Atriz de Um Lugar ao Sol escancara racismo na TV: 'Não quero falar só de escravidão'

Pathy Dejesus vê com ressalvas a evolução do audiovisual no Brasil em relação ao racismo, sobretudo no que diz respeito à televisão. Afastada das novelas há seis anos, a atriz lamenta a falta de convites para contar histórias que não passam exclusivamente pela cor de sua pele --a exemplo de Ruth, uma das vilãs de Um Lugar ao Sol.

Em entrevista ao Notícias da TV, ela reclama que ainda são poucos os autores e diretores que pensam em artistas negros para papéis que não tenham um forte marcador racial, como escravos em produções em época:

A Ruth poderia ser qualquer mulher, branca, negra ou até azul. A gente quer falar também de outras coisas, não só de escravidão. Eu também quero ser fútil, ser rica, andar de carrão, ser mau-caráter, desviar dinheiro na ficção. Da minha parte, estou feliz em poder ocupar também esse lugar.

A intérprete não esconde que ficou surpresa ao saber que a escritora Lícia Manzo e o diretor Maurício Farias não tinham um marcador racial em mente ao criar a comparsa de Túlio (Daniel Dantas).

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Eles pensaram em mim para um papel que não foi escrito necessariamente para uma mulher preta. Isso é muito raro. Em geral, sempre vem com descrição. Essa evolução vai ficar ainda mais visível quando nós tivermos mais cabeças pensantes negras nos bastidores, da criação à direção.

Não à toa, Pathy deixou de lado algumas participações menores em tramas como I Love Paraisópolis (2015) e Avenida Brasil (2012) para buscar oportunidades melhores no streaming.

Ela encontrou uma grande chance em Coisa Mais Linda (2019), da Netflix, na qual angariou elogios como a protagonista Adélia. Até então, o seu perfil na TV aberta estava mais ligado à versão apresentadora, seja como VJ na MTV ou como repórter do Vídeo Show (1983-2019).

A artista diz bater uma responsabilidade em voltar a mostrar o lado atriz justamente como antagonista de uma novela das nove. "Ao mesmo tempo, eu confio muito. No dia em que meu telefone tocou com o convite, eu sabia que era coisa boa. Eu tenho fé no trabalho que a gente produziu, certa de que fiz algo muito bom dentro do possível", arremata ela.

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