às complicações causadas pela Covid-19 e morreu neste domingo (20), aos 87 anos de idade. Ela estava internada na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) desde o dia 29 de novembro na Casa de Saúde São José, no Humaitá, no Rio de Janeiro, quando testou positivo para a doença causada pelo coronavírus.
A informação foi confirmada pelo hospital ao Notícias da TV. "A Casa de Saúde São José informa que a atriz Nicette Bruno, que estava internada no hospital desde 26 de novembro de 2020, faleceu hoje, às 11h40, devido a complicações decorrentes da Covid-19. O hospital se solidariza com a família neste momento", diz nota.
De acordo com boletim médico divulgado nesta manhã, o estado de saúde da artista "era considerado muito grave". Ela estava sedada e dependia de ventilação mecânica".
Um dia após dar entrada à unidade médica, a veterana apresentou uma piora em seu estado clínico, foi intubada e passou a respirar por ventilação mecânica. Já no dia 5 de dezembro, teve uma piora nas funções renais e começou a fazer hemodiálise.
Durante todo o período em que a artista esteve internada, sua filha Beth Goulart atualizou os fãs sobre seu estado de saúde pelas redes sociais. Os irmãos, Bárbara Bruno e Paulo Goulart Filho, também entraram na torcida virtual pela recuperação da mãe.
Diariamente, Beth pedia para que os seguidores fizessem uma corrente de orações às 18h para que as energias positivas se concentrassem na atriz, que oscilou entre melhoras e pioras diárias. "Eu Creio. Às 18h: Oração para Nicete e para todos os que estão doentes neste momento e fortalecimento a todas as famílias", disse ela em uma das postagens.
Nicette Xavier Miessa adotou o "Bruno", sobrenome de sua mãe, Eleonor, como nome artístico. Nascida em 7 de janeiro de 1933, em Niterói, no Rio de Janeiro, ela iniciou a carreira artística aos quatro anos de idade, na Rádio Guanabara, no programa infantil de Alberto Manes.
Aos 14 anos, já era contratada pela Companhia Dulcina-Odilon, em que estreou na peça A Filha de Iório, de Gabriele D’Annunzio. Foi nesse trabalho que ela ganhou a medalha de ouro de Atriz Revelação pela Associação Brasileira de Críticos Teatrais.
Aos 19 anos, nos bastidores dos palcos, Nicette encontrou o amor de toda a sua vida: o também ator Paulo Goulart (1933-2014). Eles oficializaram a união em 1954 e tiveram três filhos: Paulo Goulart Filho, Bárbara Bruno e Beth Goulart --que seguiram a carreira artística dos pais. O veterano morreu em 2014, prestes a completar 60 anos de casamento.
Na televisão, Nicette Bruno estreou em 1950 na extinta TV Tupi, fazendo participações em recitais e teleteatros. Ela também atuou na primeira adaptação do Sítio do Picapau Amarelo (1952 a 1962). De 2001 a 2004, a veterana voltou ao clássico infantil na pele de Dona Benta, na segunda versão do seriado --agora produzido pela Globo.
Sua primeira telenovela foi Os Fantoches (1967), na TV Excelsior. A artista também atuou em Meu Pé de Laranja Lima (1970), Éramos Seis (1977) e Como Salvar Meu Casamento (1979).
Já na Globo, Nicette estreou na novela Sétimo Sentido (1982). Entre as dezenas de produções das quais a atriz participou destacam-se:
Selva de Pedra (1986), Bebê a Bordo (1988), Rainha da Sucata (1990), Mulheres de Areia (1993), A Próxima Vítima (1995), O Amor Está no Ar (1997) --em que viveu sua primeira vilã, Úrsula, Andando nas Nuvens (1999), Alma Gêmea (2005), O Profeta (2006), o remake de Ti-Ti-Ti (2010), Salve Jorge (2012), Joia Rara (2013), Pega Pega (2017) e Órfãos da Terra (2019).
Seu último trabalho na TV foi na nova versão de Éramos Seis (2020). Ela fez a Madre Joana, que cuidava do asilo em que Lola (Gloria Pires) escolheu morar na reta final da trama.
Nicette Bruno também atuou em minisséries, como Engraçadinha… Seus Amores e Seus Pecados (1995), Labirinto (1998) e Aquarela do Brasil (2000). A veterana ainda fez participações em Sai de Baixo (1998), A Diarista (2006), Flora Encantada (1999) e Xuxa no Mundo da Imaginação (2004).
