Aos 74 anos, Marieta Severo luta por Um Lugar ao Sol: 'Querem deixar velhos de fora'

Marieta Severo deixou os fios brancos fazerem a sua cabeça na pandemia de Covid-19. A atriz de 74 anos esperava se desfazer deles ao começar a gravar Um Lugar ao Sol, mas se surpreendeu ao poder emprestá-los para Noca. A cozinheira não deixa a experiência transparecer apenas nos cabelos, mas também nos conselhos que dá à neta Lara (Andreia Horta).

"O lugar da avó é especial, porque é o do afeto puro, da vivência e daquela sabedoria que vai passando de um para o outro. E a vida realmente nos ensina. A novela sabe valorizar isso, o que é muito importante, já que a tendência da sociedade é deixar os velhos de fora", pontua a intérprete ao Notícias da TV.

A cozinheira sairá de uma cidade fictícia no interior de Minas Gerais e se mudará para o Rio de Janeiro a fim de ajudar a neta a reconstruir a vida depois da morte de Christian (Cauã Reymond). Ela será uma das primeiras a perceber que o rapaz, na verdade, está vivo --e verá isso por meio das cartas do tarô.

E AGORA?

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O baralho era igualmente importante para Iná (Nicette Bruno), que o consultava para saber como aconselhar as netas Manuela (Marjorie Estiano) e Ana (Fernanda Vasconcellos) em A Vida da Gente (2011). A autora Lícia Manzo, aliás, diz que qualquer semelhança não é mera coincidência:

A figura da avó dá a oportunidade de falar de ancestralidade, de chacoalhar essa crença de que o mais velho já não tem mais o que ensinar. Talvez seja até um pouco de nostalgia, porque eu convivi muito pouco com as minhas. Tanto que também recriei o papel em Sete Vidas [2015]. Se eu fizer mais uma novela, vai ter mais uma, e assim seguirei eternamente.

Lara e Noca em Um Lugar ao Sol

Sabedoria de vida

Noca vai dar as caras nos primeiros capítulos da trama, que substitui a reprise de Império a partir da próxima segunda (8). Ela é a luz da esperança para Lara, mas também traz uma sombra dentro de si por não ter conseguido seguir em frente com os estudos por conta das circunstâncias da vida.

"Ela é uma sobrevivente do machismo e da falta de oportunidade, mas carrega esse peso com uma extrema leveza. Até pode ter pouca instrução, mas aprendeu com a vida. O conhecimento formal muitas vezes não leva à sabedoria", pondera Marieta.

A personagem, inclusive, verá no meio do caos e na mudança para a capital fluminense uma forma de acertar as contas com o passado e recomeçar. Ela não só abrirá um restaurante ao lado de Lara como também voltará para a carteira da escola.

" Ela tem uma frase ótima, de que sempre dá para ir adiante mesmo quando parece que não sobrou nada. Isso não se aplica só à vida, mas também a situação que a gente está vivendo no país", alerta.

"A Noca é uma pessoa que compreende o outro pelo coração. Ela tem empatia, uma palavra que está na boca de muita gente e que a pandemia nos obrigou a aprender na marra. Ela enxerga a causa do outro, ela toma para isso aquela luta. Ela levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima. Conviver com ela nesses tempos sombrios foi muito bom", arremata a artista.

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