Com protesto de transexual, Bom Sucesso derrapa e mostra falta de fôlego; entenda

A trama de Michelly (Gabrielle Joie) na novela das sete terminará de um jeito bem parecido ao começo. Na última semana do folhetim, a personagem ainda estará protestando para poder usar o banheiro feminino da escola. A jovem, que teve trama um tanto quanto apagada, é um exemplo da falta de fôlego de Bom Sucesso em seus momentos finais.

Desde os primeiros capítulos, Michelly já brigava pelo direito de ser reconhecida como uma mulher, da forma com a qual ela se identifica e se expressa. Mas a personagem ainda enfrentava resistência entre sua família, colegas e professores na escola.

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Ao longo da novela, a jovem teve pouco destaque, sempre orbitando os rolos amorosos de Gabriela (Giovanna Coimbra), mas raramente falando sobre seus casos e questões sociais.

Agora, no capítulo que irá ao ar na próxima segunda (20), a transexual voltará a exigir respeito e o direito de usar o banheiro feminino do colégio. "Licença, diretora. Vim entregar isso aqui pra senhora. É um abaixo-assinado pedindo pra eu poder usar o banheiro feminino! Não vai ter confusão! A escola inteira assinou", comunicará.

"E também diz aí que eu quero meu nome na chamada como Michelly Almeida. Chega de Michel!", afirmará. A diretora acatará a decisão dela, e os alunos farão um evento para esperar a estudante na saída do toalete feminino. A escola toda aplaudirá a conquista. "A partir de agora, eu só uso esse banheiro!", celebrará.

Logo em seguida, um professor aparecerá e sugerirá que eles comemorem após a aula. "Professor, você é ótimo, mas se isso for uma cantada, eu aviso a diretora agora. Ainda bem. Até porque eu tenho namorado, sou descolada e dona do meu lindo nariz! Decorou?", triunfará a personagem.

Repetição e falta de fôlego

Apesar de ainda ser relevante, essa militância de Michelly tem pouca novidade. Além da repetição em relação à trama da própria Bom Sucesso, o mesmo tema do uso do banheiro feminino já foi abordado recentemente em A Dona do Pedaço (2019), com Britney (Glamour Garcia). Também foi assunto dos noticiários, com o caso de uma transexual de Maceió (Alagoas) que foi expulsa do toalete de um shopping e protestou.

Para Mauro Alencar, doutor em Teledramaturgia Brasileira e Latino-Americana pela USP (Universidade de São Paulo), no entanto, a repetição de temas relativos à comunidade trans nas novelas pode ser proposital, para incutir as ideias de diversidade e respeito no público.

"Há que se louvar a frequência crescente com a qual a Globo aborda essa temática e em todos os horários, respeitando a maneira adequada de cada faixa horária e seu respectivo público. Estão absorvendo a incorporação de novos comportamentos desvelados pelo tempo. Quanto mais atuante estiverem os diversos gêneros sexuais, mais e melhor serão representados na produção cultural", opinou. 

Mas, no caso particular de Bom Sucesso, a questão de Michelly é apenas um exemplo da repetição e aparente falta de fôlego da novela. Muitos telespectadores reclamaram, por exemplo, da enrolação com a história de Gabriela, que ficou duas semanas aguardando a doação de sangue de seu pai pilantra, Elias (Marcelo Faria). 

O caso da saúde de Alberto (Antonio Fagundes) também tem se arrastado há tempos. O idoso está com morte anunciada desde o início da novela, e as várias pequenas novidades sobre a constante debilitação da saúde dele já renderam reclamações do público.

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