A Record lamentou a morte da artista. "Nicette se dedicou durante anos às artes, especialmente à televisão brasileira, em que interpretou personagens que nunca sairão de nossas mentes. Expressamos nossas condolências aos familiares, amigos e admiradores do talento desta profissional que ajudou a escrever a história da televisão brasileira", informa o comunicado.
A Globo ainda prestou homenagem pelas mais de quatro décadas de serviços prestados pela intérprete, cujo último trabalho na TV foi Éramos Seis (2019). Ela deu vida à protagonista Lola na adaptação do livro de Maria José Dupré (1898-1984) na Tupi em 1977 --papel que coube a Gloria Pires no remake de Angela Chaves.
Leia a íntegra da nota da Globo
Durante mais de sete décadas, o sorriso marcante de Nicette Bruno brilhou no teatro, no cinema e na televisão. A atriz deu vida a mocinhas, vilãs, freiras, integrantes da alta sociedade, empresárias e mulheres simples. E interpretou, por duas vezes na carreira, uma das avós mais queridas da literatura brasileira, a Dona Benta, do 'Sítio do Pica Pau Amarelo'. Neste domingo, dia 20, Nicette morreu, na cidade do Rio de Janeiro, devido a complicações decorrentes da Covid-19, aos 87 anos. A atriz deixa três filhos atores - Paulo Goulart Filho, Bárbara Bruno e Beth Goulart - frutos do casamento de mais de 60 anos com Paulo Goulart, falecido em 2014; 8 netos e 5 bisnetos.
Na década de 1930, Nicette já circulava pelos corredores da extinta Rádio Guanabara, no Rio de Janeiro. A menina-prodígio, nascida em Niterói, começou a carreira aos 4 anos, declamando e cantando em um programa infantil. O teatro entrou para sua vida aos 11. Três anos mais tarde já era contratada da Companhia Dulcina-Odilon e recebeu o prêmio de atriz revelação da Associação Brasileira de Críticos Teatrais, pela atuação em 'A Filha de Iório'.
Foi no Teatro de Alumínio, em São Paulo, do qual foi uma das fundadoras, que Nicette Bruno conheceu Paulo Goulart. Os dois trocaram os primeiros carinhos nos camarins durante os intervalos do espetáculo 'Senhorita Minha Mãe'. "Eu e Paulo tínhamos uma afinidade cênica muito grande. Tanto que nos conhecemos em cena, né? Trabalhar junto era muito bom, porque tínhamos a mesma seriedade, sabíamos separar a nossa relação. Quando estávamos em cena, éramos personagens, não a nossa individualidade", contou Nicette em entrevista ao Memória Globo.
Uma das pioneiras da televisão brasileira, Nicette estreou na TV Tupi logo após sua inauguração, em 1950, participando de recitais e teleteatros. Lá, interpretou Dona Benta pela primeira vez, entre 1952 e 1962. Voltou ao papel da avó de Pedrinho e Narizinho na adaptação do 'Sítio do Pica Pau Amarelo' exibida pela Globo entre 2002 e 2004.
Em 1980, Nicette foi convidada para trabalhar na Globo, no seriado 'Obrigado, Doutor'. O primeiro papel em novelas foi em 'Sétimo Sentido' (1982), de Janete Clair, e então vieram personagens inesquecíveis como a Joana, de 'Tenda dos Milagres' (1985); a Julieta Sampaio, de 'Mulheres de Areia' (1993); a Ofélia, de 'Alma Gêmea' (2005); a Júlia Spina, mãe de Jacques Leclair, no remake de 'Ti-Ti-Ti' (2010); e a matriarca portuguesa Santinha, de 'Joia Rara' (2013), novela vencedora do Emmy. Nicette brincava com o fato de só ter interpretado sua primeira vilã na televisão em 1997, com a Úrsula de 'O Amor Está no Ar' (1997). "No teatro, eu já havia feito muitos personagens fortes e negativos. Na TV, foi engraçado, porque acho que o público não acreditou muito", disse a atriz, também ao Memória Globo.
Seus últimos trabalhos na TV foram em 'Órfãos da Terra' - obra vencedora do Emmy de Melhor Telenovela, do Grand Prize no Seoul Drama Awards, e do Rose D'Or Awards na categoria Serial Drama - como Ester Blum, e uma participação em 'Éramos Seis' (2020), como Madre Joana. Foi uma merecida homenagem à atriz, que havia interpretado a protagonista Lola na versão da trama exibida pela TV Tupi.
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