CADÊ YVONE?
Reprodução/TV Globo
Letícia Sabatella roubou a cena em Caminho das Índias como a psicopata Yvone, que não estava na sinopse
LUCIANO GUARALDO, no Rio de Janeiro
Publicado em 2/5/2019 - 4h57
Dez anos depois do lançamento de Caminho das Índias (2009), que lhe rendeu um Emmy Internacional, a autora Gloria Perez revelou que uma das personagens mais marcantes da novela das nove por pouco não existiu. A psicopata Yvone, vivida por Letícia Sabatella, sequer constava na sinopse original que a escritora entregou à Globo.
"Ela apareceu de um jeito muito interessante, porque só foi nascer depois que a [sinopse da] novela estava pronta. Em Caminho das Índias, eu queria falar de doença mental [com o personagem Tarso, de Bruno Gagliasso] e, como sempre faço, fui falar com doentes mentais para entender o que queriam que eu falasse sobre eles", disse.
Gloria contou que ficou surpresa porque todas as pessoas que ouviu reclamaram que, sempre que um crime cabuloso ocorria, os jornais consideravam aquilo uma "loucura". "Associavam a eles, que já eram discriminados pela própria condição, a capacidade de fazer aquelas coisas", explicou ela, durante uma palestra do Rio2C (maior evento do audiovisual brasileiro) sobre o estudo do cérebro na dramaturgia.
Para tentar reverter esse quadro negativo, a autora criou Yvone, uma psicopata capaz de fazer as maiores barbaridades, e a colocou como um contraponto para Tarso, que de fato sofria de uma esquizofrenia, mas não cometia maldades.
"E aí tinha aquele psiquiatra [Castanho, interpretado por Stênio Garcia] que mostrava a diferença entre a doença mental, em que você é tão afogado pelas emoções que chega a perder a razão, e a psicopatia, alguém que não tem emoção nenhuma, mas é tão racional que compreende as emoções humanas e as teatraliza", justificou Gloria.
Yvone, de fato, era uma atriz e tanto: amiga de infância de Sílvia (Débora Bloch), foi passar um tempo na casa dela como quem não queria nada. Lá dentro, seduziu o marido da outra, Raul (Alexandre Borges), e o convenceu a forjar a própria morte e se mudar com ela para Dubai.
Não satisfeita, a personagem de Letícia Sabatella ainda desviou dinheiro da empresa do amante e, depois que ele não servia mais para ela, deu-lhe um pé na bunda e o deixou na miséria.
Sílvia só foi descobrir a verdade sobre a amiga falsiane no fim de Caminho das Índias. Com a verdade vindo à tona, a traída deu uma surra de lavar a alma na vigarista --difícil imaginar uma novela tão empolgante sem essa sequência.
O papel rendeu a Letícia uma indicação ao prêmio de atriz coadjuvante ao Melhores do Ano, do Domingão do Faustão: foi derrotada por Dira Paes, a divertida Norminha da mesma novela, em uma categoria que ainda tinha Cleo (ex-Pires).
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