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MEMÓRIA DA TV

Cotada pelo SBT, Ana Raio e Zé Trovão foi novela inacreditável nos anos 1990

REPRODUÇÃO/MANCHETE

Os atores Almir Sater e Ingra Lyberato lado a lado, ambos com chapéus de cowboy, ela sorrindo, em gravação de A História de Ana Raio e Zé Trovão

Almir Sater e Ingra Lyberato como Zé Trovão e Ana Raio na novela de 1990 da extinta Manchete

FERNANDA LOPES

fernanda@noticiasdatv.com

Publicado em 6/5/2022 - 6h15

Nos últimos dias, A História de Ana Raio e Zé Trovão voltou à boca dos noveleiros. O folhetim exibido pela Manchete em 1990 foi cogitado como uma opção para a faixa vespertina do SBT --que acabou optando pela mexicana Paixões de Gavilanes. Mas a trama com Almir Sater e Ingra Lyberato tem ingredientes de sobra para repercutir mais de 30 anos após sua exibição original.

Afinal, imagine uma novela feita totalmente em locações externas, sem estúdios, com mais de 100 artistas no elenco e gravações pelo Brasil inteiro ao longo de dez meses. A conta parece não fechar, mas a Manchete de fato desembolsou US$ 8 milhões para colocar no ar a obra.

A História de Ana Raio e Zé Trovão foi uma aposta da Manchete para repetir o sucesso de Pantanal (1990). Na época, a emissora queria seguir na linha de mostrar "o Brasil que o Brasil não conhece" e investir em histórias rurais. 

Mas o conceito do novo folhetim foi muito além de qualquer produção no ar naquele momento. Tratava-se de uma novela itinerante: não havia cenário nem estúdio fixo. Os atores e profissionais da técnica viajavam pelo Brasil inteiro, de Norte a Sul, para gravar em paisagens do interior, feiras, rodeios e mesmo nas casas de pessoas comuns. A equipe de Ana Raio e Zé Trovão percorreu 14 mil quilômetros pelo país, de acordo com o livro Almanaque da TV. 

Havia uma história principal, mas todos os pormenores e as tramas coadjuvantes iam se desenrolando de acordo com o andamento da novela e as novas locações que surgiam. Marcos Caruso, um dos roteiristas, falou sobre essa empreitada inusitada. 

"Ela não era ruim. Não é porque eu que escrevi, não. Ela era mal programada. Eu soube que ia escrever Ana Raio três semanas antes de acabar Pantanal. [O diretor Jayme Monjardim] Disse que a história estava na cabeça e eu ia escrevê-la. E avisou: 'Quero, a cada 20 capítulos de quatro blocos, mudar de cidade e percorrer o país inteiro'. Aí eu fui e fiz. Eu ia escrevendo a novela em um aviãozinho bimotor, literalmente nas coxas. Uma empreitada inacreditável. Foi terrível e maravilhoso ao mesmo tempo", disse, em entrevista à Playboy. 

A História de Ana Raio e Zé Trovão

A narrativa principal tinha como protagonista Ana de Nazaré (Ingra Lyberato). Na adolescência, ela foi estuprada, engravidou e deu à luz uma menina, chamada de Maria Lua. Mas o agressor e pai da criança raptou a bebê. Ana então se tornou a peoa Ana Raio e passou a percorrer o Brasil, frequentando rodeios --sempre em busca de sua filha. 

Em sua jornada, ela conheceu Zé Trovão (Almir Sater) e se apaixonou por ele. No entanto, Ana sofria com as armações e maldades de Dolores (Tamara Taxman), madrasta de Zé Trovão e louca por ele. 

A novela fez muito sucesso nas cidades por onde as gravações passaram, pois atraía muitos cidadãos locais para assistirem ou mesmo fazerem figuração nas cenas. Mas, no Ibope, o resultado não foi tão bom: A História de Ana Raio e Zé Trovão teve metade da média geral de Pantanal, segundo o livro Novela, a Obra Aberta e Seus Problemas.

A novela já foi reprisada pelo SBT, entre junho de 2010 e abril de 2011.


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